Home Mundo O guarda do Holocausto que foi considerado velho demais para ser julgado

O guarda do Holocausto que foi considerado velho demais para ser julgado

5 min ler
0

Um tribunal na Alemanha considerou que um ex-guarda de um campo de concentração nazista, hoje com 96 anos de idade, não está em condições de saúde para ser julgado — mas mesmo assim deve pagar os honorários do processo até aqui.

O homem, identificado como Harry S., foi acusado de ser cúmplice no assassinato de centenas de pessoas no campo de Stutthof.

De acordo com o tribunal de Wuppertal, há um “alto grau de probabilidade” de que ele seja culpado dos crimes.

Este é um de três processos judiciais recentes relacionados ao campo de Stutthof, então localizado na Polônia ocupada pelos nazistas.

Bruno Dey, 93, foi condenado em julho do ano passado a dois anos de prisão, mas teve suspensão condicional da pena. Ele foi considerado cúmplice na morte de mais de 5 mil prisioneiros.

Em fevereiro, Irmgard F, de 95 anos, se tornou uma das poucas mulheres a ajudar e a estimular assassinatos na era nazista. Ela era secretária em Stutthof.

Já Harry S. foi guarda no campo entre junho de 1944 e maio de 1945.

Ele teria supervisionado o transporte de quase 600 prisioneiros para as câmaras de gás no campo de Auschwitz-Birkenau em setembro de 1944.

Stutthof também tinha câmaras de gás e ficou conhecido pelas terríveis condições em que os cerca de 100 mil prisioneiros eram mantidos. Muitos morreram de fome e de doenças, enquanto outros foram baleados, submetidos a câmaras de gás ou a injeções letais.

As vítimas incluíam muitos judeus, além de poloneses não-judeus e soldados soviéticos capturados.

Na quarta-feira (10/3), o tribunal de Wuppertal disse em comunicado que, “devido à sua condição física”, Harry S. “não era mais capaz de representar razoavelmente seus interesses dentro e fora do julgamento”, iniciado em 2017.

Mas a representação da corte prosseguiu afirmando que, como guarda do campo nazista, ele teria supervisionado a locomoção de prisioneiros e “reconhecido a dimensão do assassinato em massa cometido” ali.

Como havia um “alto grau de probabilidade” de sua culpa, Harry S. deve arcar com suas despesas no processo. Não se sabe qual é este valor e se o réu vai recorrer.

Stutthof foi oficialmente designado como campo de concentração em 1942. Foi o primeiro do tipo construído fora das fronteiras alemãs na guerra e o último a ser libertado pelo exército soviético, em 9 de maio de 1945.

Acredita-se que mais de 65 mil pessoas morreram ali.

A Alemanha tem processado ex-funcionários de campos nazistas desde uma decisão histórica, em 2011, que condenou um ex-guarda, John Demjanjuk, como cúmplice de assassinatos em massa. Ele morreu enquanto aguardava um recurso, mas o veredito abriu um precedente legal.

Anteriormente, os tribunais exigiam evidências do envolvimento direto de funcionários nas atrocidades cometidas sistematicamente pelo regime nazista.

 

Fonte: BBC News

Carregue mais postagens relacionados
Carregue mais por Porto Notícias
Carregue mais em Mundo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Verifique também

De Eduardo Bolsonaro a Pablo Marçal, os alvos da PF por fake news sobre tragédia no RS

A Polícia Federal investigará a propagação de notícias falsas relacionadas às medidas toma…