Para economizar, o brasileiro, no primeiro semestre, diminuiu o consumo de frutas, legumes e verduras e passou a comprar mais de itens menos nutritivos, como biscoitos, snacks, salgadinhos e refrigerantes. Já a carne bovina deu lugar a proteínas mais baratas. Em meio a um cenário de inflação alta, o consumidor gastou mais e levou menos itens para casa.
Os dados são de uma pesquisa realizada pela Horus, empresa de inteligência de mercado. Foram analisados mais de 500 milhões de informações de notas fiscais. O levantamento contou ainda com a análise de R$ 650 bilhões de vendas, mais de 60 mil pontos de vendas, coleta de 3 bilhões de preços e 10 milhões de itens captados. Cerca de 86% do varejo alimento foi coberto.
O valor médio gasto no supermercado em janeiro era de R$ 77,50, ao final do semestre essa quantia era de R$ 81,01, alta de 4,5%. Mas, no mesmo período, o consumidor comprou 9% menos itens que no início do ano.
Itens mais nutritivos perderam espaço, por conta, dos preços altos e do aumento das refeições feitas fora de casa com a volta a normalidade no pós-pandemia. Nos primeiros seis meses de 2021, a incidência de frutas, legumes e verduras na cesta era de 42,2%, um ano depois esse percentual caiu para 39,3%.
O consumidor passou a gastar mais com alimentos saudáveis, mas a quantidade de produtos levados para a casa caiu. O ticket médio de janeiro a junho de 2022 era de R$ 18,99, no mesmo periodo de 2021, o valor desembolsado foi R$ 15,87. Ao mesmo tempo, em um ano, a média de frutas, legumes e verduras levados para casa caiu de 3,7 unidades para 3,16.
Por outro lado, a incidência de industrializados na compra dos brasileiros no primeiro semestre de 2021 era de 77,8%, um ano depois, o percentual registrado foi de 81,3%. Já o valor médio gasto com esses itens saltou de R$ 42,19 para R$ 53,13. A média de itens adquiridos também subiu, indo de 7,54 unidades para 8,56.
A inflação acumulou alta de 5,49% no primeiro semestre, maior percentual para o período desde 2015, segundo dados do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), medido pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Economia). Já até o junho, os preços nos 12 últimos meses anteriores aceleraram 11,89%.
Ticket médio
O consumidor, no primeiro semestre de 2022, gastou em média R$ 83,12, um crescimento de 14,4% em relação aos seis útimos meses de 2021, quando o ticket médio era R$ 72,63. Já a variação entre os dois semestres do ano passado foi de 10,9%, a quantia média desembolsava no supermercado até junho daquele ano era de R$ 65,47.
O pico dos gastos em supermercado aconteceu em março (R$ 92,04), quando foi registrado aumento de 21,5% em relação a fevereiro. Nesse mês, o IPCA subiu 1,62%, maior índice para a data em 28 anos. Em abril, maio e junho, o brasileiro passou a gastar uma quantia menor no supermercado.
A média do número de unidades consumidas até junho de 2021 era 11,4 unidades, após uma alta de 8,8% em seis meses, a quantidade de itens adquiridos passou para 12,4. Com a inflação elevada, a aceleração no primeiro semestre de 2022 foi menor (3,2%) e a média de produtos chegou a 12,8.
A classe D e E tiveram o maior ticket médio (R$ 97,46) e unidades compradas (16,6 itens), uma vez que costumam concentrar as compras em uma única ocasião. Os outros níveis econômicos costumar dividir as idas ao mercado ao longo do mês.
Troca da carne por proteínas mais baratas
Com o encarecimento da carne bovina e de outros alimentos essenciais, o brasileiro passou a comprar proteínas mais baratas para economizar. Essa proteína foi substituída pela carne suína, frango, linguiça, mortadela e ovo.
No geral, o consumo de carnes e aves aumentou, a incidência na compra passou de 20,1% no primeiro semestre de 2021 para 22,1%, no mesmo período de 2022. O gasto com esses itens foi de R$ 42,37 para R$ 48,73. A média de produtos comprados variou de 2,19 unidades para 2,4.
Veja a incidência das proteínas no primeiro semestre de 2021 e 2022:
• frango: 10,5% para 10,8%
• ovo: 4,3% para 5,7%
• suíno: 2,8% para 3,1%
• bovino: 9,6% para 9,1%
• mortadela: 2,8% para 3,2%
• salsicha: 2,5% para 2,1%
• linguiça 5,3% para 5,8%
• presuntos: 4,3% para 3,3%
Crescimento do atacarejo
O atacarejo registrou crescimento de 29% no ticket médio, passando de R$ 140,41 para R$ 181,05. O número de unidades foi de 5,17 para 6,32, alta de 11%. O formato oferece preços menores em compras de grandes quantidades. No período, o atacarejo apresenta o maior patamar em média de valor gasto e itens para todas as cestas.
O pequeno varejo também se destacou. Em um ano, o ticket médio saltou de R$ 31,47% para R$ 40,57. As unidades vendidas, no primeiro semestre de 2021, passou de 5,17 para 6,32, no segundo semestre.
O valor gasto no supermercado teve um crescimento menor em 12 meses, indo de R$ 52,79 para R$ 58,32. Enquanto o número de produtos vendidos caiu de 8,84 unidadespara 8,52.
Itens mais consumidos
Apesar de ser um dos itens com maior incidência na cesta (24,3%), os legumes tiveram queda de 1,4 ponto percentual na comparação do primeiro semestre de 2021 com o de 2022.
O mesmo aconteceu com outros alimentos saudáveis. As frutas, que compõe 22,4% das compras, registraram queda de 2,9 pontos. Já as verduras registraram incidência de 7,4%, diminuição de 1,9 ponto percentual.
Além dos alimentos nutritivos, a cerveja foi o único produto com queda (- 0,1 ponto). O item representa 7,7% na compra.
Por outro lado, a venda de industrailizados cresceu. A incidência dos biscoitos (22,6%) subiu 3,5 pontos em um ano. Snacks e Salgadinhos, que somam 9,2% das compras, registraram alta de 2,3 ponto. Já o chocolate (10,7%) e o refrigerante (17,9%) cresceram 2,3 e 2,2 pontos percentuais, respectivamente.
Os ovos tiveram alta de 3,5 pontos. O produto atingiu uma incidência de 6,9%. O aumento indica a substituição da proteína.
Inflação
A comparação do primeiro semestre de 2021 com o mesmo período de 2022 mostrou que somente um produto teve diminuição no preço médio. Snaks e salgadinhos registraram queda de 1% e contabilizaram um custo de R$ 37,06. O chocolate tem o maior preço médio, R$ 47,67. uma variação de 18,2% em um ano.
Alimentos saudáveis tiveram uma alta considerável. Hoje, legumes custam em média R$ 6,61, alta de 48,9%. Enquanto, as frutas (R$ 5,69) e verduras (R$ 3,26) registraram crescimento de 28,9% e 11,2%, respectivamente.
Outros itens também tiveram altas consideráveis no período: biscoitos (26,6%), sabão para roupa (24%), frango (21,05%), ovos (17%), chocolate (18,2%) e refrigerente (13,2%).
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O Noroeste