A 4ª Vara Cível de Sinop deferiu no último dia 19 o processamento da recuperação judicial do Grupo Konzen, organização que atua no agronegócio na região de Tabaporã. As dívidas do grupo comandado pelos empresários João e Helena Konzen – pais – e Amanda e Alfredo Konzen – filhos – somam R$ 96 milhões.
Em seu pedido de recuperação judicial, feito pelo escritório RJV Advogados, de Cuiab, foi argumentado que organização sofreu com “eventos climáticos”, bem como com a pandemia no novo Coronavírus (Covid-19), que acabaram gerando um “desencaixe financeiro que fez com que entrassem com a ação para renegociar o passivo e manter-se no mercado”. O grupo é um dos pioneiros na região de Tabaporã na agricultura e também madeira.
Ao Folhamax, o advogado Julierme Romero, sócio da banca, explicou que “devido a sucessivas safras ruins em face da atípica instabilidade climática da região, o grupo se viu obrigado a aumentar o seu endividamento de modo a permitir o plantio das safras futuras, assumindo compromissos com juros altíssimos”. Segundo o jurista, “nesse momento de crise as taxas de juros que eram praticadas em torno de 8%,subiram para 20% ao ano em média, o que aumentou ainda mais as dificuldades enfrentadas”.
Para o advogado Rubem Vandoni, também sócio do escritório, “a expectativa é que os credores, reconhecendo que a crise é geral e não fruto de desvios ou fraudes, tenham maior sensibilidade em entender esse momento passageiro e sentem à mesa para renegociar a dívida em bases que lhes satisfaçam e que caibam na geração de receita do grupo” e concluiu que “mais do que nunca, diante da instabilidade climática atípica em todo o Estado, o Poder Judiciário terá importante papel para equilibrar os interesses de modo a permitir que as atividades em crise possam se soerguer, não comprometendo a atividade que é a mola propulsora da nossa economia”. O juízo de Sinop nomeou como administrador judicial o advogado Daniel Brajal, que está radicado em São Paulo (SP).
Este ano o número de recuperações judiciais de produtores rurais aumentou exponencialmente em comparação com anos anteriores. O fenômeno climático “El Niño” tem sido frequentemente indicado como um dos fatores da crise, aliado a baixa do preço das commodities no mercado internacional e aos juros maiores que vem sendo praticados no mercado.
“A expectativa é que o ano de 2024 seja ainda mais intenso em recuperações judiciais do setor agrícola destacando que cidades importantes como Sorriso, Tabaporã e Canarana, dentre outras grandes e tradicionais produtoras de grãos, já decretaram estado de emergência devido a falta de chuvas”, alertaram os advogados do escritório RJV Advogados.
Fonte: Folha Max