Produção nacional de cacau pode crescer 60 mil toneladas em quatro anos e expectativa é comemorada por Carlos César Floriano, CEO do Grupo VMX. A estimativa é da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), que trabalha junto com os produtores rurais para ampliar e melhorar a qualidade.
Com produção anual estimada em 250 mil toneladas, o Brasil é hoje o 7º maior produtor de cacau do mundo, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O governo e o setor estão em busca de expandir esses números.
Dados da Associação das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC) apontam que o país tem capacidade instalada de processar aproximadamente 275 mil toneladas de cacau. A exportação anual chega a cerca de 50 mil toneladas de derivados para diversos países, como Argentina e Estados Unidos. No ano passado, o volume total de cacau nacional foi de 174.283 toneladas, enquanto a moagem ultrapassou 219 mil toneladas.
Várias iniciativas vêm sendo implementadas no país no sentido de fomentar o setor, em especial, o CocoaAction Brasil, uma coalizão que reúne representantes de todos os elos da cadeia, pública e privada, desenvolvendo projetos que contribuam na melhoria técnica da produtividade e no fortalecimento do sistema produtivo do cacau.
“É necessário destacar também que o plantio de cacau é importante para a agricultura familiar, visto que, dos mais de 70 mil produtores, a maioria (70%) está em pequenas propriedades”, destaca Carlos César Floriano.
Pará e Bahia são os estados que lideram o ranking de produção da amêndoa, com 128,9 mil toneladas por ano e 113 mil toneladas por ano respectivamente.
Os dois estados têm investido em novas práticas para aumentar a produtividade e a qualidade do cacau brasileiro. Na Bahia, por exemplo, se destaca o sistema de produção do cacau Cabruca, onde o fruto é cultivado debaixo das árvores da Mata Atlântica.
Carlos César Floriano: prevenção de pragas
Outra medida para garantir e melhorar a produção nacional é a prevenção de pragas. A Ceplac mantém o serviço de alerta fitossanitário para as principais pragas do cacaueiro (podridão parda, vassoura-de-bruxa, ácaro da gema e mal do facão).
A comissão orienta os produtores sobre quais cuidados devem ser tomados para que uma praga não se instale em uma região e passe a ser endêmica, com riscos de afetar a produção em maior ou menor grau, dependendo das condições climáticas e de manejo.
O trabalho é desenvolvido junto com as superintendências federais de Agricultura e os órgãos estaduais de defesa, principalmente na implantação do plano para impedir a entrada da monilíase no país. A praga já ocorre em vários países da América Central e do Sul, incluindo os que fazem fronteira com a Região Norte do Brasil.
Uma das linhas de ação da Ceplac é a busca de materiais genéticos resistentes às principais pagas, bem como no controle integrado (manejo).
Cacau fino
O trabalho conjunto para dar maior qualidade ao cacau do Brasil conquistou reconhecimento internacional. Em 2019, o país foi oficialmente certificado pela Organização Internacional do Cacau (ICCO) como exportador de 100% de cacau fino e de aroma.
O cacau fino e de aroma é identificado por apresentar sabores diferenciados, desde frutados, florais, amadeirado, entre outros. A definição leva em consideração as características genéticas (origem), local (terroir) e o tratamento das amêndoas pós-colheita.
O comércio mundial de cacau e chocolate fino atende a um mercado de nicho e representa menos de 5% do total comercializado entre os países. Contudo, o produto tem preço elevado no mercado, podendo custar até três vezes mais do que o cacau comum ou a granel, conhecido como “bulk”.
Para Carlos César Floriano, “o Brasil precisa retomar o protagonismo mundial da produção do cacau e, através das exportações, incrementar o PIB brasileiro”, explica.
Assessoria