Garantir os direitos da mulher e promover mais participação feminina nas gestões municipais são alguns dos objetivos da  Lei estadual nº 10.971/2019, sancionada recentemente. Aprovado pela Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) e apresentado pela deputada estadual JanaÃna Riva (DEM), o texto cria o “Selo Estadual Prefeitura Amiga das Mulheresâ€.
“Quando criei essa lei pensei justamente no fomento à s práticas de polÃticas públicas voltadas para a mulher. O selo será concedido à s prefeituras que promovam e comprovem ações ou polÃticas públicas positivas em favor da mulher mato-grossenseâ€, explica JanaÃna Riva. Temas como saúde da mulher, enfrentamento à violência contra as mulheres, erradicação do analfabetismo e elevação da escolaridade e da qualificação profissional da mulher serão avaliados. “Ter essa lei em vigor significa mais mulheres ocupando os espaços de poder, em condição de igualdade com os homensâ€, resume a parlamentar.
Além disso, a lei leva em conta a participação das mulheres em cargos e empregos públicos da gestão municipal e em fundações municipais. Uma das mulheres à frente de uma secretaria na capital, Débora Vilar está há 25 anos no serviço público e comanda a pasta de Agricultura, Trabalho e Desenvolvimento Econômico. Ela aponta que apesar das mudanças que vêm acontecendo na sociedade, ainda há predominância dos homens em cargos de chefia. “As mulheres são maioria no serviço público e elas são capazes. Ocupar um cargo deve ser questão de gestão, conhecimento e dedicaçãoâ€, argumenta Débora Vilar.
A secretária municipal indica que ainda há muita desconfiança quando mulheres conseguem uma posição de chefia. “Existem pessoas que não acreditam muito. Para a mulher é mais complicado, tem de mostrar que você é competente, dominar o assunto, mostrar que você é uma gestoraâ€, relata.
“A diferença das mulheres na administração em geral, além de ser de representatividade, ou seja, simbólica, mostrando à s futuras gerações que a presença feminina é natural em lugares de poder, também faz justiça social. Afinal, mulheres representam metade da população, e portanto, metade dos contribuintes, devendo ocupar metade dos postos de decisão em relação ao destino dos tributos que todos nós pagamosâ€, defende a presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher, Gláucia Amaral.
Ela avalia a iniciativa como positiva e destaca que as prefeituras são responsáveis por diversos serviços que devem ser garantidos para a mulher. “As creches são fundamentais para que as mães possam estudar, e muitas vezes para que as vÃtimas de violência possam se reinserir no mercado de trabalho, deixar a dependência do agressor, obtendo rendaâ€, exemplifica a presidente do conselho.
“Além disso, o serviço de assistência social das prefeituras deve estar integrado ao trabalho da segurança pública que é estadual, de modo a identificar as vÃtimas de violência e poder acompanhá-las a fim de auxiliar da interrupção do ciclo de violênciaâ€, completa Gláucia Amaral. Ela lembra ainda que as prefeituras devem oferecer atendimento de saúde, auxiliando as mulheres no acesso à métodos contraceptivos e exames preventivos a doenças como câncer de mama e colo do útero, além de ser parte importante da identificação de vÃtimas de violência.
Avaliação – A comissão avaliadora será formada por representante da ALMT, representante do Instituto Estadual Mulheres +Q Vencedoras e por um representante convidado de órgão estatal ou entidade pública ou privada que defenda os direitos das mulheres, como o Conselho Estadual dos Direitos da Mulher. Essa comissão será responsável por escolher quatro municÃpios para serem premiados, um para cada região de Mato Grosso, com base em relatórios enviados pelas prefeituras participantes à Assembleia Legislativa.
“Nós vamos checar se os projetos foram realizados de fato. Esperamos descobrir muitas ações boas que sirvam de referência dentro e fora do estado. Precisamos de boas práticas, de empoderamento, empreendedorismo femininoâ€, adianta a presidente do projeto Mulheres +Q Vencedoras em Mato Grosso, Kall Marçal.
Ela ainda ressaltou a questão da violência contra a mulher e diz que há muitos municÃpios com Ãndices altos desses crimes onde não há delegacia especializada. Segundo ela, o objetivo principal do selo é inserir mais estruturas nas administrações municipais polÃticas para as mulheres. Para Kall Marçal, é importante que todos os 141 municÃpios possuam um espaço para fazer atendimento à s diferentes questões enfrentadas pelas mulheres.