Um indÃgena da etnia pareci, de 39 anos, foi sequestrado e violentamente agredido por três homens, no dia 18 de janeiro, no Jardim Cruzeiro do Sul, em São Carlos, interior de São Paulo. Apesar da vÃtima ter sido socorrida e levada para uma Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) municipal, sendo depois transferida para a Santa Casa de Misericórdia de São Carlos com lesões graves, a polÃcia só tomou conhecimento do caso quase um mês depois, no dia 12 de fevereiro.
O boletim de ocorrência registrado no 2.º Distrito Policial da cidade não faz menção à condição de indÃgena da vÃtima, nem aponta os possÃveis suspeitos do crime. Um grupo de moradores se mobilizou pelas redes sociais para ajudar a vÃtima, que teria sido alvo de crime de ódio, em razão de sua origem.
Segundo os integrantes, o Ãndio deixou a terra indÃgena Uirapuru, na região de Cáceres (MT), há 27 anos, para morar em São Carlos. Na cidade, sua famÃlia possui uma pequena oficina.
Conforme a Secretaria da Segurança Pública (SSP), a PolÃcia Civil foi à Santa Casa ao receber uma denúncia sobre o caso. A vÃtima alegou que, após o trabalho, foi a um bar com um conhecido e no local aconteceu uma discussão, na qual o homem alegou que havia sumido R$ 100 do seu carro e culpava o indÃgena pelo sumiço do dinheiro.
O homem deixou o local, mas voltou com outras duas pessoas. Os três passaram a agredir a vÃtima. Em seguida, os suspeitos sequestraram o indÃgena e o levaram para uma comunidade, onde continuaram as agressões.
Conforme o registro, posteriormente os agressores o levaram até a oficina com a intenção de obter algo de valor como suposto ressarcimento do dinheiro sumido. Como nada teriam encontrado, agrediram ainda mais o indÃgena e o abandonaram, ferido, nas imediações de um conjunto habitacional. A vÃtima pediu socorro e, após passar pela UPA, foi internada no hospital.
Fotos postadas em rede social mostram que ele teve um braço amputado em razão dos ferimentos. Relatos de parentes, que não se identificam temendo represálias, dão conta de que o Ãndio levou marteladas na cabeça e em todo o corpo, além de ter sido mordido no braço e na mão.
Os agressores ainda usaram a porta do carro para esmagar o braço da vÃtima. Aos parentes, o Ãndio contou que se fingiu de morto e, por isso, foi jogado em um local conhecido como buracão do Zavaglia. O grupo afirmou que o caso será levado ao conhecimento do Ministério Público Estadual.
A Santa Casa disse que as informações sobre o paciente estavam restritas aos familiares. A SSP informou que não poderia divulgar o nome da vÃtima. “Diligências serão realizadas em busca de elementos que auxiliem na identificação dos autores”, diz a pasta.