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Relatório aponta perseguição contra cristãos na Tunísia

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Uma década após a revolução que tirou do poder o ex-presidente Zine El Abidine Ben Ali e deu início à Primavera Árabe, a Tunísia segue com relatos de casos de perseguições a cristãos e outras minorias religiosas.

De acordo com um relatório anual publicado pela Attalacki, uma associação criada em 2016 para monitorar a igualdade e liberdade religiosa no país, 23 mil dos 11,3 milhões de habitantes da Tunísia são cristãos. Cerca de 99% da população é muçulmana, com um grande contingente de sunitas.

Por conta dessa diferença e intolerância, muitos cristãos se vêem obrigados a praticar sua fé em segredo, por medo de agressões ou de não terem as mesmas oportunidades dentro da sociedade, segundo o informe da Attalacki.

A associação destaca que, após a revolução de 2011, apesar do caráter pluralista do movimento e do fato de que a Constituição promulgada em 2014 previa a proteção à liberdade de consciência, a lei ainda obriga que o presidente do país seja muçulmano e membros de minorias religiosas são impedidos de ocupar altos cargos no governo e nas forças armadas.

Episódios de perseguição

O relatório destaca também diversos episódios de perseguição religiosa. Segundo o documento, há cerca de um ano, uma família de cristãos que vive no subúrbio da capital, Túnis, foi vítima de violência verbal e discursos de ódio. Uma das mulheres dessa família teria sido puxada pelo cabelo até a rua e agredida com socos, além de ouvir diversas ofensas.

Ela relatou que, quando foi prestar queixa, a polícia não deu nenhum atendimento até que um laudo sobre a agressão foi concluído. Em seguida, ela foi interrogada sobre sua religião, sobre como teria acesso a livros e materiais religiosos, qual igreja frequentava e com quais outros membros ela teria contato. A vítima agora é representada por um advogado contratada pela Attalaki e pretende fazer uma reclamação junto à Procuradoria tunisiana por negligência.

A associação também relatou o caso de uma menina cristã que foi presa e interrogada pela polícia após ser vista em uma estação de metrô na capital usando um crucifixo no pescoço em junho do ano passado. Ela foi liberada, junto com a mãe, duas horas depois.

Em agosto, um pastor no sul do país relatou que foi ameaçado no Facebook e que deveria deixar o país ou seria morto. Ele relatou que vive em estado de constante medo e que já foi ofendido diversas vezes por membros de sua comunidade.

Em outubro, uma mulher de cerca de 50 anos foi espancada pelo próprio irmão por suas crenças religiosas não-islâmicas. Ela prestou queixa, mas não foi nem mesmo ouvida pela polícia, segundo o relatório.

Segundo o ranking da Open Doors, uma organização sem fins lucrativos dos EUA que monitora a perseguição a cristãos em mais de 60 países, a Tunísia ocupa agora a 26ª colocação na lista em 2021, devido à piora nos episódios. Em 2020, o país estava no 34º lugar.

Do R7-foto FETHI BELAID / AFP – ARQUIVO
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