Com a safra 2023/24 com problemas causados pela mosca branca, entidades de Mato Grosso se reuniram nesta quinta-feira (19) para debater possíveis soluções para a praga que também atingiu o feijão no último ano. O encontro foi coordenado pela Associação dos Produtores de Feijão, Pulses, Colheitas Especiais e Irrigantes de Mato Grosso (Aprofir-MT) e o Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (Indea).
Participaram da reunião técnica entidades como o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec), Federação da Agricultura de Mato Grosso (Famato), Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Mato Grosso (Crea-MT) e Univag.
A seca extrema e as diversas ondas de calor enfrentadas em Mato Grosso aumentaram a infestação da mosca branca, além de encurtar o ciclo dos insetos e ampliar a capacidade reprodutiva deles, o que fez crescer a área afetada pela praga.
Uma das possibilidades apresentadas na reunião foi a implantação de um vazio sanitário de 30 dias, para cortar o ciclo da mosca branca. “Já tivemos experiências bem-sucedidas do vazio em Goiás, Minas Gerais e no Distrito Federal, o que reduziu a pulverização para uma ou nenhuma aplicação, com efetividade no controle do vírus. Um mês de vazio sanitário corresponde a uma geração da mosca branca, com um período de solo limpo, sem plantar ou colher o feijão”, recomendou a engenheira agrônoma e pesquisadora da Embrapa Arroz e Feijão, Eliane Quintela.
Para o presidente da Aprofir-MT, Hugo Garcia, todas as possíveis soluções precisam ser bem analisadas para que sejam avaliados os impactos também nas outras culturas, já que no estado o feijão é a segunda ou terceira safra. “Temos recebido uma grande demanda dos produtores que têm uma preocupação sobre o controle dessa praga. O objetivo dessa reunião foi avaliar as soluções que podem ser aplicadas em Mato Grosso. Temos associados que perderam cerca de 20 sacas por hectare por causa da mosca branca, por isso a resolução dessa questão é urgente”, ressalta Hugo.
Os apontamentos levantados na reunião serão encaminhados para a Comissão Estadual de Defesa Sanitária Vegetal de Mato Grosso, que é a instância que pode definir mudanças nas medidas e restrições relativas à cada cultura no estado. Essa Comissão atua em parceria com o Ministério da Agricultura e Pecuária, que leva as discussões para o âmbito nacional.
“Foi feito um diagnóstico pelo setor e os produtores levantaram esse problema. É o começo de uma discussão que é preocupação do Ministério da Agricultura. É importante que estejamos nesses debater para poder decidir como proceder, as determinações que precisam ser feitas, além das legislações que devem ser criadas”, explicou o auditor fiscal federal agropecuário José Silvino Moreira Filho, que representou o Mapa na reunião técnica.
Representante do Indea, o diretor técnico Renan Tomazele acredita que o debate conjunto facilita o processo para solucionar o problema. “A mosca branca surgiu e vem com ciclos dentro do estado. O problema que nós recebemos é que se intensificou na última safra. Essa situação nos preocupa porque o feijão é uma cultura em que Mato Grosso tem se destacado. A intenção é achar uma solução que não prejudique as outras culturas”.
Thalyta Amaral