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Nicarágua intensifica violência contra membros da Igreja e opositores

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A violência e o cerco aos templos católicos da Nicarágua aumentaram na segunda-feira (18), em um momento de repressão do governo de Daniel Ortega a opositores que iniciaram greves de fome em duas igrejas para exigir a libertação de 139 “presos políticos”.

Os seguidores do presidente Daniel Ortega mantinham nesta terça-feira o cerco à Catedral de Manágua, onde invadiram a véspera para desalojar oponentes em greve de fome e atacar os padres, enquanto a polícia cercava o templo para impedir o acesso a ele.

“A catedral ainda está tomada por montes de pessoas do governo e o acesso é complicado porque a polícia e as forças de choque vigiam a entrada principal e as ruas adjacentes”, declarou à AFP Silvia Gutierrez, da coalizão de oposição Unidade Azul e Branca (UNAB).

A violência da repressão desencadeada por parte do governo sandinista foi alvo de crítica das Nações Unidas.

Depois que policiais cercaram durante todo a quinta-feira os arredores da igreja de San Miguel de Masaya e da catedral de Manágua, onde grupos de opositores jejuam como parte da campanha “Natal sem presos políticos”, a arquidiocese da capital da Nicarágua denunciou que partidários do governo invadiram a catedral de maneira violenta.

“Grupos violentos ligados ao governo invadiram e tomaram o controle da catedral de Manágua. Quando foram questionados pelo padre Rodolfo López e pela freira Arelis Guzmán, estas pessoas responderam com violência contra os religiosos”, afirmou arquidiocese, presidida pelo cardeal Leopoldo Brenes, em um comunicado.

Também quebraram os cadeados do campanário e outros pontos da catedral, acusou a igreja, que considerou o ocorrido uma “profanação” e pediu ao presidente Ortega que respeite os templos católicos.

A repressão aconteceu depois que a opositora Unidade Nacional Azul e Branco (UNAB), que reúne 92 grupos, anunciou novas ações de pressão contra o governo dentro de sua campanha “Natal sem presos políticos”.

A oposição pretende organizar “protestos rápidos, manifestações, greves de fome simultâneas e uma paralisação nacional que será coordenada com as empresas privadas”, afirmou Félix Maradiaga, um dos líderes da coalizão.

Ortega já chamou os bispos católicos de “golpistas” por seu apoio aos manifestantes que foram feridos durante os protestos de abril de 2018. O governo atribuiu o episódio a uma tentativa frustrada de golpe de Estado.

Na quinta-feira da semana passada, 11 mulheres iniciaram uma greve de fome na igreja San Miguel de Masaya para exigir a libertação dos opositores presos. O governo não reconhece, porém, a existência de presos políticos na Nicarágua.

Desde então, a polícia mantém um cerco ao templo para impedir o acesso às manifestantes. As autoridades também cortaram o fornecimento de água da igreja.

Na segunda-feira, outros nove opositores anunciaram uma greve de fome na catedral de Manágua como parte da mesma campanha.

Os policiais também cercaram e bloquearam o acesso à catedral, mas algumas horas depois simpatizantes do governo invadiram o local.

Fontes da oposição afirmaram que as pessoas em greve de fome conseguiram entrar em uma instalação anexa da catedral para prosseguir com o protesto.

O gabinete da alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, pediu nesta terça (19) que o governo da Nicarágua “acabe com a repressão persistente da dissidência”, diante da violência e do cerco aos templos católicos no país.

“Estamos muito preocupados com a situação de 13 pessoas que entraram em uma igreja na Nicarágua como uma forma de protesto e que foram cercadas pela polícia”, disse o porta-voz do Alto Comissariado, Rupert Colville.

“O governo deve acabar com a repressão persistente dos dissidentes”, acrescentou.

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