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Suicídio entre idosos sobe em 2019 e psicóloga alerta para risco em isolamento

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O suicídio entre pessoas acima de 60 anos aumentou de 2018 para 2019, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública (Sesp), apesar da porcentagem registrada ser menor em relação a dois anos anteriores. Os idosos são o terceiro grupo etário que mais atentam contra a própria vida, perdendo apenas para jovens de 18 a 24 anos e adultos de 46 a 59, empatados com 17% de mortes autoprovocadas. A psicóloga Sandra Abdalla aponta que o isolamento social pelo novo coronavírus pode potencializar novos casos.

No ano passado, foram 33 casos, representando 13% de todas as mortes autoprovocadas em todas as idades, quando em 2018 foram 28, uma alta de 17% nos registros.

Segundo Sandra Abdalla, a questão de suicídio entre idosos “já rola há muito tempo”. É antiga, porém pouca estudada. “A própria literatura é muito escassa. Existe pouco material em relação a isso”, disse. Somado ao pouco estudo, não há política pública para se alertar a população sobre o assunto.

Especialista em terapia familiar e conjugal, área onde atua há mais de 10 anos, Sandra comenta que os idosos procuram menos os psicólogos. “Eles não procuram terapia porque não querem fazê-la”. Em sua experiência profissional, a questão de suicídio ou depressão aparece em pacientes mais jovens, que revelam preocupação e angústia frente à situação do familiar de idade.

Para a psicóloga Sandra, a questão do suicídio entre pessoas acima de 60 anos passa pela questão, muitas vezes óbvia, de que como o idoso vive “um processo de compreensão e significação social de inutilidade” pela sociedade atual.

“O Brasil não tem essa cultura de valorização da pessoa idosa. Para nós, o idoso é uma pessoa improdutiva e que não tem valor. A própria política vê o discurso ‘velhofóbico’ de que eles não tem mais produtividade, não contribui mais com a economia e estão para morrer”.

Isolamento é potencializador

O isolamento pode potencializar questões emocionais e afetivas em decorrência do próprio confinamento, assegura a psicóloga. Como o idoso é parte de uma população mais vulnerável à Covid-19 (a doença provocada pelo novo coronavírus), não pode sair de casa e nem ter contato físicos com pessoas mais jovens, conforme orientações da Organização Mundial da Saúde para preveni-los do contágio.

“Se a gente tá sentindo falta de um abraço, imagina o idoso que está em isolamento e sozinho?”, questiona. “O isolamento social só agrava a situação que já existe há muito tempo. Isso em um contexto quando as famílias estão presentes na família do idoso, mas têm muitos que estão abandonados há muito tempo – e muito antes do coronavírus. Agora, com essa situação de pandemia, isso se agrava ainda mais”.

Segundo Sandra, o coronavírus pode servir como mais um argumento ou justificativa para o abandono. Isso se manifesta através de discursos de que “a gente não pode se aproximar” ou “não podemos estar perto”. “Não é bem assim. O familiar que cuida do seu idoso pode estar presente de outras formas”.

Dicas

A recomendação da psicóloga Sandra é que, nesse momento de pandemia, familiares e amigos podem ajudar os idosos “a se sentir escutados”, mesmo a distância, com celulares e internet. “Nessa cultura de desqualificação, a gente deixa de dar voz para eles e ouvi-los. Caso você vá ligar, é importante ter a paciência de escutar. Muitas vezes, é uma queixa, reclamação, crítica, seja lá o que for, mas que você esteja aberto para escutar e ajudá-los”.

Também é necessário que se evite reforçar a ideia de prisão por conta do isolamento. “Isso para o idoso chega muito mais potente do que para nós, que podemos sair de alguma forma. Ainda mais agora que o Governo liberou os serviços, e eles não. Ajude o idoso que, ao invés dele estar preso, possa descobrir algo interessante para fazer”.

Outra orientação é recomendá-los a não ver tanto a televisão ou consumir notícias. “Isso aumenta a ansiedade. É um fator estressante”, explica. Detalha que, as notícias de morte pelo coronavírus, por exemplo, podem deixá-los abalados. “Eles já lidam com a morte de uma forma muito diferente que nós. É uma coisa de eminência. Para nós não. Eles vivem a morte de uma forma muito mais intensa do que nós, muito mais próxima”.

Aos que sofrem de depressão ou outros transtornos mentais, a psicóloga recomenda que continuam a fazer o uso de medicamento, caso tenha prescrições médicas, durante a quarentena. “Muitos idosos pararam tratamento por conta do isolamento. Ainda mais se a pessoa tá sozinha – como você tem a certeza que a pessoa tá tomando a medicação? Não pode interromper! Isso é sério e grave. O familiar precisa ter muita consciência disso”.

 

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