A Anistia Internacional, organização defensora de Direitos Humanos e presente em 150 paÃses, enviou, nesta quarta-feira, 5, uma carta ao presidente da Argentina MaurÃcio Macri em que se diz estar “preocupada†com a “retórica anti direitos humanos†adotado pelo governo Brasileiro.
Pedindo que Macri aborde os assuntos listados durante a visita, a carta demonstra diversas medidas e atitudes, tanto do presidente brasileiro quanto de ministros, como o ex-juiz e agora ministro da Justiça, Sérgio Moro, que colocam em risco a defesa dos direitos humanos no Brasil.
Mariela Belski, Diretora Executiva da organização na Argentina, enviou a carta ao mandatário aproveitando a ocasião da visita e que a organização espera que Macri dê prioridade nas conversas com Bolsonaro.
Belski justificou o envio da carta devido as “falas tóxicas e a retórica antidireitos estão sendo traduzidas em medidas concretas no Brasil. Diante das polÃticas que ameaçam os direitos a vida, a saúde, a liberdade, a moradia e a terra em todo o território da população brasileira, enviamos esta carta ao presidente Macri para que, na hora de conversar com Bolsonaro, tenha em pauta os direitos humanos.â€
Ela recomenda que Macri peça ao governo brasileiro para evitar o discurso de ódio, assim não incentivando atos de violência e discriminação, porque a “continuidade de uma retórica hostil aos direitos humanos por parte de autoridades de alto nÃvel —incluindo o presidente da república—, estimulam a proliferação de discursos de ódio, polarização da sociedade e que podem legitimar as mais variadas violações destes direitos.â€
O texto também faz criticas quanto à s polÃticas de segurança pública proposta pelo governo, como o pacote anticrime proposto pelo ministro Sérgio Moro e a PolÃtica Nacional de drogas, recém aprovada no congresso.
“A organização considera que as regras para a legitima defesa são imprecisas e contraria o princÃpio da legalidade, o que pode incentivar as violações de direitos à vida tirando a obrigação do Estado de investigar e punir adequadamente os casos de mortes arbitrárias.†É também alertado que a lei, caso aprovada, aumentaria o número de prisões provisórias —que deveriam ser usadas em último caso—, alimentando a crise da superlotação nos presÃdios brasileiros.
A visita
O encontro de Bolsonaro com Macri irá ocorrer nesta quinta-feira, 6, na capital Buenos Aires e deverá ser pautada nas questões bilaterais, como o comércio agora impactado pelas medidas de congelamento de preços na Argentina, no desafio do Mercosul de concluir a negociação de livre comércio com a União Europeia e na solução para a crise polÃtica da Venezuela.
Mas, movimentos polÃticos, sociais e sindicais estão organizando protestos contra a visita do presidente brasileiro. A manifestação foi marcada para a Praça de Maio, na região central da capital argentina, onde fica a Casa Rosada, a sede do governo. Bolsonaro será recebido pelo presidente da Argentina, Mauricio Macri, no local.
Apelidado de Argentina Rechaza Bolsonaro (Argentina Rejeita Bolsonaro), os manifestantes repudiam a “contÃnua apologia da tortura e da discriminação†do brasileiro e também criticam as polÃticas econômicas dos dois paÃses “em defesa da soberania e da solidariedade latino-americanaâ€, explicaram os organizadores do movimento.
Esta será a primeira visita de Bolsonaro ao paÃs. O presidente do Brasil chega à Argentina nesta quarta-feira, 5.