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Valtenir Pereira “se blindou” usando assessores para receber propina

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O delegado Carlos Henrique Cotta D’Ângelo, de Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal, afirmou que o ex-deputado Valtenir Pereira (DEM) se “blindou” de possíveis acusações usando assessores parlamentares para recebimento de propina. O caso está sendo investigado na segunda fase da Operação Tapiraguaia, deflagrada na madrugada desta quinta-feira (22).

A operação cumpriu 12 mandados de busca e apreensão, três prisões preventivas e sete medidas cautelares em cinco cidades de Mato Grosso e em Brasília (DF).

O ex-deputado, que hoje é suplente, teve mandado de busca e apreensão cumprido em sua residência em Cuiabá. Segundo o delegado, ele deve comparecer nesta tarde na sede da Polícia Federal para prestar esclarecimentos.

Carlos D’Ângelo conta que as investigações da PF apontam que Valtenir utilizava o cargo para que angariar recursos junto ao Governo Federal visando à construção de pontes em municípios de Mato Grosso.

O que se tem na investigação são os assessores dele [Valtenir Pereira] recebendo dinheiro e pagando as contas. Ele se blindou. Ele usa essas pessoas como laranja para se proteger. Mas dentro da perseguição do caminho do dinheiro, sabe-se que é dele, o interesse era dele, e a participação é dele”, disse o delegado em entrevista coletiva na manhã desta quinta-feira.

“Ele está indiciado. Para a Polícia Federal é o responsável por tudo isso, mas a Justiça não decretou a prisão”, explicou.

Dois assessores do ex-parlamentar foram presos. Um deles é Marcelo Luiz Faustino, preso nas primeiras horas dessa manhã e já está na sede da Polícia Federal, em Cuiabá. O outro não teve o nome divulgado.

Um terceiro mandado de prisão foi cumprido contra o ex-prefeito de Confresa (a 1.161 km de Cuiabá), Gaspar Lazzari (PSD).

Modus Operandi

Segundo a Polícia Federal, em Confresa, por exemplo, foram firmados contratos para a construção de oito pontes e apenas uma foi finalizada.

“Em Confresa seriam construídas oito pontes. Só uma foi construída – mal e porcamente. As outras não foram construídas, mas todas foram pagas. O dinheiro sumiu. Foi divido entre eles”, disse.

Já em Serra Nova Dourada (a 1.125 km de Cuiabá) foi destinado um montante para construção de dez pontes, mas nenhuma foi construída.

“Tudo foi liberado, pago. Entrava nas empreiteiras, as empreiteiras não faziam as obras e devolvia para ela a parte da propina”.

Segundo a PF, cerca de R$ 601 mil teriam sido utilizados para pagamentos de propina.

O esquema

Conforme a Polícia Federal, Valtenir Pereira (MDB), no período entre 2014 a 2016, teria montado um esquema criminoso em conluio com empresários e prefeitos de Confresa e Serra Nova Dourada.

As investigações mostram que o então deputado teria viabilizado a realização de convênios entre o Ministério da Integração Nacional e as prefeituras, amparando-se na justificativa de construção de pontes de concreto emergenciais, devido às enchentes provocadas pelas chuvas.

Segundo a PF, os prefeitos, beneficiados com os recursos federais, realizariam licitações com irregularidades, combinando previamente com os empresários contratados para a execução das obras.

Conforme a polícia, os políticos exigiam propinas a essas pessoas, na medida em que fossem realizados os pagamentos.

A PF ainda aponta que os valores utilizados nas propinas provinham na maioria das vezes de medições fraudulentas, como atestados de serviços não realizados ou realizados a menor.

Os montantes seriam repassados aos gestores municipais e ao ex-deputado, por meio de depósitos/transferências em contas de terceiros.

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