Home Estaduais Sintep diz que aulas virtuais contar como carga horária é uma ameaça ao direito à Educação

Sintep diz que aulas virtuais contar como carga horária é uma ameaça ao direito à Educação

7 min ler
0

O Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep/MT) alerta para o descumprimento constitucional dos governos ao direito à educação. Na semana passada, dia 28 de abril, a decisão do Conselho Nacional de Educação (CNE) de considerar aulas virtuais da rede pública de Educação Básica, como carga horária escolar, gerou muito debate e insatisfação por parte de profissionais e entidades de defesa da Educação.

As aulas à distância, apresentada como proposta de auxiliar a aprendizagem dos estudantes durante suspensão as aulas, apresentam inúmeras dificuldades. Parte significativa de educadores e estudantes continuam alheio a ferramenta, dada as dificuldades tecnologias, a falta de acesso à internet e, até mesmo, aos materiais impressos.

Direito

“A garantia da democratização do acesso à Educação Pública e de qualidade, encontra-se extremamente ameaçado”, acredita a professora mestre em Educação, Patrícia Oliveira. Professora da rede estadual de Ensino, em Mato Grosso, relata que atuou em escolas que sequer podia pedir pesquisas, porque os estudantes não tinham acesso à internet, tampouco computador em casa. Para Patrícia Oliveira, a proposta de Ensino à Distância do governo, fere o direito de todos de terem acesso à Educação.

Segundo a professora, os gestores desconhecem a realidade dos estudantes mato-grossenses. “Compreendo que o momento causa muita angústia em todos nós, pais, estudantes, profissionais da Educação, contudo não podemos aceitar que a Educação se torne uma mercadoria enlatada distribuída via Web e, que tampouco, chegará a todos”, disse.

O professor Emanoel Nogueira acredita que a crise sanitária apresentada pelo Covid-19, escancarou no cenário mundial realidades escondidas de parcela da população, e a Educação foi uma delas. Para ele, a “solução” apresentada pelos governos com aulas em EaD retrata o desconhecimento da complexidade da modalidade, até mesmo para aqueles já fazem uso dela por opção. O professor atua com Educação de Jovens e Adultos (EJA). Diante da sua experiência questiona como será feito o acompanhamento desses estudantes e como será acompanhada a aprendizagem individual? .

Tecnologias

“Por mais que a Educação discuta possibilidades de ensinar e aprender, as políticas públicas brasileiras não conseguem acompanhar o seu desenvolvimento, ou ainda pior, tentam implementar concepções de forma capenga, absurda e irresponsável”, destaca outro professor mestre, com vivência no ensino privado e na rede pública, Antônio Alves de Oliveira Neto.

Antônio Oliveira fez sua pesquisa de mestrado no uso de aplicativos e redes sociais em sala de aula. Intitulada “Professor, posso usar o celular?”, a dissertação revelou que utilizar a tecnológica como única forma de aprendizagem é uma decisão “irresponsável, descabida e cruel com todos os envolvidos”.
Segundo o professor, é pífio o argumento de que se importam com a Educação dos estudantes. Para ele, a forma que se apresenta se trata de “embromação pedagógica” com a fachada de revolução tecnológica fazendo brilhar os olhos da politicagem. Apesar disso, acredita ser possível adotar este modelo de ensino com qualidade, se superados os chamados gargalos. “Necessita de formação, estrutura e objetivos bem definidos”, cita.

Para o professor, impor a educação à distância nas atuais circunstâncias é um equívoco. “É possível aprender à distância, mas há tantos desafios atuais que vejo não ser prudente ‘forçar essa barra’. Querer crianças lendo e escrevendo, ou adolescentes prontos para avaliações, ou ainda pior, adultos da EJA manuseando portais com toda a dificuldade que estes têm com o uso das tecnologias, nem de longe parece ser a opção mais prudente, tampouco coerente com a própria filosofia de Educação defendida pelo Estado de Mato Grosso”.

Carregue mais postagens relacionados
Carregue mais por Porto Notícias
Carregue mais em Estaduais
Comentários estão fechados.

Verifique também

Mulher procura pelo irmão João Ferreira Azevedo que segundo informações pode morar em Porto dos Gaúchos

Eva Ferreira Azevedo que mora em Cuiabá, entrou em contato com a redação pedindo ajuda par…