O presidente Jair Bolsonaro disse neste domingo (21) que o Brasil “não pode fazer propaganda contra ele mesmoâ€, ao voltar a mostrar insatisfação com o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Ricardo Magnus Osório Galvão, e a divulgação de dados que mostraram aumento do desmatamento da Amazônia.
Após Bolsonaro questionar as taxas e dizer suspeitar que o diretor do órgão está “a serviço de alguma ONGâ€, Galvão disse que ficou escandalizado com as declarações do presidente.
Neste domingo, ao ser perguntado sobre a situação, Bolsonaro mencionou que o diretor do Inpe tem mandato e que não vai “falar†com ele, tarefa que atribuiu ao ministro de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Marcos Pontes, e “talvez†ao ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.
O chefe do Executivo voltou a dizer que há uma “verdadeira psicose ambientalâ€, apontando não ser “justo†que dentro do PaÃs existam pessoas fazendo “campanha contra o Brasilâ€. Para Bolsonaro, “no mÃnimoâ€, se o dado é alarmante, o diretor do Inpe deveria procurar o ministro e discutir sobre a divulgação dos números.
“Por questão de responsabilidade, respeito, patriotismo, procurar o chefe imediato, no caso o ministro, ‘olha ministro, os dados aqui, a gente vai divulgar, devemos divulgar, o senhor se prepare, está tendo uma crise, e não de forma rasa como ele faz, simplesmente coloca o Brasil numa situação complicadaâ€, afirmou.
Bolsonaro apontou que o dado pode prejudicar o Brasil em conversas com outros paÃses, citando Estados Unidos, Coreia do Sul e Japão. “Se você faz acordo aà fora, mesmo nas franjas do acordo, entra a questão ambiental. Nós estamos conversando com os Estados Unidos, Coreia do Sul, Japão, quer dizer, um dado desse aÃ, que pode… até a maneira de você divulgar, prejudica a genteâ€, afirmou.
O presidente afirmou também que não “quer fugir da verdadeâ€, mas que os dados exibidos “pareceram muito com os do ano passadoâ€. Bolsonaro comentou que teria ficado preocupado ao considerar que os números poderiam não condizer com a verdade.
“A gente não quer fugir da verdade, mas aqueles dados pareceram muito com os do ano passado, e deu um salto, então eu fiquei preocupado com aqueles números, obviamente, e fiquei achando que eles poderiam não estar condizentes com a verdadeâ€, disse.
A polêmica com o Inpe começou com declarações de Bolsonaro um dia depois de a imprensa destacar que dados do sistema Deter-B do órgão mostraram que a área perdida de floresta até meados deste mês já é a segunda maior da série histórica, medida desde 2015.
Bolsonaro minimizou crÃticas feitas por seu filho, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), e pelo deputado Marcos Feliciano (Pode-SP), em relação aos cafés da manhã que tem realizado periodicamente com jornalistas no Palácio do Planalto. Ele afirmou que os encontros serão mantidos apesar de muita gente ser contra e elogiou o porta-voz, Otávio Rêgo Barros, responsável por organizar os encontros.
“Ele é uma pessoa que tem tratado com muito zelo, muita preocupação. Ele ajudou a me convencer para esses cafés, tive crÃticas de muitas pessoas achando que eu devia ignorar vocês. Às vezes a manchete é péssima, mas a matéria é boa, e eu tô na máxima verdade acima de tudoâ€, disse.
Carlos e Marco Feliciano afirmaram nesta semana pelo Twitter que os jornalistas tiram de contexto o que é dito pelo presidente nos encontros. “A princÃpio está mantido. Apesar de uns chatos de vocês, a gente suporta e eu acho que vale a pena. Se eu desse uma entrevista, uma pessoa poderia distorcer, mas várias, nãoâ€, disse.
Questionado sobre se pretendia mudar as regras para a indicação de presidentes de bancos públicos, Bolsonaro afirmou estar feliz com os que indicou durante o seu governo e evitou fazer outros comentários por “desconhecer a legislação†sobre o assunto. “Estou tão feliz com os que eu indiquei, que indiquei não, que eu recebi o currÃculo do Paulo Guedes, ministro da Economia. Não se mexe em time que está vencendoâ€, disse.