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Banidos de hotéis, excluídos de escolas, vítimas de comentários racistas: coronavírus provoca histeria mundial contra chineses

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Alvos frequentes de racismo, os orientais veem as discriminações se agravarem em vários países durante a epidemia do coronavírus. Em alguns locais, a situação começa a beirar a histeria coletiva, com atitudes que têm constrangido e revoltado cidadãos chineses.

Na Europa, América do Norte ou até mesmo na Ásia, os chineses estão sendo vítimas de discriminação. “Parem de comer morcegos!”, escreve um internauta tailandês no Facebook. “Não é surpreendente que vocês sejam responsáveis pelo surgimento de novas doenças”, diz uma publicação ao lado de um vídeo que mostra um homem comendo carne crua.

No Vietnã, que foi ocupado durante séculos pela China, um hotel de Danang se recusou a receber turistas chineses. Em Padang, na ilha indonésia de Sumatra, turistas chineses foram assediados por moradores que carregavam bandeiras com mensagens que sugeriam que voltassem para a China.

O Canadá, país conhecido pela cordialidade de seus habitantes, também registrou casos de racismo contra chineses. Em Toronto, o prefeito John Tory fez um apelo em prol do fim da estigmatização contra os cidadãos de origem oriental, e das falsas notícias que circulam nas redes sociais sobre o coronavírus. Uma delas afirma que os 11 milhões de habitantes de Wuhan, epicentro da epidemia, vão morrer.

“É algo extremamente desagradável”

Integrante da Confederação de Comércio de Milão, Francesco Wu, denuncia nesta quinta-feira (30) um “racismo latente” à imprensa italiana. Segundo ele, grupos de mães no Facebook recomendam distância das famílias de lojas e restaurantes chineses na Itália por medo do coronavírus. “É algo extremamente desagradável, absurdo, que provoca revolta”, afirma o porta-voz da comunidade chinesa de Milão ao jornal La Stampa.

“Tememos episódios de discriminação e muitos já estão ocorrendo”, afirma Marco Wong, vereador em Prato, no Norte da Itália. “O preconceito não é apenas social, mas econômico, com uma forte queda da frequentação dos restaurantes chineses”, reiterou. De fato, os estabelecimentos chineses na Itália registram uma queda de 70% da clientela.

Exclusão de alunos orientais

Em Roma, no prestigioso conservatório de música Santa Cecília, a discriminação é oficial. Em um comunicado divulgado pela instituição, ele informa os professores que as aulas serão suspensas para “alunos de origem oriental”. Segundo o documento, os estudantes poderão voltar a frequentar o local após terem consultado o médico do conservatório em 5 de fevereiro.

A mesma medida foi divulgada pelo Conservatório de Como, no norte da Itália. Um comunicado afirma que todos os alunos que viajaram à China devem esperar ao menos 14 dias após os retorno às aulas.

As controversas atitudes têm continuidade mesmo após autoridades sanitárias italianas divulgarem recentemente uma carta afirmando que “não é necessário instaurar medidas restritivas nas comunidades escolares ou em relação à presença de estudantes chineses”.

Na França, cidadãos de origem oriental criaram a hashtag #JeNeSuisPasUnVirus (eu não sou um vírus), para denunciar os comportamentos preconceituosos. “Vamos parar com a histeria coletiva”, pedem os presidentes do Samu, François Braun, e da Associação dos profissionais de emergência do país (Amuf, sigla em francês), Patrick Pelloux. “As pessoas estão nos telefonando para dizer que viram uma pessoa de origem oriental espirrando na rua”, reclamam.

Navio bloqueado

Cerca de sete mil pessoas, entre elas seis mil passageiros, estão bloqueadas em um navio de cruzeiro no porto italiano de Civitavecchia, perto de Roma. O motivo: há casos suspeitos de coronavírus a bordo da embarcação da Costa Cruzeiros, anunciaram as autoridades de saúde locais nesta quinta-feira (30).

Um porta-voz do centro de saúde de Civitavecchia indicou que três médicos foram enviados a bordo para realizar exames nos possíveis contaminados. Os testes serão realizados no hospital Spallanzani, em Roma, especializado em doenças infecciosas.

Segundo a Costa Cruzeiros, duas pessoas foram colocadas em isolamento: uma turista de Macao, de 54 anos, e seu marido. O casal chegou a Milão em 25 de janeiro, vindos de Hong Kong. Eles embarcaram no navio em Savona, na Itália. A embarcação também passou por Barcelona, na Espanha, e por Marselha, na França.

China isolada

Pouco a pouco, a epidemia isola a China do mundo. Companhias aéreas de vários países suspenderam ou reduziram drasticamente seus serviços de chegada e partida do país, entre elas, Iberia, British Airways, Air France, Lufthansa e a indonésia Lion Air.

Já a Rússia decidiu fechar seus 4.250 km de fronteira com a China, para evitar a propagação do coronavírus em seu território. O primeiro-ministro russo, Mikhaïl Michoustine, não detalhou o prazo de duração dessa medida. As autoridades russas também decidiram restringir a concessão de vistos para os chineses nos postos de fronteira do extremo-leste da Rússia, no enclave de Kaliningrado e em São Petersburgo, que atrai muitos turistas chineses.

Vários países também estão retirando seus cidadãos da China. Um primeiro avião militar francês, com médicos a bordo, decolou de Paris para Wuhan, para trazer de volta à França 200 pessoas, nenhuma delas apresenta sintomas da doença. Já o Japão indicou que três dos 206 cidadãos que voltaram ao país de Wuhan estão infectados com o novo coronavírus.

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