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Delator conta que esquema no governo de Blairo Maggi começou com 40 empresas em MT

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O ex-superintendente do BicBanco, Luis Carlos Cuzziol, disse em sua colaboração premiada que o esquema de corrupção e lavagem de dinheiro para financiamento de campanhas políticas e enriquecimento ilícito em Mato Grosso, descobertos pela Operação Ararath, se iniciou com uma lista de 40 empresas envolvidas no esquema de empréstimos fraudulentos com aval do então governo Blairo Maggi.

O início do esquema teria ocorrido após o ex-secretário de Estado, Eder Moraes, ter procurado o antecessor de Cuzziol, Antônio Eduardo Carvalho de Freitas em 2005, e lhe entregado uma lista com nomes de empresas, CNPJ, telefones de contato e “valores que podiam ser operacionalizados com cada uma das empresas”.

“Que nessa mesma reunião Antônio Eduardo Carvalho de Freitas relatou ao declarante e os demais gerentes de agência que Eder Moraes teria se encontrado em São Paulo com o presidente do BicBanco e com este foi ajustada a estruturação de uma operação com recebíveis do governo de MT junto às empresas prestadoras de serviço deste”, diz trecho do depoimento de Cuzziol.

O delator ainda disse que no início dos empréstimos fraudulentos com empresas que tinham contratos com o governo do Estado, o dono do BicBanco, José Carlos Menezes, conhecido como ‘Binho’, solicitou como garantia as assinaturas do exsecretário Eder Moraes, e demais secretários e adjuntos das pastas envolvidas. Porém, Blairo Maggi teria se recusado a assinar, mas, como tinha prestígio dentro do mercado por conta do seu sucesso empresarial, a garantia era a assinatura de Eder Moraes.

Cuzziol também afirma que ouviu de Eder Moraes e do ex-secretário Vilceu Marchetti que a necessidade dos empréstimos só ocorreu porque as “contratações realizadas por Luiz Antônio Pagot, enquanto ocupante do cargo secretário da Sinfra (secretaria de Infraestrutura), sem que a secretaria tivesse orçamento suficiente para liquidar as contratações”.

Tal revelação já havia sido feita pelo próprio Eder Moraes em depoimento ao Ministério Público (MP) de Mato Grosso em 2014, de que Pagot teria deixado um rombo de mais de R$ 140 milhões na Sinfra.

Porém, logo após os depoimentos, Eder fez uma retratação pública, alegando que mentiu nos depoimentos, culpando os promotores de Justiça. Cuzziol afirma que o esquema com as 40 empresas que teria movimentado cerca de R$ 300 milhões só de empréstimo, o que era quase a totalidade dos recursos do banco.

“O número de operações, uma liquidando a outra. Uma liquidando a outra. Ou fazia uma nova para liquidar a vencida. Então ela teve um giro grande. Mas o montante, eu estou falando isso porque a agência nossa, ela chegou ao máximo de ter de ativo R$ 400 milhões. R$ 400, R$ 500 milhões”, explicou em outro trecho do depoimento.

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