Na tarde do último dia 24, Brasília foi surpreendida pela segunda vez com uma tentativa de ação terrorista. Ao contrário da primeira vez, no dia 12, quando apoiadores de um golpe militar em favor de Jair Bolsonaro (PL) desceram do acampamento montado em frente ao quartel-general do Exército e incendiaram veículos no centro da cidade em resposta a um mandado de prisão, o último ato foi protagonizado por uma pessoa, que pretendia explodir uma bomba próxima ao Aeroporto de Brasília. De acordo, porém, com o que ele disse à polícia ao ser preso, o terrorista tinha cúmplices ou, pelo menos, outras pessoas que sabiam das suas intenções.
O terrorista, que nas horas vagas é empresário no Pará, George Washington de Oliveira Souza, de 54 anos, assumiu suas intenções em seu depoimento para a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). Defensor radical da política armamentista de Bolsonaro, ele se utilizou de seu registro de caçador, atirador e colecionador (CAC) para montar um arsenal, e transportou em sua caminhonete de seu estado até a capital. Seu plano era distribuir suas armas com os demais acampados e lutar em favor do presidente.
Para gerar um golpe militar
Em seu depoimento, Washington demonstra ter tido de fato a esperança em um golpe militar. Afirma ter tido contato com generais de dentro do quartel-general, e confessou ouvir, na noite da onda de terrorismo em Brasília, o aviso dos policiais militares de que nada seria feito contra os manifestantes desde que não os atacassem. “Ali ficou claro para mim que a PM e os bombeiros estavam ao lado do presidente, e que em breve seria decretada a intervenção das Forças Armadas”, declarou.
A demora para o golpe que não aconteceu, porém, o levou a discutir com outros manifestantes um meio de forçar um Estado de Sítio “para impedir a instauração do comunismo no Brasil”. Um plano foi montado com três etapas: primeiro, explodir uma bomba no estacionamento do Aeroporto de Brasília. Em seguida, fazer uma denúncia anônima às forças policiais afirmando ter plantado explosivos na zona de embarque. Por fim, explodir a central de energia de Taguatinga, quarta maior cidade do DF e seu principal centro comercial.
Outros voluntários
O plano envolvia outros voluntários no acampamento, incluindo “uma mulher desconhecida” que alimentou a ideia de explodir a central energética, manifestantes que arranjaram para ele o material para acionar as bananas de dinamite que trouxe consigo do Pará, e outro cúmplice identificado como “Alan”, que se ofereceu para executar o atentado terrorista. Washington planejava originalmente explodir a central elétrica, mas o colega decidiu deixar o artefato no aeroporto.
Washington soube da bomba no aeroporto pela televisão, no apartamento onde se mantinha hospedado em um bairro próximo ao acampamento. No mesmo dia, percebeu a movimentação de policiais ao redor do prédio, e se preparou para fugir da cidade no dia seguinte. Chegada a noite, a Polícia Civil o levou para a delegacia, onde prestou depoimento. O terrorista segue em prisão preventiva, não mais na delegacia mas no Complexo Penitenciário da Papuda. Os demais possívels cúmplices ainda não foram identificados e presos.
congressoemfoco