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Hacker da ‘Vaza Jato’ diz que Zambelli foi a responsável por falso decreto de prisão de Moraes após as eleições

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Walter Delgatti afirmou que a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) escreveu o decreto falso do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que pedia a própria prisão. A declaração foi feita nesta quinta-feira (17) durante o depoimento do hacker da “Vaza Jato” na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro. O R7 entrou em contato com a assessoria da parlamentar e aguarda respostas.

O texto, inserido pelo hacker no sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), continha uma série de ironias em relação à atuação de Moraes como presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O Banco Nacional de Mandados de Prisão recebeu o documento falso e, após o episódio, foi aberta uma solicitação de investigação à Polícia Federal (PF).

A própria invasão teria sido um plano de Zambelli para “mostrar a fragilidade do sistema judiciário”. “A deputada me enviou o texto pronto e eu corrigi alguns erros, contextualizei e publiquei a decisão”, disse o hacker.

Delgatti afirmou que teve acesso não só ao sistema do CNJ, mas de todos os tribunais brasileiros, incluindo do TSE, durante quatro meses. No período, ele conseguia acessar todos os processos, decisões e senhas de juízes.

40 mil de Zambelli

O hacker também confirmou que, ao longo do processo de serviço à deputada, ele ganhou R$ 40 mil. A informação também foi dada durante depoimento a agentes da Polícia Federal nesta quarta (16).

O advogado de Delgatti Neto, Ariovaldo Moreira, afirma que R$ 14 mil foram pagos em depósito e que o restante do valor teria sido em espécie.

A assessoria da parlamentar disse que só vai se manifestar depois de ter conhecimento integral do conteúdo dos autos.

“Porém, [a defesa] reforça e rechaça qualquer acusação de prática de conduta ilícita e imoral pela parlamentar, inclusive, negando qualquer tipo de pagamento ao mencionado hacker”, afirma em nota.

Entenda
O hacker tem direito de ficar em silêncio após uma decisão do ministro do STF Edson Fachin, mas está respondendo aos questionamentos dos parlamentares. “O direito ao silêncio confere à pessoa, independente se investigada ou testemunha, que comparece perante qualquer dos Poderes Públicos a prerrogativa de não responder a perguntas cujas respostas, em seu entender, possam incriminá-la”, afirmou Fachin.

A convocação de Delgatti à CPMI foi um pedido da ala governista e foi aprovada um dia depois de sua prisão. Na época, a base do governo afirmou que Delgatti tem “envolvimento na promoção dos atos criminosos contra a democracia e as instituições públicas brasileiras”. Por se tratar de uma convocação, Delgatti era obrigado a comparecer à comissão.

Histórico
Delgatti foi preso no início de agosto, no interior de São Paulo. No mesmo dia de sua prisão, foram cumpridos mandados de busca e apreensão em endereços ligados a Zambelli, por suspeita de ela ter contratado o hacker para executar os crimes.

Em 2019, Delgatti foi preso por suspeita de “grampear” autoridades brasileiras e admitiu ter fornecido dados de conversas entre o ex-juiz e hoje senador Sergio Moro (União-PR) e procuradores da Operação Lava Jato, em um escândalo conhecido como “Vaza Jato”, que teve entre as principais consequências a anulação das condenações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em outubro de 2020, o hacker ganhou liberdade condicional.

R7

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