Estado com maior número de casos do novo coronavírus no País, São Paulo registrou um recorde de mortes pela doença, com 224 óbitos, um aumento de 12% em relação ao número divulgado na segunda-feira, 27. Com isso, São Paulo já contabiliza 2.049 mortes. A informação foi divulgada em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes. “Como não temos uma fila de testes, isso significa que esses novos casos foram confirmados e são desses dias, por agora”, afirmou o secretário estadual da Saúde, José Henrique Germann.
Chefe do Centro de Contigência da Covid-19 no Estado, o infectologista Davi Uip afirmou que “o balanço de óbitos nas últimas 24 horas é o mais importante até então.”
O Estado tem 24.041 casos confirmados da doença, com 2.300 novos casos, um aumento de 11%.
De acordo com o balanço, 81% dos leitos de UTI na Grande São Paulo estão ocupados. No Estado, esse índice é de 61,6%. De acordo com Germann, 1.437 pessoas estão internadas em UTI. Em enfermaria, há 1.800 pacientes internados. A taxa de ocupação nesses leitos é de 44,5% no Estado e 70% na região metropolitana.
“Estamos chegando em um limite perigoso”, afirmou Geraldo Reple Sobrinho, secretário municipal de Saúde de São Bernardo do Campo e presidente do Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo (Cosems/SP). “Quando se atinge 80%, (de ocupação de leitos de UTI) começa a ter um certo risco muito aumentado. Porque a média de permanência de um doente da covid-19 em UTI é de mais de 15 dias. Em um leito de UTI, eu consigo colocar dois pacientes por mês”, disse Sobrinho, que participou da coletiva e é membro do Centro de Contigência.
Questionados sobre a possibilidade de flexibilização da quarentena no Estado, que é válida até o dia 10 de maio para os 645 municípios paulistas, tanto Germann quanto Uip afirmaram que essa flexibilização “ainda está em análise”.
“Não há possibilidade nenhuma de relaxamento antes do dia 10 e isso serve para todo o Estado”, frisou Uip.
“Estamos com quarentena até dia 10. O que manda (sobre a flexibilização) são os números e dados que vamos analisando a cada dia”, disse Germann.
A taxa de isolamento social oscilou e apresentou queda nos últimos dias, ficando em 48% novamente nesta segunda-feira, 27. “Estamos em alerta amarelo. Isso é muito perigoso”, disse Germann. De acordo com o governo do Estado, a meta é de 60% de isolamento. O ideal é 70%, a fim de evitar o colapso do sistema de saúde.
Uip frisou que é importante que as pessoas continuem em casa. “Não há plano B. Vejo movimento maior nas ruas. Mas estamos em um momento de muita tensão. Parte da população está acatando e o Estado está funcionando, de alguma forma”, disse.
O governador João Doria (PSDB), que não participou da entrevista desta terça-feira, já havia afirmado que, se as taxas de isolamento continuarem baixas, pode não haver flexibilização da quarentena na região metropolitana.