Pela primeira vez na história, o dólar alcançou R$ 6 nesta quinta-feira, 28 de novembro, com o mercado reagindo às expectativas sobre o detalhamento do novo pacote econômico do governo. Enquanto isso, o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, opera em queda, refletindo as incertezas em torno das medidas.
Na manhã desta quinta, os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Simone Tebet (Planejamento) e Rui Costa (Casa Civil) realizaram uma coletiva para explicar o pacote anunciado na noite anterior.
Em resposta, o gestor da pasta disse:
“Vamos ver como isso acomoda. À medida que você vai explicando, as pessoas vão entendendo. Havia também uma confusão muito grande em relação à reforma da renda, que eu acredito que seja o que esteja dando o maior ruído. Não são as medidas apresentadas aqui”, disse o ministro depois de reunião com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e líderes da Casa.
De acordo com o ministro, a equipe econômica já sabia que debater a renda exigiria aprofundamento, e é por isso que a proposta de toda mudança sobre a renda vai ficar para ser discutida no ano que vem.
“Nós sabemos que o debate da renda iria exigir um aprofundamento. Não é uma matéria que vai ser votada esse ano, nem deveria ser votada este ano pelo fato de ser uma matéria que tem que contar com o debate da opinião pública. É uma matéria que nunca foi enfrentada a rigor”, argumentou o ministro.
Principais medidas do pacote econômico
O plano prevê cortes de R$ 70 bilhões nos gastos públicos em 2025 e 2026, incluindo:
Limitação ao crescimento do salário mínimo.
Restrições ao abono salarial.
Imposto de até 10% para pessoas com renda acima de R$ 600 mil anuais.
Outra medida relevante é a isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil por mês, promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Atualmente, o limite de isenção é de R$ 2.824.
Impacto no mercado financeiro
Embora o pacote tenha alcançado o objetivo de projetar cortes substanciais, o mercado financeiro reagiu com preocupação à isenção do IR, que pode gerar um custo elevado para o governo.
Corte de gastos: Haddad anuncia pacote fiscal de R$ 70 bilhões
Com o objetivo de adequar a explosão de gastos públicos nos próximos anos e dar sobrevida ao arcabouço fiscal em vigor desde o ano passado, o Governo Federal anunciou, na noite da quarta-feira, 27 de novembro, um pacote de corte de gastos obrigatórios. Estimada, segundo a equipe econômica, em R$ 70 bilhões em dois anos (R$ 30 bilhões em 2025 e R$ 40 bilhões em 2026), a economia de recursos foi detalhada na manhã desta quinta (28) pelos ministros da Fazenda, Fernando Haddad; do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet; e da Casa Civil, Rui Costa.
Entre os principais pontos da proposta de contenção de gastos estão a redução a médio prazo do abono salarial e um teto no reajuste do salário mínimo. Para distribuir o impacto dos cortes aos mais ricos, o governo propõe acabar com brechas que burlam o teto dos supersalários no serviço público e reformar a previdência dos militares.
O pacote também prevê a limitação na concessão de benefícios fiscais enquanto as contas do governo estiverem deficitárias e um teto no crescimento das emendas parlamentares. Para reduzir o impacto político dos cortes de gastos obrigatórios, o governo enviará proposta para elevar a faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil, em troca de uma alíquota efetiva de 10% para quem recebe mais de R$ 50 mil por mês.
As mudanças no IR, informou o governo, terão impacto zero nas contas públicas e antecipam a segunda fase da reforma tributária, que trata da cobrança de Imposto de Renda. Confira as medidas enviadas pelo governo ao Congresso Nacional.