Favorito para assumir o Ministério da Fazenda no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) defendeu nesta quinta-feira, 8, que as despesas do governo em relação ao PIB em 2023 não podem ser menores que as de 2022. Segundo ele, isso evitaria a paralisação de programas e serviços públicos no final do próximo ano.
“O que a gente procurou passar na transição é o conceito de neutralidade fiscal. Ou seja, a despesa em proporção ao PIB de 2023 não pode ser menor que a despesa em proporção ao PIB de 2022, para que não chegue em dezembro do ano que vem com problemas de dezembro deste ano”, afirmou após reunião com o ministro da Economia, Paulo Guedes, encontro antecipado pelo Estadão/Broadcast.
Haddad afirmou que a reunião tratou de um “plano geral de voo”. “Falamos sobre muitos assuntos importantes”, disse o ex-prefeito.
Frente à expectativa de ser confirmado na Fazenda, ele voltou a defender a reforma tributária e a construção de um novo arcabouço fiscal no País, mas sem detalhar a melhor fórmula para a âncora.
O ex-prefeito ainda afirmou que o maior mérito da aprovação da PEC da Transição no Senado, na quarta-feira, é ter uma solução política para os impasses no Orçamento, que serão tratados na semana que vem entre ele e os secretários do Ministério da Economia para evitar descontinuidade de programas sociais.
De acordo com Haddad, o PT está em diálogo com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e com lideranças da Casa para garantir aprovação da PEC por lá também. “Queremos recuperar uma visão mais institucional do processo político, diminuir tensão entre poderes”, afirmou. “Estamos dialogando com o Congresso, que é parte da solução.”
Durante transmissão da Cerimônia de Premiação do XXVII Prêmio Tesouro de Finanças Públicas, Guedes afirmou nesta quarta-feira que, na ausência de apoio político para fazer as reformas tributária e administrativa, a equipe econômica deu os primeiros passos no sentido de perseguir um modelo de equilíbrio geral. “Isso ocorreu sempre na direção correta. Qualquer recuo nos passos que demos, é um erro técnico, que vai cobrar um preço”, afirmou, numa espécie de recado para o futuro governo.
Segundo o ministro, “o pessoal mais sério e competente” errou as projeções de crescimento da atividade econômica do País porque os modelos estavam desequilibrados. “Teve também muito barulho político porque era uma aliança de conservadores liberais e houve também falsas narrativas, mas sobre isso eu não vou nem perder tempo”, afirmou. Guedes disse ainda que a teoria econômica funciona mesmo em situações de profunda incerteza e que “vai ficar muito claro que deixamos regime econômico bem melhor”.
Estadão