Após facilitar a posse, o governo Jair Bolsonaro prepara uma medida provisória que abrirá prazo para o recadastramento de armas em situação irregular e estuda reduzir imposto para o comprador. A ideia é também mobilizar apoio no Congresso para tentar aprovar projeto que flexibiliza o porte dos armamentos, ou seja, para que o cidadão possa andar armado.
A MP deve ser assinada até o fim do mês e, segundo o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, permitirá que o cidadão recadastre a arma, mesmo que ela nunca tenha sido regularizada, até 31 de dezembro. O texto deverá trazer a possibilidade de o prazo ser estendido por um ano se houver necessidade. O recadastramento, feito após a aprovação do Estatuto do Desarmamento, terminou em 2009.
Onyx negou que a medida possa caracterizar anistia a armas irregulares. “Não se trata de anistia. Se trata de o Estado abrir novo prazo para as pessoas se recadastrarem. No governo do PT ninguém nunca chamou de anistia, por que vai chamar no governo do Bolsonaro?â€, questionou.
Para ele, as pessoas deixam de renovar os registros de suas armas por entraves burocráticos, logÃsticos e financeiros. “Com a simplificação e a reabertura, deve haver uma regularização como nunca houve no Brasilâ€, disse. O ministro explicou que mesmo as armas que nunca foram registradas poderão ser cadastradas sem punições, desde que o calibre seja permitido.
Por meio de rede social, o presidente Jair Bolsonaro escreveu nesta terça que a mudança para facilitar a posse é “apenas o primeiro passoâ€: “Por muito tempo, coube ao Estado determinar quem tinha ou não direito de defender a si mesmo, à sua famÃlia e à sua propriedade. Hoje, respeitando a vontade popular manifestada no referendo de 2005, devolvemos aos cidadãos brasileiros a liberdade de decidirâ€.
Congresso
Onyx informou que o governo estuda agora medidas que serão apresentadas ao longo dos próximos meses para flexibilizar o porte de armas, a abertura de mercado para elas e questões especÃficas que envolvem colecionadores, atiradores e competidores.
De acordo com o ministro, o porte em propriedade rural já é objeto de projetos no Senado – a ideia é que tramitem em regime de urgência. Em relação à s áreas urbanas, Onyx afirmou que os Ministérios da Defesa e da Justiça e Segurança e a Casa Civil estão realizando estudos e analisando a legislação para encontrar espaços para uma regulamentação, seja via legislativa ou Executivo, por decretos.
Reportagem publicada pelo Estado nesta terça mostrou que entre 2003 e 2018 foram apresentados 362 projetos de lei com intenção de alterar o estatuto; 187 seguem em tramitação, segundo dados do Instituto Sou da Paz.
Sobre a possibilidade de se abrir o mercado para outras marcas de armas – hoje há um monopólio da Taurus -, Onyx afirmou que o tema está em estudo e defendeu a instalação de fábricas no Brasil. “Essa é uma condicionante para a competição, então, o governo pensa um pouco nesta linha de atrair e poder receber aqui novas fábricas.†O ministro disse ainda que o governo estuda reduzir o imposto para o comprador, mas não soube especificar como isso poderá ser feito.