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Gastos no cartão de crédito de ex-presidente Bolsonaro revelam abusos

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As despesas no cartão corporativo da Presidência da República, durante os quatro anos de Jair Bolsonaro (PL) revelam abusos, apadrinhamentos e desperdício de dinheiro público. Dados que vieram a público, nesta quinta-feira, revelam ao menos R$ 27,6 milhões gastos em hotéis de luxo, compra de sorvetes e cosméticos. As informações foram disponibilizadas pela Fiquem Sabendo – agência de dados públicos especializada na Lei de Acesso à Informação (LAI).

Os últimos lançamentos de notas fiscais, no sistema público, datam de 19 de dezembro, referente a compra de refeições. Ao todo, constam no sistema 22 CPFs de servidores responsáveis pelas compras, mas apenas dois concentram a metade das notas fiscais. Dos 59 tipos de despesas feitas com o cartão, os gastos com hotel foram os que mais consumiram recursos.

Ao menos R$ 13,6 milhões foram desembolsados em hospedagem: muitas vezes em locais de luxo. A prática contraria o discurso de Bolsonaro, que afirmava ser contrário a “esbanjar dinheiro público” quando é possível optar pela simplicidade. Chegava a usar uma caneta esferiográfica popular como exemplo.

Valor médio

Um dos fundadores da organização social, Luiz Fernando Toledo esclarece que foram feitos mais de 10 pedidos via LAI para se chegar aos gastos do cartão corporativo da Presidência, durante o último governo e todos foram negados sob o mesmo argumento, de que revelar as despesas poderia colocar em risco o presidente e familiares. Em todos os casos, a justificativa foi de que as informações seriam divulgadas depois do fim do mandato, baseado no inciso segundo do artigo 24 da LAI.

Entre os estabelecimentos beneficiados quantias exorbitantes está o Ferraretto Hotel, em Guarujá (SP), onde o agora ex-presidente costumava frequentar. Ao longo dos quatro anos, o estabelecimento recebeu R$ 1,46 milhão. Consultas na internet mostram que as diárias variam de R$ 436 (em promoção) a R$ 940. Assim, considerando um valor médio de R$ 500, o montante seria suficiente para mais de 2,9 mil diárias.

As dez maiores notas fiscais de despesas no cartão corporativo são de hospedagem, variando entre R$ 115 mil e R$ 312 mil. Mas, destaca-se na lista de gastos avantajados um pequeno restaurante de Boa Vista, em Roraima. Há uma nota de R$ 109 mil no Sabor de Casa, estabelecimento que fornece marmitas promocionais a R$ 20 e também faz entregas.

Motociatas

A nota fiscal é de 26 de outubro de 2021, quando Bolsonaro estava na cidade para verificar a situação de refugiados vindos da Venezuela. O mesmo local recebeu dois pagamentos – de R$ 28 mil e R$ 14 mil – em setembro do mesmo ano.

Em algumas padarias, os gastos também passavam de R$ 10 mil – quase oito salários mínimos de uma única vez. Por 20 vezes ao longo do mandato de Bolsonaro, foram realizados gastos significativos em uma das filiais da padaria carioca Santa Marta.

As notas fiscais variam de R$ 880 (menor valor) a R$ 55 mil (maior valor), com média de R$ 18 mil. Ao todo, o estabelecimento recebeu R$ 362 mil do cartão corporativo da Presidência. Um dos gastos – de R$ 33 mill – foi no dia 22 de maio de 2021, na véspera de uma motociata realizada no Rio de Janeiro. Esses eventos, com a divulgação dos dados sobre gastos no cartão corporativo, passam a ser alvo de suspeitas.

Frango e farofa

Entre os dias 9 e 10 de julho de 2021, Bolsonaro esteve na Serra Gaúcha e em Porto Alegre – onde foi seguido de moto por apoiadores. Nesses dois dias, foram gastos R$ 166 mil no cartão corporativo, em 46 despesas, concentradas em hospedagem, alimentação e combustível. Aparentemente, os gastos em viagens internacionais não estão na base de dados. É o caso das despesas entre 18 e 19 de setembro, em Londres, durante o funeral da Rainha Elizabeth.

Já em um mercado gourmet de Brasília, conhecido por quem aprecia a alta gastronomia, foram realizadas 1,2 mil compras, somando R$ 678 mil, gasto que não combina com quem diz gostar de comer frango com farofa.

O apadrinhamento a seus seguidores também aparece na lista. Ao menos duas compras na filial da Havan, estabelecimento do bolsonarista Luciano Hang, no Distrito Federal, foram feitas no total de R$ 460. Também foram adquiridos artigos em lojas de caça e pesca. Para ver TV durante as férias de janeiro do ano passado, em São Francisco do Sul (SC), gastou R$ 1,4 mil em serviço de antena parabólica – é o único gasto com assinaturas e periódicos que consta na fatura do cartão.

Correio do Brasil

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