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Falhas de inteligência dos EUA ficaram evidentes em Cabul

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A rapidez com que o Talibã dominou as principais cidades do Afeganistão até chegar à capital, Cabul, tomada no último domingo enquanto milhares de pessoas buscavam fugir do local, evidenciou falhas graves de avaliação e comunicação das agências de inteligência e do governo dos EUA.

Segundo uma reportagem do New York Times, a CIA e outras agências vinham alertando para um possível risco de que o exército afegão sucumbisse diante da ofensiva dos talibãs. No entanto, nenhuma delas foi capaz de prever que a queda acontecesse tão rapidamente.

Em julho, em meio à retirada nas tropas norte-americanas, que começou a ser planejada ainda no governo Trump e executada no governo Biden, houve um alerta de que poderia haver um colapso do governo afegão, mas já era tarde demais.

Quando as decisões foram tomadas, o consenso entre as agências era de que Cabul poderia resistir até dois anos aos avanços talibãs. O que não foi levado em conta era que o exército local, treinado durante anos e muito melhor equipado que os militantes, abandonaria a luta sem praticamente oferecer resistência.

Relatórios imprecisos
Uma fonte ligada ao governo, que falou em condição de anonimato, disse ao jornal que mesmo em julho não havia um aviso sobre um cenário claro que previsse o que ocorreu nas últimas semanas. O que as agências previam, desde antes das negociações para a retirada serem iniciadas, era que o Talibã seria vitorioso, mas com resistência por parte do exército afegão.

Conforme os talibãs foram avançando pelo território, dominando mais e mais cidade, os relatos de deserção e abandono por parte dos soldados foram se ampliando. Um relatório feito pela CIA no mês passado indicou que as principais estradas que levam a Cabul tinham sido dominados pelos extremistas e que um cerco seria iminente, porém a previsão de queda não estava clara.

“A maior parte das avaliações feitas nos EUA dentro e fora do governo norte-americano eram focadas em como seria o desempenho das forças de segurança do Afeganistão em uma luta contra o Talibã. E na realidade, elas nunca lutaram realmente”, explicou Seth Jones, um especialista do CSIS (Centro de Estudos Estratégicos Internacionais, na sigla em inglês), em Washington.

O jornal também destacou que a própria tomada do Afeganistão pelos EUA em 2001 teve uma dinâmica semelhante, mas invertida. Ao verem que as milícias apoiadas pelo governo norte-americano estavam avançando, os próprios talibãs abandonaram o combate. Alguns se renderam, alguns desertaram e a maior parte simplesmente se misturou à população civil.

R7

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