
O delegado da Polícia Civil João Antônio Batista Ribeiro Torres teve prisão preventiva revogada na terça-feira (25) por decisão da Primeira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso. João Antônio é acusado de assédio sexual contra servidoras da Delegacia de Lucas do Rio Verde, onde atuava.
Entre as medidas cautelares impostas estão monitoramento por tornozeleira eletrônica, proibição de se aproximar das vítimas e testemunhas em um raio de distanciamento mínimo de 500 metros, ou mesmo de manter contato, por qualquer meio, com as vítimas e testemunhas, além de recolhimento domiciliar no período noturno.
De acordo com informações da Polícia Civil, a Corregedoria-Geral da instituição ainda não foi comunicada oficialmente sobre os fatos, mas já tomou conhecimento da decisão de soltura do delegado, em razão de habeas corpus, que prevê medidas restritivas diversas da prisão.
Em fevereiro deste ano, antes da sua prisão, o delegado já havia sido removido pela Diretoria da Delegacia de Lucas do Rio Verde para Campo Novo do Parecis, em razão das investigações da Corregedoria. Contudo, ele ainda não se apresentou na Regional de Tangará da Serra, a qual sua atual unidade de lotação é vinculada.
João Antônio atuava na delegacia de Lucas do Rio Verde e foi preso em 11 de fevereiro deste ano na rodoviária de Cuiabá, quando voltava de uma viagem feita para Minas Gerais. Na época, um mandado de busca e apreensão foi cumprido na casa do delegado.
As medidas, representadas pela corregedoria do órgão, foram acolhidas pelo Ministério Público e decretadas pela Justiça de Lucas.
Segundo apurado pela reportagem, pelo menos cinco vítimas diferentes do delegado foram ouvidas e declararam às autoridades policiais que nos anos de 2022, 2023 e 2024, em repetidas ocasiões, o policial fez comentários constrangedores, sexistas, e se aproximava maliciosamente das servidoras, tocando-as contra sua vontade e dando beijos forçados. Além disso, existem registros das mesmas práticas desde o ano 2000, quando o investigado ainda era Delegado de Polícia em Porto dos Gaúchos.
Também pesam sobre o delegado acusações de recebimento de propina. Em um relatório de aproximadamente 100 páginas são imputados ao menos 8 apontamentos em casos como movimentações financeiras ilícitas, lavagem de dinheiro, cobrança indevida, omissão na apuração de crimes e assédio contra uma servidora envolvendo o delegado.
Num deles, o delegado teria solicitado R$ 30 mil para não instaurar inquérito policial contra um motorista após acidente de trânsito. Ele ainda teria recebido R$ 40 mil de um advogado para arquivar um inquérito relacionado à falsidade ideológica em documentos de propriedade rural.
Além disso, é apontado também que ele teria cobrado valores em troca de proteção e recebido vantagens indevidas para não dar andamento às investigações que apuravam crimes de uma empresa.
Fonte: Redação/com Gazeta Digital