O empresário Milton Baldin, preso nessa terça-feira (6) pela Polícia Federal (PF) por incitar atos golpistas no Distrito Federal, viajou cerca 1.398 km, de Sinop até Brasília, para participar das manifestações antidemocráticas e contrárias ao resultado da eleição presidencial. Ele convocou colecionadores, atiradores esportivos e caçadores (CACs) para a diplomação de Lula em frente ao quartel do exército e o vídeo repercutiu nas redes sociais.
O empresário prestou depoimento na manhã desta quarta-feira na superintendência da PF, em Brasília, onde permanece preso. Ele deve passar por audiência de custódia durante a tarde. A prisão foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Baldin é casado, não tem filhos e vive, conforme o advogado Levi Andrade, dos serviços prestados pela escavadeira que possui para empresários de Sinop, a 503 km de Cuiabá, no meio norte de Mato Grosso, e municípios vizinhos.
Em vídeo gravado no dia 26 de novembro e divulgado nas redes sociais, Baldin pede para que pessoas que possuem armas legalizadas, como os CACs, se encaminhem à Brasília para se unir aos manifestantes. Na gravação, ele também confirma ter o certificado de atirador, o que também foi confirmado pelo advogado. O g1 aguarda posicionamento do Exército Brasileiro sobre o registro de Baldin.
“E queria também pedir aos atiradores que tenham armas legais, venham aqui mostrar presença. Se nós perdermos esta batalha, o que vocês acham que vai acontecer dia 19? Vão entregar as armas e o que vão falar? Perdeu, mané. E como nós vamos nos defender? Defender a nossa propriedade e a nossa família?”, diz em trecho do vídeo.
A data mencionada por Baldin era, até então, a diplomação de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Porém, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mudou a solenidade para o dia 12 de dezembro.
Defesa nega incitação
Ao g1, Andrade informou que a fala de Baldin foi mal interpretada e que não incitou a participação de pessoas armadas nas manifestações em frente ao quartel. Segundo a defesa, ele apenas convidou a população que tem porte de arma para ir a Brasília para lutar pelo direito de permanecer armado.
Mato Grosso em Brasília
Mato Grosso se tornou um dos principais focos das manifestações de bolsonaristas do país e a atuação não tem ocorrido apenas no estado. Conforme relatório da Polícia Civil do Distrito Federal, dos 116 caminhões flagrados em atos em Brasília, 51 eram de 28 empresas mato-grossenses.
Entre as empresas, 13 integram a lista de 43 pessoas jurídicas e físicas que tiveram as contas bloqueadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), por suspeita de financiar e organizas manifestações em Brasília e nos estados.
Entre elas, cinco fizeram doações à campanhada para reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL), como Atílio Elias Rovaris, responsável pelo repasse de R$ 500 mil.
Por Mariana Mouro, g1 MT