O Programa Bolsa FamÃlia reduziu as taxas de extrema pobreza em um quarto (25%) e de pobreza em 15%. A conta é do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que analisou a evolução das condições de vida dos mais pobres entre os anos de 2001 e 2017.
“Em 2017, as transferências do programa retiraram 3,4 milhões de pessoas da pobreza extrema e 3,2 milhões da pobrezaâ€, descreve estudo publicado esta semana e disponÃvel na internet. Os dados sobre a renda dos mais pobres foram obtidos nas Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicilios (Pnad/IBGE), que eram bianuais e a partir de 2016 passaram a ser contÃnuas.
Somados, os contingentes de pessoas que se beneficiaram com essa mobilidade de classe (6,5 milhões) equivalem à população do Maranhão (Censo de 2010). No total, o Bolsa FamÃlia transfere recursos a 14 milhões de famÃlias ou 45 milhões de pessoas, número semelhante a de toda população da Argentina.
Para Luiz Henrique Paiva, especialista em polÃticas públicas e um dos autores do estudo, o Bolsa FamÃlia “é um instrumento muito bom para reduzir a pobreza. Ele não é só não é mais efetivo porque ainda é modestoâ€, opina fazendo referência à média de R$ 188 que cada famÃlia recebe.
Liberalismo econômico
Paiva reconhece que o Bolsa FamÃlia é um programa inspirado nas correntes do liberalismo econômico. “O programa é na sua natureza um programa liberal. É focalizado nos mais pobres, transfere quantias modestas, custa pouco para o paÃs (0,4% do Produto Interno Bruto, PIB, que é a soma de todas as riquezas produzidas no paÃs). Não é de espantar que economistas liberais, como o ministro [da Economia] Paulo Guedes, gostem e conheçam as avaliações do programaâ€.
Segundo o especialista, o foco na população mais pobre aumenta a eficiência do programa. Outra vantagem é o custo. Ele estima que o programa este ano chegue a R$ 33 bilhões, com o pagamento anunciado da 13ª prestação aos segurados – assim como o 13º salário dos trabalhadores formais. O valor equivale a menos de 1% do Orçamento Geral da União em 2019 (R$ 3,38 trilhões), aprovado pelo Congresso Nacional em dezembro do ano passado.
Além da redução da pobreza, o Bolsa FamÃlia teria contribuÃdo para a diminuição de 10% da desigualdade, calculada pelo coeficiente de Gini, indicador que mede a distância entre a distribuição real e ideal da riqueza.
Recessão
Luiz Henrique Paiva admite, no entanto, que nos últimos anos, após a recessão econômica. houve piora no quadro social, por causa do desemprego e o programa não foi suficiente para evitar essa situação. “Quando tem muito desemprego, há muitas pessoas sem renda. O Bolsa FamÃlia é um programa de complementação e não de substituição de rendaâ€, aponta.
Ele acredita que o Bolsa FamÃlia tenha vida longa. “Há literatura sobre isso: programas sociais que são efetivos e alcançam muita gente tendem a ter robustez tendem à resiliência, a resistir ao longo do tempoâ€.
Paiva acrescenta que “todos os paÃses ricos têm um programa de transferência para a população mais pobre. Não importa quanto o paÃs vai crescer. Sempre vai ter um programa, de orçamento relativamente modesto, tentando encontra aquelas famÃlias mais pobres – especialmente as com crianças – para fazer alguma transferência a elasâ€.
“É um mecanismo que veio para ficar. Infelizmente há sempre uma categoria de excluÃdos e você fazer transferência para que as crianças possam comer, estudar, gozar de saúde e ter a chance de se tornar trabalhadores atividadesâ€, projeta.