O espaço em frente ao QG do Exército, em Brasília, e áreas vizinhas estão ocupados por bolsonaristas revoltados com a eleição de Lula para presidente. Montou-se, ali, um acampamento, uma praça de alimentação e uma feira onde se vende de tudo.
O site Congresso em Foco, em reportagem publicada, vai contar que até armas e spray de pimenta podem ser comprados. Mais de 70 caminhões estão estacionados por perto. A maioria deles veio do Mato Grosso, Goiás, Bahia e Santa Catarina.
Em ofício ao governo do Distrito Federal, o Comando Militar do Planalto pede a “aplicação de multas e reboque de veículos”, o “policiamento ostensivo com efetivos e viaturas para coibição de delitos e crimes” e “o controle de ambulantes e barracas”.
Classificado de “urgentíssimo”, o ofício assinado pelo chefe do Estado-Maior do Comando Militar do Planalto, coronel Fabiano Augusto Cunha da Silva, pede que não seja autorizada a entrada no local de carros de som e que se recolha o lixo produzido.
O coronel afirma que “as manifestações estão ocorrendo de forma ininterrupta”, que uma das vias foi fechada para o estacionamento de caminhões, e pede para que a secretaria não autorize a entrada de carros de som no local “caso isso seja solicitado”.
Procurado pelo jornal Folha de S. Paulo, o Comando Militar do Planalto informou que os manifestantes “se encontram de forma pacífica em frente ao quartel-general” e que o objetivo não é retirá-los dali, mas reforçar a “segurança desses brasileiros”.
Generais ouvidos disseram que os manifestantes devem se desmobilizar por conta própria ao perceberem que não haverá golpe de Estado. Quer dizer: os militares não acham nada demais a promoção de atos contrários à democracia.
E se os atos fossem protagonizados por militantes de partidos de esquerda inconformados com a derrota do seu candidato? Os militares chamariam a polícia? Ou sem disparar um só tiro ou bomba, dispersariam a turba com simples jorros de água?
Certamente, algum poder superior os impede de agir assim. Ou então são coniventes com a anarquia que seriam incapazes de tolerar se partisse dos que pensam diferente deles. Dando-se conta ou não, ignoram o que está escrito na Constituição.
O ministro Alexandre de Moraes, que leva a democracia a sério, determinou às Polícias Militares, a Federal e a Polícia Rodoviária Federal que informem em 48 horas a identificação de todos os veículos que participaram de bloqueios a rodovias e a quartéis.
Moraes quer saber se foram identificados “os líderes, organizadores e financiadores dos atos antidemocráticos, com a remessa dos dados e providências realizadas.” Agentes federais foram alvos de tiros e de violência no Pará e em Santa Catarina.
Está prevista para amanhã a divulgação dos resultados da auditoria feita pelo Ministério da Defesa nas urnas e na apuração dos votos. Para crescer, a sedição bolsonarista alimenta a esperança de que ela pelo menos registre suspeitas de fraude.
Fonte: Metrópoles