O presidente Jair Bolsonaro divulgou nesta 6ª feira (17.mai.2019) um texto de autoria desconhecida no qual diz que o Brasil é “ingovernável†sem o que classificou de “conchavosâ€.
Os conchavos, de acordo com o texto, seriam acordos feitos pelo governo para efetivação de “privatização, o mensalão, o petrolão e o tal ‘presidencialismo de coalizão’â€.
Ao Poder360, o porta-voz da Presidência da República, general Otávio Rêgo Barros, disse não saber a quantas pessoas Bolsonaro enviou o texto. por meio do aplicativo.
Segundo o porta-voz, Bolsonaro disse, em nota, que quer “contar com a sociedade para juntos revertermos essa situação e colocarmos o paÃs de volta ao trilho do futuro promissorâ€.
Eis a Ãntegra da nota: “Venho colocando todo meu esforço para governar o Brasil. Os desafios são inúmeros e a mudança na forma de governar não agrada à queles grupos que no passado se beneficiavam das relações pouco republicanas. Quero contar com a sociedade para juntos revertermos essa situação e colocarmos o paÃs de volta ao trilho do futuro promissorâ€.
O texto faz crÃtica a um modelo de governança rendido à s corporações. “O Brasil nunca foi, e talvez nunca será, governado de acordo com o interesse dos eleitores. Sejam eles de esquerda ou de direitaâ€.
“Todos nós sabÃamos disso, mas querÃamos acreditar que era só um efeito de determinado governo corrupto ou cooptado. Na próxima eleição, tudo poderia mudar. Infelizmente não era isso, não era pontual. Bolsonaro provou que o Brasil, fora desses conchavos, é ingovernávelâ€, diz trecho da mensagem.
O texto também estima que na tentativa de governar de um modo diferente, o governo do presidente Jair Bolsonaro, na “hipótese mais provávelâ€, “será desidratado até morrer de inanição, com vitória para as corporações. Que sempre venceram. Daremos adeus Moro, Mansueto e Guedes. Estão atrapalhando as corporações, não terão lugar por muito tempoâ€.
Na mensagem, também há crÃticas aos governos dos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e Michel Temer. Segundo o texto, o modelo de governança dos ex-presidentes dava a “a falsa impressão de que nossos representantes eleitos tinham efetivo poder de apresentar suas agendasâ€.
“FHC foi reeleito prometendo segurar o dólar e soltou-o 2 meses depois, Lula foi eleito criticando a polÃtica de FHC e nomeou um presidente do Bank Boston, fez reforma da previdência e aumentou os juros, Dilma foi eleita criticando o neoliberalismo e indicou Joaquim Levy. Tudo para manter o cadáver procriando por múltiplos de 4 anosâ€, diz o texto.
Bolsonaro voltou a BrasÃlia na manhã desta 6ª feira (17.mai.2019) de viagem a cidade norte-americana de Dallas (Texas), onde recebeu homenagem da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos.
Por meio do texto, o presidente ainda criticou a atuação do Congresso Nacional sobre a Medida Provisória 870, de reestruturação ministerial. “Nem uma simples redução do número de ministérios pode ser feita. Corremos o risco de uma MP caducar e o Brasil ser obrigado a ter 29 ministérios e voltar para a estrutura do Temerâ€.
Eis a Ãntegra do texto divulgado por Bolsonaro:
“TEXTO APAVORANTE – LEITURA OBRIGATÓRIA
Alexandre Szn
Temos muito para agradecer a Bolsonaro.
Bastaram 5 meses de um governo atÃpico, “sem jeito†com o congresso e de comunicação amadora para nos mostrar que o Brasil nunca foi, e talvez nunca será, governado de acordo com o interesse dos eleitores. Sejam eles de esquerda ou de direita.
Desde a tal compra de votos para a reeleição, os conchavos para a privatização, o mensalão, o petrolão e o tal “presidencialismo de coalizãoâ€, o Brasil é governado exclusivamente para atender aos interesses de corporações com acesso privilegiado ao orçamento público.
Não só polÃticos, mas servidores-sindicalistas, sindicalistas de toga e grupos empresariais bem posicionados nas teias de poder. Os verdadeiros donos do orçamento. As lagostas do STF e os espumantes com quatro prêmios internacionais são só a face gourmet do nosso absolutismo orçamentário.
Todos nós sabÃamos disso, mas querÃamos acreditar que era só um efeito de determinado governo corrupto ou cooptado. Na próxima eleição, tudo poderia mudar. Infelizmente não era isso, não era pontual. Bolsonaro provou que o Brasil, fora desses conchavos, é ingovernável.
Descobrimos que não existe nenhum compromisso de campanha que pode ser cumprido sem que as corporações deem suas bênçãos. Sempre a contragosto.
Nem uma simples redução do número de ministérios pode ser feita. Corremos o risco de uma MP caducar e o Brasil ser OBRIGADO a ter 29 ministérios e voltar para a estrutura do Temer.
Isso é do interesse de quem? Qual é o propósito de o congresso ter que aprovar a estrutura do executivo, que é exclusivamente do interesse operacional deste último, além de ser promessa de campanha?
Querem, na verdade, é manter nichos de controle sobre o orçamento para indicar os ministros que vão permitir sangrar estes recursos para objetivos não republicanos. Historinha com mais de 500 anos por aqui.
Que poder, de fato, tem o presidente do Brasil? Até o momento, como todas as suas ações foram ou serão questionadas no congresso e na justiça, apostaria que o presidente não serve para NADA, exceto para organizar o governo no interesse das corporações. Fora isso, não governa.
Se não negocia com o congresso, é amador e não sabe fazer polÃtica. Se negocia, sucumbiu à velha polÃtica. O que resta, se 100% dos caminhos estão errados na visão dos “ana(lfabe)listas polÃticosâ€?
A continuar tudo como está, as corporações vão comandar o governo Bolsonaro na marra e aprovar o mÃnimo para que o Brasil não quebre, apenas para continuarem mantendo seus privilégios.
O moribundo-Brasil será mantido vivo por aparelhos para que os privilegiados continuem mamando. É fato inegável. Está assim há 519 anos, morto, mas procriando. Foi assim, provavelmente continuará assim.
Antes de Bolsonaro vivÃamos em um cativeiro, sequestrados pelas corporações, mas tÃnhamos a falsa impressão de que nossos representantes eleitos tinham efetivo poder de apresentar suas agendas.
Era falso, FHC foi reeleito prometendo segurar o dólar e soltou-o 2 meses depois, Lula foi eleito criticando a polÃtica de FHC e nomeou um presidente do Bank Boston, fez reforma da previdência e aumentou os juros, Dilma foi eleita criticando o neoliberalismo e indicou Joaquim Levy. Tudo para manter o cadáver procriando por múltiplos de 4 anos.
Agora, como a agenda de Bolsonaro não é do interesse de praticamente NENHUMA corporação (pelo jeito nem dos militares), o sequestro fica mais evidente e o cárcere começa a se mostrar sufocante.
Na hipótese mais provável, o governo será desidratado até morrer de inanição, com vitória para as corporações. Que sempre venceram. Daremos adeus Moro, Mansueto e Guedes. Estão atrapalhando as corporações, não terão lugar por muito tempo.
Na pior hipótese ficamos ingovernáveis e os agentes econômicos, internos e externos, desistem do Brasil. Teremos um orçamento destruÃdo, aumentando o desemprego, a inflação e com calotes generalizados. Perfeitamente plausÃvel. Claramente possÃvel.
A hipótese nuclear é uma ruptura institucional irreversÃvel, com desfecho imprevisÃvel. É o Brasil sendo zerado, sem direito para ninguém e sem dinheiro para nada. Não se sabe como será reconstruÃdo. Não é impossÃvel, basta olhar para a Argentina e para a Venezuela. A economia destes paÃses não é funcional. Podemos chegar lá, está longe de ser impossÃvel.
Agradeçamos a Bolsonaro, pois em menos de 5 meses provou de forma inequÃvoca que o Brasil só é governável se atender o interesse das corporações. Nunca será governável para atender ao interesse dos eleitores. Quaisquer eleitores. Tenho certeza que esquerdistas não votaram em Dilma para Joaquim Levy ser indicado ministro. Foi o que aconteceu, pois precisavam manter o cadáver Brasil procriando. Sem controle do orçamento, as corporações morrem.
O Brasil está disfuncional. Como nunca antes. Bolsonaro não é culpado pela disfuncionalidade, pois não destruiu nada, aliás, até agora não fez nada de fato, não aprovou nada, só tentou e fracassou. Ele é só um óculos com grau certo, para vermos que o rei sempre esteve nu, e é horroroso.
Infelizmente o diagnóstico racional é claro: “Sellâ€.
Autor desconhecidoâ€.