A equipe econômica negocia a inclusão dos policiais militares e dos bombeiros na reforma da Previdência por meio do projeto de lei que trata das regras das Forças Armadas. A articulação já tem o apoio de governadores e de representantes das próprias categorias.
Em troca do endurecimento das regras de inatividade, porém, os PMse bombeiros querem a garantia de que passarão para a reserva com salários integrais e reajustes iguais aos da ativa – as chamadas integralidade e paridade – e almejam também alÃquotas menores de contribuição.
Os governos estaduais ficaram de fora da reforma da Previdência, que atingia os civis e também vinculava os PMs e bombeiros à s regras das Forças Armadas, porque a Câmara dos Deputados resistiu em assumir o ônus polÃtico no lugar de governadores.
Caso a articulação avance desta vez, os militares estaduais serão reincluÃdos diretamente no projeto de lei. Os PMs e bombeiros respondem por cerca de um terço do déficit previdenciário dos Estados, que chegou a R$ 101 bilhões no ano passado.
No envio do projeto sobre as Forças Armadas, quando ele ainda tinha alcance sobre Estados, o governo estimou economia potencial de R$ 52 bilhões em uma década para os governadores.
Os números agora podem mudar porque o governo está pesando as demandas das categorias. Segundo uma fonte da equipe econômica, alguns estados não têm mais integralidade e paridade para PMs e bombeiros, direito que seria resgatado por essa negociação.
Tempo de serviço
Em contrapartida, o governo quer equiparar as regras de aposentadoria dos militares. O projeto de lei eleva de 30 anos para 35 anos o tempo de serviço necessário para a reserva no caso dos futuros militares.
Quem já está na carreira, porém, paga só um “pedágio†de 17% sobre o tempo que falta hoje para chegar aos 30 anos. A mudança representaria um ganho porque hoje há Estados que exigem menor tempo de serviço para a reserva remunerada.
Outra proposta da equipe econômica é que não haja mais promoção na carreira quando o militar estadual migra para a reserva. O governo também quer que PMs, bombeiros e seus pensionistas que ganham abaixo do teto do INSS(R$ 5.839,45) recolham a contribuição mensal para bancar as pensões militares.
O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Oliveira, esteve nesta terça-feira, 17, na comissão especial do projeto dos militares para tratar da negociação.
Segundo ele, o presidente Jair Bolsonaro firmou um “compromisso†de estabelecer a simetria entre os militares dos Estados e os das Forças Armadas. Segundo apurou o Estadão/Broadcast, os governos de São Paulo, Rio e Minas já indicaram à equipe econômica que apoiam a proposta. Eles estão entre os que têm os maiores déficits previdenciários.
O relator da proposta, deputado Vinicius Carvalho (PRB-SP), disse que a inclusão dos militares estaduais tem apoio dos integrantes da comissão especial e pode enfrentar menor resistência que a reforma principal porque a tramitação no colegiado é de caráter conclusivo, ou seja, uma vez aprovado, o texto poderá ir diretamente ao Senado. A exceção é se houver recurso no plenário da Câmara.
A equipe econômica ainda está fazendo os cálculos para ver se a proposta é viável para os Estados, uma vez que há “ônus e bônus†para as categorias. Segundo o ministro-chefe da Secretaria-Geral é preciso que o plano seja “exequÃvel†para os governadores, que estão sob péssimas condições financeiras.
AlÃvio
Caso os militares sejam incluÃdos também na mudança de alÃquotas os PMs e bombeiros teriam um alÃvio, uma vez que Estados cobram porcentuais de 11% a 14%, enquanto a contribuição das Forças Armadas ficará em 10,5%. No entanto, ainda há dúvidas se a proposta poderá ter alcance também sobre as alÃquotas, ou se elas precisam ser definidas individualmente pelos Estados.
O comandante-geral da PM de São Paulo, coronel Marcelo Salles, disse que tem feito um périplo por gabinetes ministeriais e na Câmara dos Deputados em defesa da inclusão dos militares estaduais na reforma. “Você não pode criar duas categorias de militares com o mesmo ônus e com compensação diferenteâ€, disse ele, classificando a integralidade e paridade como “contrapartida†à s peculiaridades da carreira.
O chefe de gabinete do Comando-Geral da PM-SP, coronel Nelson Guilharducci, admitiu que os PMs temem perder o direito à integralidade e à paridade, e que a vinculação seria uma forma de manter o benefÃcio. Mas ele ressalta que a categoria está disposta a fazer concessões.