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RETALIAÇÃO Ao mesmo tempo em que pressiona o Brasil com sobretaxas e traições, Trump consegue vantagens comerciais

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O Brasil afaga os Estados Unidos, mas só recebe punhaladas em troca. Enquanto o presidente Jair Bolsonaro faz declarações de fidelidade e de alinhamento de interesses com os americanos, o presidente Donald Trump reage com desprezo e retaliações comerciais. Sua última demonstração de que considera o Brasil um parceiro de negócios secundário e submisso veio de um tuíte publicado na segunda-feira 2, quando declarou que irá estabelecer sobretaxas de 25% para o aço e de 10% para o alumínio produzidos em países latino-americanos.

Trump alegou que a medida, totalmente arbitrária, se deve à desvalorização do real e do peso. “Brasil e Argentina desvalorizaram fortemente suas moedas, o que não é bom para nossos agricultores”, justificou ele. “Por isso, com vigência imediata, restabelecerei as tarifas de todo aço e alumínio enviados aos Estados Unidos por esses países”. Embora ainda não tenha sido oficializado, o anúncio causou enorme perturbação no mercado. “O malefício está feito e todas as negociações estão paralisadas”, disse o presidente do Instituto Aço Brasil, Marco Polo Lopes. “A sobretaxa de 25% inviabiliza nossas exportações”.

Vantagem comercial

O que Trump faz é atacar despropositadamente o Brasil com a falta de reciprocidade na relação entre os dois países. Ao mesmo tempo em que pressiona a indústria brasileira com sobretaxas e pequenas traições, Trump consegue vantagens comerciais. Em novembro, o Brasil aceitou estabelecer, por exemplo, uma cota livre de tarifa de importação de 750 mil toneladas de trigo americano.

Também aumentou de 600 milhões para 750 milhões de litros a cota de importação anual de etanol dos Estados Unidos sem tarifa. Para completar, o Brasil aceitou abrir mão do direito a um tratamento diferenciado na Organização Mundial do Comércio (OMC) para entrar, com o apoio americano, na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o clube dos países mais ricos do mundo. O governo Trump, porém, frustrou as expectativas brasileiras e vai dar preferência para Argentina e Romênia na OCDE.

A idolatria de Bolsonaro por Trump não tem trazido qualquer resultado prático positivo e se mostra inútil em vários aspectos. Depois do anúncio da sobretaxa, Bolsonaro precisou dizer que a desvalorização do real não é proposital, algo que o próprio Trump deve saber. “Não é um exagero. O mundo está globalizado, a própria briga comercial entre Estados Unidosl e China influencia o preço do dólar aqui. Nós não estamos aumentando artificialmente o preço do dólar”, declarou. “Estou conversando. Pode ver, nós importamos etanol deles. Ele querem, já está bastante avançado, mandar trigo para a gente. Agora, nós somos os pobres da história. Não sei quantas vezes a economia deles é maior do que a nossa. A gente está com chumbinho, eles estão com .50. Acho um certo exagero no que está acontecendo”. Exagero ou não, o fato é que o prejuízo está ficando na conta do Brasil.

Como acontece com o aço, a sobretaxa também causará grandes problemas para os exportadores de alumínio. Segundo o presidente da Associação Brasileira do Alumínio (Abal), Milton Rego, Trump cometeu um equívoco ao pretender penalizar o alumínio, já que o produto foi sobretaxado pelos Estados Unidos em 10% no ano passado. Entre janeiro e outubro deste ano o Brasil exportou um total de 119,5 mil toneladas de produtos manufaturados de alumínio e os Estados Unidos foram o destino de 43% dessas vendas, comprando o equivalente a 52 mil toneladas.

O metal exportado pelo Brasil representa 3% do consumo do produto no mercado americano. “Mesmo que a sobretaxa não entre em vigor já aumentou a dificuldade nas negociações entre importadores e exportadores”, disse Rego. “Os Estados Unidos são o principal mercado importador do Brasil e, diante da fala de Trump, o comprador do nosso alumínio fica incomodado e adia negócios”. Para os produtores de aço, o mercado americano também é fundamental. Os Estados Unidos compram 42% do aço brasileiro exportado, o que garante uma receita de US$ 2,6 bilhões. É um dinheiro que vai desaparecer se Trump levar sua ideia protecionista adiante. Pelo jeito, se for depender da boa vontade americana, Bolsonaro vai ficar falando sozinho.

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