A defesa do fazendeiro suspeito de ter matado uma onça-pintada no Pantanal mato-grossense e depois gravar um vídeo zombando dela morta, afirma que o vídeo é antigo e que o suspeito não havia matado o animal. O suspeito, Benedito Nédio Nunes Rondon continua foragido.
No vídeo que está circulando, o suspeito aparece ao lado da onça morta, com uma pistola em cima do corpo do animal.
Durante a filmagem, ele confessa o crime e diz que matou a onça no domingo e ainda deprecia o corpo do animal silvestre falando que o felino ‘não valia nada’ e que se fosse uma fêmea aproveitaria para ter relações sexuais com o animal.
O suspeito teria outras armas de fogo, além de couro, patas e outros materiais decorrentes de caça ilegal de animais silvestres em sua casa e na fazenda. A informação foi confirmada pela Polícia Civil, nesse sábado (2).
No último domingo (3), o advogado do fazendeiro contestou a informação repassada pela polícia de peças de caça ilegal estariam em posse do acusado. Também negou que ele seja caçador e responsável pela morte da onça.
Segundo manifestação do advogado Anderson Nunes de Figueiredo, os vídeos são antigos e foram editados e divulgados, o que poderá provar isso em perícia judicial.
Ele afirma que o vídeo foi gravado há mais de um ano e que quando Benedito chegou no local onde foram feitas as gravações, o animal já estava morto.
Disse ainda que a arma que aparece no vídeo não foi a usada para matar o animal e que Benedito se arrepende do que falou nas gravações e que foi uma brincadeira de mau gosto.
A defesa não informou se ele vai se apresentar à polícia.
Outro ponto atacado é o tamanho da lesão no animal, destaca que não é compatível com o calibre da airsoft que aparece na filmagem.
Na sexta-feira (1°), as equipes da Polícia Civil e Militar realizaram buscas na casa do fazendeiro e apreenderam uma espingarda de calibre .22.
Benedito Nédio Nunes Rondon também teve a prisão preventiva decretada, mas não foi localizado na propriedade e é considerado foragido.
A espingarda apreendida e encaminhada para a Delegacia de Poconé será utilizada como prova nas investigações do inquérito policial.
O delegado de Poconé, Maurício Maciel Pereira Júnior, representou com pedido de urgência os mandados de prisão preventiva e busca e apreensão contra o suspeito pelos crimes ambientais de matar animal silvestre, guardar produtos oriundos de animal silvestre, posse e porte ilegal de arma de fogo.
As ordens judiciais foram deferidas pela Justiça, na sexta-feira (1º). Durante o cumprimento dos mandados, o suspeito não foi localizado e nem a arma que aparece no vídeo.
Investigações
De acordo com o delegado Maurício Maciel Pereira, na fazenda, foi encontrada a mulher do suspeito, que afirmou que o marido possui armas na propriedade. No entanto, a pistola que aparece com o suspeito no vídeo com a onça não foi localizada.
Segundo o delegado, dois irmãos de Benedito que também estavam no local informaram que ele saiu da fazenda ainda na sexta-feira para ir até a cidade, mas não foi mais encontrado e não fez mais contato com a família.
Ao ser identificado pelo vídeo divulgado, os policiais conseguiram a localização da propriedade do homem pelo Cadastro Ambiental Rural (CAR). Uma equipe da Polícia Militar de proteção ambiental esteve no local para tentar localizar o suspeito e materiais usados na caça, mas não conseguiram.
Os policiais encontraram apenas uma espingarda com uma munição intacta, em um curral próximo da sede da propriedade. A arma foi apreendida e encaminhada para a Delegacia de Poconé, como material das investigações do caso.
O que diz a lei
O crime de caça, previsto no Art. 29 da lei 9.605/1998, na seção dos crimes contra a fauna, prevê pena de detenção de seis meses a um ano, e multa.
O artigo diz o seguinte: Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida.
G1-MT