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Sob liderança de papa Francisco, Vaticano enfim se despede de Bento 16

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Diante de uma praça São Pedro lotada, o papa Francisco celebrou na manhã desta quinta (5), o funeral do papa emérito Bento 16, morto no último dia 31, aos 95 anos. A cerimônia, que durou 75 minutos, começou às 9h30 (5h30, no horário de Brasília), sob a neblina de uma manhã fria de Roma. Por volta das 10h45, o caixão foi levado, sob aplausos do público, para dentro da basílica, onde será enterrado na cripta.

Em cadeira de rodas, Francisco chegou ao altar pouco antes das 9h30. Em sua homilia, o papa leu um trecho da Regra Pastoral, livro escrito pelo papa Gregório 1 no século 6, que faz referência às dificuldades enfrentadas por Ratzinger.

Ao convidar um amigo a lhe fazer companhia espiritual, Gregório 1 disse, na leitura de Francisco: “No meio das tempestades da minha vida, conforta-me a confiança de que tu manter-me-ás à superfície sobre a tábua das tuas orações e, se o peso das minhas culpas me abater e humilhar, emprestar-me-ás a ajuda dos teus méritos para me elevar”.

“É a consciência do pastor que não pode carregar sozinho aquilo que, na realidade, nunca poderia sustentar sozinho e, por isso, sabe abandonar-se à oração e ao cuidado do povo que lhe está confiado”, disse o papa. “Bento, fiel amigo do Esposo [Jesus Cristo], que a tua alegria seja perfeita escutando definitivamente e para sempre a sua voz”, finalizou o argentino.

A cerimônia aconteceu após três dias de velório na basílica, onde o corpo exposto do papa emérito foi homenageado por cerca de 195 mil pessoas, entre fiéis e curiosos. As visitas foram encerradas às 19h (15h em Brasília) desta quarta (4), e o corpo colocado em um caixão de cipreste preparado para o funeral.

Primeiro papa a renunciar em quase seis séculos, Ratzinger tem um funeral com protocolos semelhantes aos de um papa que ficou no cargo até a morte. Na noite da quarta, o caixão foi fechado com, dentro, medalhas e moedas criadas em seu papado, além do texto que descreve brevemente sua vida.

Chamado de rogito, o documento em latim o define como um papa que colocou o tema de Deus e da fé no centro do seu pontificado. “Dotado de vasto e profundo conhecimento bíblico e teológico, teve a extraordinária capacidade de elaborar sínteses esclarecedoras sobre os principais temas doutrinários e espirituais, bem como sobre as questões cruciais da vida da Igreja e da cultura contemporânea”, diz.

No fim, o texto faz menção a um dos marcos do seu pontificado -a crise dos casos de pedofilia cometidos por padres. “Lutou com firmeza contra os crimes cometidos por representantes do clero contra menores ou pessoas vulneráveis, chamando continuamente a Igreja à conversão, à oração, à penitência e à purificação.”

Sob aplausos dos fiéis presentes, o caixão de Bento 16 deixou a basílica às 8h45 (horário local) para ser colocado no altar montado na praça em frente. Os presentes, então, rezaram o terço por cerca de 45 minutos, até o início da missa.

A missa fúnebre presidida por Francisco teve início pouco depois, às 9h30 (5h30 em Brasília). O pontífice argentino, que sofre com dores no joelho devido a um ligamento rompido, deve permanecer a maior parte da cerimônia sentado diante do caixão.

A missa é concelebrada por cerca de 120 cardeais, 400 bispos e quase 4.000 padres. Ao final, Francisco deve borrifar água benta no caixão e dizer em latim: “Gracioso Pai, recomendamos à sua misericórdia ao papa emérito Bento, feito pelo senhor sucessor de Pedro e pastor da Igreja, um destemido pregador da sua palavra e um fiel ministro dos mistérios divinos”.

Um coro, então, cantará em latim: “Que os anjos o conduzam ao paraíso; que os mártires venham e o recebam e o levem à cidade santa, a nova e eterna Jerusalém”.

Após a missa comandada por Francisco, funcionários devem levar o corpo de Bento 16 de volta à basílica. O caixão, então, será envolto em outros dois: um intermediário, de zinco e adornado com uma cruz, e um externo, feito de nogueira e fechado com pregos de ouro.

Atendendo a um desejo manifestado em vida por Bento 16, ele será enterrado na mesma cripta onde o corpo de João Paulo 2º ficou até 2011, quando, já beatificado, foi levado a uma outra capela.

Bento 16 ficará marcado pela decisão surpreendente, em 11 de fevereiro de 2013, de renunciar ao papado. Desde Gregório 12, em 1415, um pontífice não deixava por conta própria a chefia da Igreja Católica.

Jornais italianos disseram, à época, que ele estava enojado com escândalos sexuais e financeiros na alta hierarquia do Vaticano. Mas a versão acabou não se confirmando, o que favoreceu a tese de que ele, enfermo e três encíclicas depois, estava debilitado pela rotina de quase oito anos de pontificado.

Bento 16 morreu às 9h34 (5h34 pelo horário de Brasília) de sábado, segundo a Igreja Católica. No último dia 28, o papa Francisco havia pedido orações, dizendo que o antecessor estava muito doente.

Embora apenas duas delegações tenham sido convidadas oficialmente pelo Vaticano, as da Itália e da Alemanha, onde Joseph Ratzinger nasceu, diversos líderes políticos e chefes de Estado estiveram presentes.

Além dos presidentes Sergio Mattarella e Frank-Walter Steinmeier, e dos respectivos primeiro-ministros, Giorgia Meloni e Olaf Scholz, participaram o presidente da Polônia, Andrzej Duda, com o premiê Mateusz Morawiecki, o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, a rainha Sofia, da Espanha, e o rei Felipe.

POR FOLHAPRESS

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