Em depoimento à Polícia Federal nesta quinta-feira (2), em Brasília, o senador Marcos do Val (Podemos-ES) disse que o ex-deputado Daniel Silveira, em reunião com a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), pediu a ele que participasse de um plano para gravar uma conversa com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes que levaria à anulação das eleições e à prisão do magistrado.
A intenção, segundo o parlamentar, era que ele usasse uma escuta e conduzisse uma conversa com Moraes “de maneira que o ministro falasse algo no sentido de ultrapassar as quatro linhas da Constituição”. A reunião teria ocorrido em 9 de dezembro.
O senador disse ainda que Silveira afirmou que “talvez fosse empregada estrutura do GSI [Gabinete de Segurança Institucional] ou Abin [Agência Brasileira de Inteligência]” e que haveria um carro equipado para fazer a captação e gravação do áudio. Do Val disse que Bolsonaro ficou calado na maior parte da reunião, mas que “em nenhum momento o ex-presidente negou o plano nem mostrou contrariedade”.
Segundo o parlamentar, Bolsonaro se manifestou apenas quando ele pediu “alguns dias” para pensar na proposta feita por Silveira. O ex-chefe do Executivo federal teria se limitado a dizer que aguardaria o retorno.
Marcos do Val confessou que, depois da reunião, “mandou uma mensagem ao ministro Alexandre de Moraes no sentido de que a conversa foi esdrúxula e criminosa”. Ele afirmou que se encontrou com o ministro em 13 de dezembro para dizer que havia negado participação no plano de Silveira. Moraes teria reagido com “expressão de surpresa pelo absurdo da situação”.
8 de janeiro
O parlamentar disse ainda que não tinha conhecimento dos atos extremistas de 8 de janeiro na data, mas que soube posteriormente que “a Abin comunicou ao GSI sobre a possível invasão das sedes dos Três Poderes, e esse aos demais órgãos de inteligência e ao ministro da Justiça [e Segurança Pública] desde o dia 2 de janeiro de 2023”.
Marcos do Val afirmou à Polícia Federal que “a difusão [dessa informação] foi feita em um aplicativo de mensagens que congrega 48 (quarenta e oito) agências de inteligência” e que “faziam parte o secretário de Segurança Pública do DF, o comandante-geral da PMDF [Polícia Militar do Distrito Federal] e o ministro da Justiça [e Segurança Pública]”.
Bolsonaro
Questionado sobre a fala dele em vídeo publicado em uma rede social em que diz que Bolsonaro o teria “coagido”, o senador disse que “estava com raiva dos ataques que estava sofrendo dos bolsonaristas” e que “não foi coagido por qualquer pessoa”. Ele afirmou ainda que não houve “nenhum tipo de ameaça” após a publicação do material.
Sobre a minuta de golpe de Estado encontrada na casa do ex-secretário de Segurança Pública do DF Anderson Torres para tentar mudar o resultado da eleição presidencial, o parlamentar disse que tomou conhecimento “apenas pela mídia”.
R7