A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou neste domingo, 1.º, uma contra-ofensiva nas redes sociais e em veÃculos de comunicação católicos em defesa do papa Francisco e do SÃnodo da Amazônia. A intenção é rebater crÃticas dentro e fora da Igreja, como do governo de Jair Bolsonaro e de alas conservadoras do clero. A campanha foi divulgada com duas frases para marcar o conteúdo nas redes sociais: #euapoioosÃnodo e #euapoioopapa.
A CNBB e a Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam) vão distribuir vÃdeos com depoimentos de bispos e uma série documental gravada durante a preparação do SÃnodo, para mostrar a realidade da Amazônia na voz dos povos originários que participaram das escutas realizadas pela Igreja. A CNBB quer que as TVs católicas de todo o PaÃs também produzam conteúdo próprio em defesa do sÃnodo e do pontÃfice.
Como mostrou o Estado, grupos católicos conservadores, que desejam promover um contraponto ao SÃnodo e rebater o que consideram como influências de esquerda nos trabalhos preparatórios, fizeram uma mobilização que envolve a divulgação de conteúdo on-line e campanhas nas ruas. Entre esses segmentos, está o Instituto PlÃnio Corrêa de Oliveira, ligado à antiga TFP (Tradição, FamÃlia e Propriedade). Com frequência, o papa é classificado como “comunista”.
A iniciativa da CNBB também têm como objetivo rebater informações disseminadas por youtubers ligados a essa ala mais conservadora do catolicismo.
Tais setores do clero e de entidades católicas rejeitam o conteúdo proposto no Documento de Trabalho do SÃnodo, o texto-base para as as discussões entre os bispos que foram convocados a Roma pelo papa Francisco. No material, há capÃtulos de teor polÃtico e social e outra de cunho religioso. A primeira traz crÃticas ao grande capital e à s classes polÃticas dominantes, a defesa dos indÃgenas e a denúncia da degradação ambiental na Amazônia. É nessa discussão que o governo manifesta preocupação com um possÃvel ataque à soberania nacional, embora o clero diga que ela será respeitada. No conteúdo interno, duas sugestões tratadas como rupturas na Igreja: a aceitação de culturas originárias na liturgia católica e o ordenamento de padres casados.
Durante o último encontro dos bispos da Amazônia brasileira, o presidente da CNBB, d. Walmor Oliveira de Azevêdo, fez um apelo por apoio “de toda a Igreja†e por “entendimento por parte do governo”. O presidente da CNBB afirmou que a Igreja não é uma “organização não-governamental, um partido ou um clube de amigos†e reconheceu a necessidade de “superar ruÃdos e equÃvocos internos”, sem “negociar o inegociável”.
“Quero focalizar a importância de uma compreensão, de uma participação e de apoio de toda a nossa Igreja ao acontecimento do SÃnodo para a Amazônia. Queremos essa compreensão por parte de todos os segmentos da sociedade civil, incluindo as instâncias governamentaisâ€, disse d. Walmor, arcebispo de Belo Horizonte (MG). “Não tem sentido grupo nenhum ou qualquer segmento na igreja atacar o sÃnodo, atacar esta ou aquela perspectiva, pois está garantida sempre a fidelidade à verdade e ao bem”, disse o arcebispo durante encontro da delegação brasileira em Belém. “Não somos polÃticos como Igreja, nós dialogamos com eles, não somos empreendedores do mundo, dialogamos com eles.