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O Estado de Mato Grosso do Norte para chamar de seu

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Sem nenhuma afinidade ou identidade. Assim é a relação de Cuiabá com o Nortão, região que sonha em transformar-se em Mato Grosso do Norte.

Nortão, sem Boa Esperança do Norte, que ainda não foi instalado

Organizado socialmente a pouco tempo, o Nortão é uma das regiões mais promissoras do Brasil. Com 36 municípios, belas cidades com qualidade de vida, contando com boa infraestrutura rodoviária, respondendo por um em cada três dólares exportados por Mato Grosso, considerado um dos polos da política de segurança alimentar mundial, uma vez criado sobre a base territorial do Nortão, Mato Grosso do Norte instalará sua capital em Sinop, cidade com 216 mil habitantes e uma elevada taxa de crescimento.

O sonho com Mato Grosso do Norte sempre povoou o pensamento coletivo no Nortão. No começo dos anos 2000 aconteceu uma enxurrada de projetos de decretos legislativos (PDC), no Congresso, para sua criação, e também dos estados do Araguaia e Aripuanã, e do Território Federal do Pantanal englobando área de Mato Grosso do Sul. Os pedidos de emancipação do Nortão levaram, isoladamente, as chancelas do então deputado federal e agora senador Wellington Fagundes (PL), do à época deputado federal Rogério Silva (PPS) e do senador Mozarildo Cavalcanti (PPB/RR); a proposta para a criação do Território do Pantanal partiu de Fernando Gabeira (PV/RJ), que era deputado federal.

Para quem não conhece o Nortão ou desconhece sua realidade, pode parecer utópico a criação de Mato Grosso do Norte, que é uma fabulosa região, mas pouco divulgada nacionalmente, muito embora alguns de seus municípios sejam conhecidos até no exterior, a exemplo de Sorriso, que é o maior produtor mundial de soja, e Sinop, cidade com um quê de sedução.

O Nortão, se elevado a Estado, terá condições de manter seu desenvolvimento e sem correr o pires para Brasília ou Cuiabá. Suas grandes carências são comuns a Mato Grosso: falta de tratamento de esgoto e saúde; somente Cláudia tem bom desempenho em saneamento, mas o cenário da região não é tão caótico quanto a falta de esgoto em Cáceres, e de água em Várzea Grande. A saúde permanece relegada nacionalmente.

A emancipação exige liderança no Congresso, onde o Nortão tem apenas dois representantes: o senador licenciado Carlos Fávaro (PSD), que ocupa o Ministério da Agricultura, e o deputado federal Juarez Costa (MDB); Fávaro é domiciliado em Lucas do Rio Verde e Juarez em Sinop.

O vice-governador Otaviano Pivetta (Republicanos) é de Lucas do Rio Verde, e no cargo, desde que assuma a bandeira para a emancipação, poderá ser útil.

Desde os anos 1970, quando o colonizador Ênio Pipino implantou Sinop, no Nortão, aquela região passou a despertar interesse em cidadãos que sonhavam com dias melhores e oportunidade para vencer na vida. Os fluxos migratórios nunca pararam. Sinop, a principal cidade da área, emancipou-se em 1979 e foi instalada no ano seguinte, quando tinha 19.891 habitantes: à época, a população cuiabana era de 212.984 residentes. Transcorridos 44 anos, Sinop tem um terço dos 682.932 cuiabanos, sendo que no período a cidade do Nortão cedeu áreas e consequentemente seus moradores para a criação de vários municípios.

CIDADES – O processo de ocupação do vazio demográfico no Nortão é relativamente novo. Porto dos Gaúchos, a primeira cidade da região, fundada pelo empresário gaúcho Guilherme Meyer, emancipou-se em 11 de novembro de 1963.

Sinop, Colíder e Alta Floresta ganharam autonomia administrativa em 1979 graças à atuação parlamentar do então deputado estadual Osvaldo Sobrinho, que propôs a emancipação das três, o que foi sancionado pelo governador Frederico Campos.

Quem mais emancipou cidades na região foi o ex-governador Júlio Campos, agora deputado estadual, que criou Marcelândia, Novo Horizonte do Norte, Sorriso, Vera, Cláudia, Itaúba, Nova Canaã do Norte, Peixoto de Azevedo e Terra Nova do Norte. Itanhangá e Ipiranga do Norte foram instalados em 1ª de janeiro de 2001. Santa Rita do Trivelato e Nova Santa Helena ganharam autonomia em 1º de janeiro de 2005. Boa Esperança do Norte será instalado em 1º de janeiro de 2025.

Algumas cidades tiveram formação espontânea, outras surgiram do garimpo de ouro, mas a maioria foi colonizada por visionários, e dentre eles: Guilherme Meyer (Porto dos Gaúchos); Ênio Pipino  (Sinop, Cláudia, Vera e Santa Carmem); Ariosto da Riva (Alta Floresta, Paranaíta e Apiacás); Zé Paraná (Juara e Tabaporã); Norberto Schwantes (Terra Nova do Norte e Nova Guarita); Claudino Francio (Sorriso); Irmãos Bedin (Itaúba); Gervásio Azevedo (Nova Monte Verde); José Aparecido Ribeiro (Nova Mutum); Antônio Debastiani (Feliz Natal); José Kara José (Novo Horizonte do Norte); Daniel Meneghel (Nova Bandeirantes); Filinto Corrêa da Costa, Benedito Mário Tenuta e Sérgio Leão Monteiro (Tapurah), Raimundo Costa Filho (Colíder e Nova Canaã do Norte); Hermínio Ometto (Matupá); e Manoel Pinheiro (Nova Ubiratã).

GUARANTÃ DO NORTE – Executor do Incra num projeto de colonização no Vale do Peixoto, o cearense José Humberto Macêdo entusiasmou-se com as levas de sonhadores que chegavam e pediu autorização ao presidente do Incra, Paulo Yokota, para fundar uma cidade às margens da BR-163. O sinal verde foi dado, o arquiteto do Incra Sérgio Antunes de Freitas planejou e elaborou um projeto urbanístico e, assim, em 2 de junho de 1981, nascia a vila de Cotrel – primeiro nome de Guarantã do Norte. Foram abertas duas ruas no KM 725 – o começo de uma grande cidade.

José Humberto é cartorário e foi prefeito de Guarantã do Norte.

INCRA – Algumas cidades foram criadas pelo Incra, para suporte ao programa de reforma agrária.

Fazenda Vale do Arinos, município de Tapurah, 12 de agosto de 1994. O pesadelo vira sonho. Sonho bom para 1.149 famílias de Lucas do Rio Verde, Diamantino e Tapurah, que um dia antes desmontaram suas barracas de lona plástica defronte ao Incra, em Cuiabá, e chegaram ao Projeto de Assentamento Tapurah/Itanhangá, numa área do Incra em Tapurah. Esse foi o embrião de Itanhangá.

O vento soprava forte no cerrado quando as famílias desembarcavam. Antes da chegada, peregrinaram por 30 dias num acampamento na fazenda São João, em Diamantino, até serem despejadas em 9 de maio de 1994. De lá, um grupo foi para Cuiabá e montou barracas na porta do Incra. Negocia dali, negocia daqui e o assentamento em Itanhangá saiu do papel. Virou realidade. Virou vila em 12 de agosto daquele ano e cidade em 29 de março de 2000 por uma lei sancionada pelo governador Dante de Oliveira, oriunda de projeto do deputado José Riva aprovado pela Assembleia Legislativa. Itanhangá pertence à comarca de primeira entrância de Tapurah.

 

ECONOMIA – A diversificação econômica é grande. A agroindústria com esmagamento de soja, produção de etanol de milho, descaroçamento de algodão, frigoríficos bovinos e de aves, curtumes e beneficiamento de arroz, responde por parte da economia. Alguns municípios são polo de extração de ouro. Peixoto de Azevedo é sede da cooperativa Coogavepe, presidida por Gilson Camboim, que é a maior do Brasil, e que tem base de atuação em sete municípios, onde seus sete mil garimpeiros cooperados extraem 40 kg de ouro anualmente, com renda em torno de R$ 2 milhões.

Algumas cidades são polos universitários e em Sinop há um movimento pela transformação do campus da Universidade Federal (UFMT) em Universidade Federal de Sinop.

Na área da saúde o Nortão é deficitário, porém não tanto como a área que seria remanescente em Mato Grosso. Há atendimento médico para pacientes do SUS em unidades com abrangência regional em Sinop, Colíder, Sorriso e Alta Floresta.

Nos primórdios da colonização da região, a Irmã Adelis criou o Hospital da Malária, em Matupá, onde atendia, sobretudo, garimpeiros de ouro, vítimas da malária, que era endêmica na região.

Milhares de garimpeiros, sobretudo do Nordeste e do Pará, arriscavam a sorte nos garimpos de ouro no extremo Norte de Mato Grosso, onde praticamente havia vácuo do Estado em todas as suas esferas. Irmã Adelis atendia não somente os que contraíam malária, mas, também, os feridos nos tiroteios tão comuns à época.

Sem o Estado, Irmã Adelis era o caminho natural na região. Mais tarde, a construção de hospitais regionais criou condições de atendimento, mas o grande médico da região ainda é o Dr. Ambulância.

O médico mais antigo no Nortão e em atividade é Jorge Yanai, em Sinop; Yanai foi deputado estadual e o primeiro senador brasileiro de origem japonesa.

Em Alta Floresta o médico Mário Nishikawa foi a referência médica naquela e nas vizinhas cidades de Paranaíta, Apiacás e Carlinda; Nishikawa morreu vítima da covid.

A Penitenciária Ferrugem, em Sinop, é uma das maiores de Mato Grosso.

O Corpo de Bombeiros Militar tem unidades em Sinop, Sorriso, Nova Mutum, Lucas do Rio Verde, Colíder, Alta Floresta e Guarantã do Norte.

A movimentação da aviação executiva e da aviação agrícola são intensas.

Os voos comerciais, regionais, são facilitados pelos aeroportos com pistas asfaltadas em Sinop, Sorriso, Lucas do Rio Verde, Nova Mutum, Matupá, Juara e Alta Floresta – a maior pista de Mato Grosso.

Os municípios têm acesso pavimentado. A infraestrutura em rodovias é boa. Está em obras uma ponte com 1.360 metros – a maior de Mato Grosso – sobre o rio Juruena, no limite de Cotriguaçu (Chapadão do Parecis) e Nova Bandeirantes. Essa ponte e a pavimentação de dois trechos permitirão a ligação da região de Juína com Guarantã do Norte, à margem da BR-163, na divisa com o Pará.

O Nortão terá um considerável ganho logístico com a construção da Ferrogrão, a ferrovia que ligará Sinop ao porto de Miritituba, no rio Tapajós, em Itaituba (PA). O trajeto é de 933 km paralelo ao rio Tapajós e à BR-163, mas a obra ainda depende do sinal verde do governo federal.

Com a Ferrogrão o Nortão reduzirá o custo de frete das commodities agrícolas que exporta pelas hidrovias do Tapajós e do Amazonas. Em termos de logística, Sinop dista 933 km de Miritituba e 2.350 km do porto de Santos, via Rondonópolis, com 750 km por rodovia e 1.600 pelo trem da Fico. Ainda é preciso que se tenha em conta que a Hidrovia do Amazonas está na Linha do Equador, o centro do mundo, ao passo que os embarques em Santos têm que navegar pela costa até a foz do Amazonas e somente a partir dali Santos e Miritituba terão rota em comum.

O produtor rural Munefumi Matsubara foi quem primeiro cultivou soja no Nortão, e investiu mais de um milhão de dólares em busca cultivares que se adaptassem ao solo e ao clima da região; os experimentos de Matsubara foram feitos na fazenda Progresso, de sua propriedade, em Sorriso, próxima ao limite com Lucas do Rio Verde.

Décadas depois da iniciativa de Matsubara, o governo federal instalou a Embrapa Agrossilvipastoril em Sinop, onde o agrônomo e pesquisador Ângelo Maronezzi desenvolve cultivares de arroz.

ENERGIA – O Nortão é autossuficiente na geração e exporta energia de origem hidráulica. A maior hidrelétrica (UHE) de Mato Grosso é a Usina Teles Pires, no rio do mesmo nome, na divisa com o Pará.

Com cinco turbinas essa UHE gera 1.820 MW, energia suficiente para a demanda residencial de 5 milhões de consumidores. Seu reservatório tem 95 km² e o rio sofre represamento em 70 quilômetros. A altura máxima é de 80 metros com queda bruta de 59 metros e extensão de 1.650 metros. Seu raio direto tem 84% em Paranaíta e 16% em Jacareacanga (PA).

A usina dista 85 quilômetros de Paranaíta e recebeu financiamento de R$ 5 bilhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Estima-se que cinco mil operários e técnicos trabalharam em sua construção.

Seu reservatório tem 95 km² e o rio sofre represamento em 70 quilômetros. A altura máxima é de 80 metros com queda bruta de 59 metros e extensão de 1.650 metros. Seu raio direto tem 84% em Paranaíta e 16% em Jacareacanga (PA).

A usina dista 85 quilômetros de Paranaíta e recebeu financiamento de R$ 5 bilhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Estima-se que cinco mil operários e técnicos trabalharam em sua construção.

Onde fica

Nova Mutum

Mato Grosso do Norte será consolidado institucionalmente no Nortão, que se espalha por uma área da Amazônia Mato-grossense situada abaixo do Paralelo 13 até as divisas com Pará e Amazonas e delimitada pela margem esquerda do rio Xingu e alguns de seus formadores, e pela direita do rio Arinos até sua foz no Juruena, prosseguindo por esse rio em sua margem direita até o encontro das águas com o Teles Pires, onde começa o Tapajós. No tocante aos municípios banhados pelo Arinos, para efeito de limites consideram-se como partes integrantes do Nortão somente os que têm sede em sua margem direita. A base territorial da região tem 36 municípios: Sinop, Marcelândia, Cláudia, Porto dos Gaúchos, Tabaporã, Alta Floresta, Itanhangá, Vera, Apiacás, Nova Guarita, Carlinda, Novo Mundo, Feliz Natal, Novo Horizonte do Norte, Guarantã do Norte, União do Sul, Ipiranga do Norte, Itaúba, Juara, Lucas do Rio Verde, Matupá, Nova Bandeirantes, Paranaíta, Nova Canaã do Norte, Boa Esperança do Norte, Sorriso, Tapurah, Nova Mutum, Nova Santa Helena, Peixoto de Azevedo, Santa Carmem, Nova Monte Verde, Colíder, Santa Rita do Trivelato, Nova Ubiratã e Terra Nova do Norte.

Na área do Nortão com 235.518,785 km² Mato Grosso do Norte nasceria maior que 14 unidades da federação: Roraima, Paraná, Acre, Ceará, Amapá, Pernambuco, Santa Catarina, Paraíba, Rio Grande do Norte, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Alagoas, Sergipe e o Distrito Federal, e se divide em dois ciclos históricos. Um de vazio demográfico anterior à rodovia BR-163 e outro após sua construção nos anos 1970.
Com a divisão territorial Mato Grosso seria reduzido de 903.207 km² para 667.687 km², mas mesmo assim permaneceria na condição de terceiro maior estado, acima de Minas Gerais, com 586.521 km².

O maior município de Mato Grosso do Norte seria Juara, com 22.632,713 km² seguido por Apiacás, com 20.489,024 km². O menor, Novo Horizonte do Norte, com 920,048 km², e na ordem crescente, Nova Guarita, com 1.121,091 km². A média territorial dos municípios seria de 6.542 km².

POPULAÇÃO – Mato Grosso do Norte teria 931.201 habitantes, com média de 25.866 habitantes por município. A população de Mato Grosso é de 3.836.399 residentes e com a divisão cairia para 2.935.198. A relação dos maiores municípios é composta por Sinop, com 216.029 habitantes, Sorriso (120.985), Lucas do Rio Verde (92.256), Alta Floresta (61.291), Nova Mutum (61.223), Juara (35.899), Peixoto de Azevedo (33.599), Colíder (32.010), Guarantã do Norte (31.328) e Matupá (21.415), e do outro lado da tabela, em ordem crescente, Novo Horizonte do Norte (3.307), Santa Rita do Trivelato (3.463), União do Sul (3.897), Nova Santa Helena (4.431) e Nova Guarita (4.579).

MULHERES –  A referência feminina no Nortão é a Irma Adelis, mas outras mulheres contribuíram e contribuem com o crescimento daquela região.

Quem viajava da recém-criada vila de Porto dos Gaúchos para Cuiabá e vice-versa tinha parada obrigatória na Pensão da Baiana, onde a pioneira na região, Rosalina de Jesus Maciel – a Baiana – a todos atendia e seu trabalho ganhou reconhecimento: a rodovia MT-338 recebeu o nome de Estrada da Baiana.

A primeira prefeita reeleita em Mato Grosso foi a professora Silda Kochemborger, em Apiacás; feito depois repetido em Alta Floresta por Maria Izaura Dias Alfonso. Sinop, o quarto maior município de Mato Grosso e o principal da região, foi administrado por Rosana Martinelli (PL), ora segunda suplente do senador Wellington Fagundes (PL). Carmem Duarte foi prefeita de Porto dos Gaúchos.

De Nova Mutum, Ana Tiemi Takagui foi o primeiro nome de Mato Grosso a vestir a camisa da Seleção Brasileira de Vôlei. Levantadora consagrada mundialmente, Ana Tiemi tem um histórico invejável no vôlei.

Linda como ela só, Josiane Kruliskoski, de Sinop, foi eleita Miss Brasil em 2000, com os jurados e o público ao seus pés reverenciando sua beleza, charme e simpatia.

Em 1980, atendendo pedido da irmã Glícia Maria Barbosa da Silva, de Mundo Novo, em Mato Grosso do Sul, o Incra destinou 211 mil hectares na região do rio Nhandu, onde mais tarde surgiriam os municípios de Novo Mundo e Guarantã do Norte, para assentar cerca de 600 colonos daquele município e outros brasileiros que ocupavam ou eram proprietários de terras no Paraguai, os chamados brasiguaios.

Divisor das águas dos rios Xingu e Teles Pires, 15h do dia 11 de agosto de 1979. Na clareira aberta pelo colonizador Ênio Pipino para a implantação daquela que seria a cidade de Cláudia, nasce sem médico e sem parteira o primeiro bebê da região: Cláudia Neuza da Silva, filha do casal Maria Aparecida e Leonardo Ortolani.

O nome Cláudia é agradecimento dos pais a cidade homônima que ajudaram a construir nos confins da Amazônia Mato-grossense. O lugar, por sua vez, recebeu a denominação dada por Ênio Pipino, que era fã da atriz ítalo-tunisiana Claude Josephine Rose Cardinale, filha de um casal siciliano, que virou musa, sex symbol e estrela de Hollywood adotando o nome artístico de Claudia Cardinale.

Tantas outras mulheres participaram e participam da construção do Nortão, a exemplo de Nilza de Oliveira Pipino, Carmen Martines, Hilda Strenger Ribeiro, Dona Nilza Paraná, Terezinha Carrara, Sineia Abreu, Baiana Heller, Solange Kreidloro, Bia Sueck Lemes e Rose do Tradição.

ÍNDIGENAS – Tanto no Nortão quanto em qualquer outra região da Amazônia e do Centro-Oeste não há segurança jurídica para a terra, inclusive nas cidades. À menor suspeita antropológica sobre a presença remota de índios na área, a Funai e o Ministério Público Federal tratam de levar adiante seu processo de regularização.

Mais de 500 mil hectares de Feliz Natal estão no Parque Indígena do Xingu

No Nortão há 12 territórios indígenas homologados e em tramitação. As áreas homologadas somam 2.267.906,95 hectares. As demais, nem Deus sabe, pois não há definição fundiária sobre as mesmas. Essas terras se espalham por nove municípios: Santa Rita do Trivelato, Nova Ubiratã, Feliz Natal, Matupá, Juara, Peixoto de Azevedo, Marcelândia, Apiacás e Nova Canaã do Norte. Nelas estão aldeados indivíduos mundurucus, apiakás, bakairis, kayabis, menkragnotis, mentuktires, panarás e outros incluindo os chamados índios arredios, que a Funai jura que existem.

O Parque Indígena do Xingu ocupa áreas em nove municípios, dos quais, três no Nortão: Feliz Natal, com 525.273 hectares, Marcelândia (143.874) e Nova Ubiratã (30.273).

O lendário cacique Raoni Metuktire, líder do povo caiapó, e um dos brasileiros mais conhecidos no exterior, é aldeado na Terra Indígena Capoto/Jarina, em Peixoto de Azevedo.

PERFIL – Não há números oficiais sobre a composição da população do Nortão, mas é visível a predominância paranaense. Essa presença é atestada pelo poder político nos municípios. O prefeito é a principal autoridade municipal, e na região, em outubro foram eleitos 15 nascidos no Paraná: Chico Gamba, de Alta Floresta; Paulinho Bortolini (Nova Santa Helena), Celso Padovani (Marcelândia), Álvaro Galvan (Tapurah), Vanderlei Abreu (Porto dos Gaúchos), Leandro Félix (Nova Mutum),  Valdinei Holanda, o Nei da Farmácia (Juara), Fernando Ribeiro (Carlinda), Miguel Vaz (Lucas do Rio Verde), Rodrigo Benassi (Colider), Juliano Berticelli, o Zoinho (Ipiranga do Norte), Emerson Sabatine (Itanhangá), Rogério de Souza (Nova Bandeirantes), Pascoal Alberton (Terra Nova do Norte) e Edson Ribeiro, o Edson da Bonanza (Nova Guarita).

São catarinenses os prefeitos: Roberto Dorner (Sinop),  Osmar Moreira,  o Osmar Mandacaru (Paranaíta), Toni Dubiella (Feliz Natal), Edgar Bernardes, o Neninho da Nevada (Nova Ubiratã), Alei Fernandes (Sorriso),  Carlos Eduardo Borchardt (Tabaporã) e Vanderlei Antônio de Marchi, o Vandeco (União do Sul).

Três prefeitos, de famílias pioneiras, nasceram nos municípios que os elegeram: Agenor Evangelista da Silva Júnior, em Novo Horizonte do Norte – é filho do ex-prefeito Agenor Evangelista; Yago Giacomeli, em Vera; e Marcos Tadeu Felhaus, em Cláudia.

Calebe Francisco Franco, que administrará o caçula Boa Esperança do Norte nasceu em Cuiabá. Também são mato-grossenses: Bruno Mena, em Matupá (nascido em Peixoto de Azevedo); Vinícius Oliveira, de Nova Canaã do Norte (natural de Colíder); Edmilson Marino, de Nova Monte Verde (nascido em São José do Rio Claro; e Pablo Bortolas, de Santa Carmem (nasceu em Sinop).

Dois eleitos são gaúchos:  Casciano Martins Reis (Novo Mundo) e Volmir Bassani (Santa Rita do Trivelato). Júlio César dos Santos, de Apiacás, é paulista; Toninho Tijolinho, de Itaúba, é sul-mato-grossense; Alberto Gonçalves, de Guarantã do Norte, é fluminense; e Nilmar Miranda, o Paulistinha, piauiense.

ECONOMÊS – O Produto Interno Bruto (PIB) é o grande indicador econômico e o mesmo nunca seria empecilho para a criação de Mato Grosso do Norte pelo seu desempenho nesta área e o novo Estado nasceria superando sete estados e dentre eles Tocantins, que é um dos polos nacionais do agronegócio.

O PIB nacional é de 10,9 trilhões. No Nortão, futura área de Mato Grosso do Norte, considerando a soma dos seus 36 municípios, é de R$ 67.003.960.284. O do Piauí, 64,028 bilhões; Rondônia, 58,170; Sergipe; 51,861; Tocantins, 51,781; Acre, 21,374; Amapá, 20.100; e Roraima, 18,203.
Mato Grosso sofreria redução do PIB, ora de 233,390 bilhões, que cairia para 182,203 bilhões.

O IBGE ainda não divulgou o PIB de Boa Esperança do Norte, mas o mesmo está embutido nos números dos municípios de Sorriso e Nova Ubiratã, dos quais emancipou.

Os 19 municípios com os maiores PIB em Mato Grosso do Norte figuram também na lista dos principais de Mato Grosso. São eles (em bilhões de reais):

Sorriso tem o maior PIB do Nortão, que sonha em ser Mato Grosso do Norte

 

Sorriso – 12,522

Sinop – 9,623

Lucas do Rio Verde – 6,891

Nova Mutum – 6,036

Nova Ubiratã – 3,270

Alta Floresta – 2,111

Tapurah – 2,007

Ipiranga do Norte – 1,924

Juara – 1,365

Tabaporã – 1,319

Porto dos Gaúchos – 1,318

Vera – 1,291

Matupá

Matupá – 1,282

Colíder – 1,269

Santa Rita do Trivelato – 1,236

Guarantã do Norte -1,099

Cláudia – 1,068

Feliz Natal – 1,044

Santa Carmem – 1,032

Importante polo da produção agrícola, a região que poderá tornar-se Mato Grosso do Norte tem 16 municípios entre os 100 maiores produtores agrícolas do Brasil e Sorriso com R$ 8.313.943.000 é o campeão nacional, segundo o Ministério da Agricultura, com números do IBGE relativos a 2023.

Esses 16 municípios norte-mato-grossenses respondem por R$ 47.951.723.000 do total nacional, de R$ 814,5 bilhões, o que equivale a 5,88% desta dinheirama. A relação, em ordem decrescente de receita é formada por Sorriso, Nova Ubiratã, Nova Mutum, Lucas do Rio Verde, Ipiranga do Norte, Tapurah, Tabaporã, Porto dos Gaúchos, Santa Rita do Trivelato, Sinop, Vera, Feliz Natal, Santa Carmem, Marcelândia, Itanhangá e Cláudia (com R$ 1.281.372.000).

Em outubro de 2023 com números consolidados o Ministério da Agricultura divulgou o ranking dos 100 maiores municípios em Valor Básico da Produção (VBP). O Nortão, que será a base territorial de Mato Grosso do Norte, tem 14 municípios na relação, sendo que Sorriso, com R$ 11,47 bilhões, é o maior nacionalmente. A relação, em ordem decrescente é composta por Nova Ubiratã, Nova Mutum, Lucas do Rio Verde, Ipiranga do Norte, Tapurah, Tabaporã, Porto dos Gaúchos, Santa Rita do Trivelato, Sinop, Feliz Natal, Santa Carmem, Cláudia e Itanhangá (R$ 1,34 bilhão).

COMPARATIVO – A renda per capita do Brasil é de R$ 42.248 e a de Mato Grosso R$ 65.426. Cuiabá com R$ 47.701 está abaixo da média nacional e da estadual. No Nortão, este indicador em alguns municípios é bem superior: Santa Rita do Trivelato, R$ 343.161, Nova Ubiratã (261.784), Porto dos Gaúchos (246.782), Ipiranga do Norte (235.259), Santa Carmem (224.419), União do Sul (145.943), Tabaporã (141.053) e Tapurah (139.618).

ÁREA – Com 235.518,785 km² Mato Grosso nasceria maior que 14 unidades da federação: Roraima, Paraná, Acre, Ceará, Amapá, Pernambuco, Santa Catarina, Paraíba, Rio Grande do Norte, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Alagoas, Sergipe e o Distrito Federal.

Com a divisão territorial Mato Grosso seria reduzido de 903.207 km² para 667.687 km², mas mesmo assim permaneceria na condição de terceiro maior estado, acima de Minas Gerais, com 586.521 km².

O maior município de Mato Grosso do Norte seria Juara, com 22.632,713 km² seguido por Apiacás, com 20.489,024 km². O menor, Novo Horizonte do Norte, com 920,048 km², e na ordem crescente, Nova Guarita, com 1.121,091 km². A média territorial dos municípios seria de 6.542 km².
A relação dos maiores municípios é composta por Sinop, com 216.029 habitantes, Sorriso (120.985), Lucas do Rio Verde (92.256), Alta Floresta (61.291), Nova Mutum (61.223), Juara (35.899), Peixoto de Azevedo (33.599), Colíder (32.010), Guarantã do Norte (31.328) e Matupá (21.415), e do outro lado da tabela, em ordem crescente, Novo Horizonte do Norte (3.307), Santa Rita do Trivelato (3.463), União do Sul (3.897), Nova Santa Helena (4.431) e Nova Guarita (4.579).

Infografia: Marco Antônio Raimundo (Marcão)

Fotos:

1 – Agência Brasil

2 – Conomali

3 – Edson Rodrigues/AL

4 e 14 – blogdoeduardogomes

5 – Expominério/Divulgação

6 – Vargas Delosor

7 – Maurício Barbant

8 e 10 – Divulgação

9 – Geraldo Tavares

11 – Prefeitura Nova Mutum

12 – showdenoticias.com.br – Juara

13 – CBV

15 – Prefeitura de Feliz Natal

16 – Instituto Raoni

17 – Prefeitura de Sinop

18 – Prefeitura de Sorriso

19 e 20 – Secretaria de Comunicação Governo de Mato Grosso

Por Eduardo Gomes de Andrade

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