A benzedeira Francisca Correa Costa, de 107 anos, que já passou pela varíola e gripe espanhola, agora enfrenta a pandemia do novo coronavírus em sua casa. Cega, ela não atua mais como benzedeira, mas diversas pessoas ainda a procuram em Chapada dos Guimarães (a 60 km de Cuiabá), onde vive, em busca de conselhos.
Com pouco menos de 1,45 m e cabelos completamente brancos, Francisca acredita que precisamos de sentimentos que parecem faltar neste momento: fé e bom senso. “Para a cura da Covid-19 também é preciso buscar com mais fé”, diz. “Precisamos ficar em casa e evitar contato físico com as pessoas de fora”, completa.
Dona Francisca é uma das últimas benzedeiras de Chapada dos Guimarães. Ela nasceu na região de Lixeira, na comunidade de Lagoinha do Baixo, zona rural do Município. Vó Francisca, como é conhecida, é mãe de 12 filhos e parteira desde os seus 10 anos de idade.
“No momento ela não está mais benzendo devido a perda de sua visão. Nós temos medo dela se queimar com as velas. Mais direto tem pessoas querendo que ela benze, tem algumas que entende a preocupação dos filhos tem outras que não. E tem algumas que vão lá só para conversar com ela e pedir conselhos.”, explica Luciana Corrêa da Costa.
Dona Francisca acredita que foi o seu dia a dia de mulher quilombola, que trouxe tanta gente à vida neste mundo como parteira, que a faz ser procurada com tanta regularidade. “Foram os partos que me fizeram conhecida. É por isso que depositam toda confiança nas bênçãos”, explica a idosa.
Fonte: Olhar Direto/José Lucas Salvani