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Liga das Nações ameaça aumentar ainda mais a distância entre o futebol europeu e o sul-americano

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Novo torneio limitou o número de amistosos no último ano; Entidades discutem como diminuir o impacto em escala mundial

Para acabar com uma série de amistosos vistos como esportivamente inúteis, e até chamados de “caça-níqueis”, os europeus agiram criando um novo torneio: a Liga das Nações da UEFA. Entretanto, sua criação é vista por dirigentes de fora do continente como o começo de uma profunda mudança na estrutura do esporte e uma forte ameaça de isolamento ao que hoje é chamado de “periferia do futebol”. Inclusive da América do Sul, mesmo com seus nove títulos mundiais – cinco do Brasil, dois da Argentina e dois do Uruguai. A nova competição europeia de seleções teve Portugal como campeão, a exemplo do que aconteceu na última Eurocopa, o torneio mais tradicional do continente.

No novo torneio, as 55 seleções da entidade são divididas em quatro ligas, como se fossem divisões. Os campeões de cada uma dessas “divisões” se encontram para semifinais e final. Essa fase decisiva acontece em um país específico, previamente definido. Na primeira edição, tudo aconteceu na casa do país que viria a ser o campeão, Portugal. Os quatro últimos colocados de cada liga caem para a divisão inferior, para a disputa do ano seguinte.

Além da alteração no mapa global do futebol, as apostas de futebol também foram impactadas com a Liga das Nações da UEFA. A tradicional seleção da Alemanha foi uma das rebaixadas na edição que inaugurou o torneio, derrubando os prognósticos mais otimistas em relação à envelhecida seleção alemã. A eliminação dos então atuais campeões do mundo na primeira fase da Copa da Rússia já havia surpreendido milhares de apostadores pelo mundo. A Liga das Nações da UEFA também dá quatro vagas para a Eurocopa de 2020, além de determinar o ranking geral da entidade para os sorteios das Eliminatórias.

A criação da Liga das Nações da UEFA está totalmente relacionada à disputa pelo poder e pelos contratos bilionários de patrocínio e transmissões no futebol internacional. O torneio começou a ser projetado exatamente há dez anos, quando dirigentes da UEFA se reuniram e chegaram a uma difícil constatação – os clubes estavam cada vez mais poderosos, ditando as regras do futebol no continente. Se o futebol de seleções ficasse limitado à Euro e à Copa do Mundo, existiria risco real de as federações e entidades que comandavam o futebol até então, perdessem protagonismo. Foi aí que Michel Platini, antigo presidente da UEFA, hoje banido do esporte por corrupção, e o seu vice, Gianni Infantino, que hoje é presidente da FIFA, pensaram na Liga das Nações.

O temor do aumento de disparidade entre continentes

Cartolas de diversas federações pelo mundo estão preocupados com a possível escassez de datas para enfrentarem as maiores seleções da Europa. Já o comando da seleção brasileira tem a opinião de que o impacto da Liga das Nações da UEFA não será tão grande para o Brasil, e que a chance de enfrentar grandes seleções continua a mesma. Para a CBF, apenas será preciso melhorar a programação, para que seja possível encaixar jogos contra os times mais fortes do velho continente e, consequentemente, aprimorar o desenvolvimento do jogo brasileiro.

Porém, os dirigentes que compõem o Conselho da Conmebol têm a preocupação de que os europeus só joguem entre si e acabem ficando ainda mais fortes. A hegemonia financeira dos clubes europeus já tem afastado os principais craques dos demais continentes de suas respectivas ligas de origem, enfraquecendo-as. A lista de convocação da seleção brasileira para a última Copa do Mundo já evidencia isso. Dos 22 convocados, 19 jogavam na Europa à época. Agora a missão é impedir que esse abismo se estenda às seleções.

Por esse temor, já existe um movimento para apresentar a questão à FIFA e iniciar uma discussão do impacto da Liga das Nações da UEFA. O intuito é reunir cartolas de outros continentes para negociar com a federação internacional. Na América do Sul, ainda não há consenso sobre como serão as eliminatórias para Copa, depois que foi definido que o continente tenha 6,5 vagas para 10 países afiliados à Conmebol. Há a dúvida se ainda faz sentido um torneio puramente classificatório nessas condições.

CBF tentou barrar torneio europeu junto à FIFA

Apesar de oficialmente afirmar que não vê problemas na realização da Liga das Nações da UEFA, a cúpula da CBF tentou impedir que o órgão que rege o futebol mundial desse permissão para a realização do torneio. O protesto da Conmebol e da CBF na FIFA, porém, não surtiu efeito. Afinal, um dos principais criadores da Liga das Nações da UEFA foi o então secretário-geral da entidade e atual presidente da FIFA, Gianni Infantino. Diante da efetivação do torneio europeu, a proposta que começa a ganhar forma é a de uma participação do Brasil em um novo torneio internacional, ainda indefinido.

As duas entidades levaram à FIFA a ideia de uma participação de seleções sul-americanas no torneio da UEFA, com uma espécie de triangular final entre os melhores das duas regiões. Mas os sul-americanos querem saber exatamente em que condições as seleções da região entrariam no evento. Porém, há resistência à ideia, já que ela traria o risco de uma redução no valor comercial da Copa do Mundo.

Outra opção estudada é a de criar um novo torneio entre times da América do Sul e da Ásia. Nesse caso, a possibilidade de confrontos com a China, Catar e outros pilares financeiros do futebol internacional poderia incrementar de forma importante a renda das seleções sul-americanas. Porém, com essa alternativa, permanece o temor de que essas seleções passem a formar uma espécie de “segundo escalão” do futebol mundial.

 

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