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Fábrica no RS batizava produtos com soda cáustica, água oxigenada e pelos

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O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) deflagrou nesta quarta-feira (11/12), a Operação Leite Compen$ado 13, prendendo um químico industrial conhecido entre os fraudadores como o “alquimista” ou o “mago do leite”.

Foi identificada a produção de derivados lácteos – leite UHT, composto, leite em pó, soro, entre outros –, em uma indústria no município de Taquara, a 80 quilômetros de Porto Alegre, com adição soda cáustica e outros produtos nocivos à saúde, como água oxigenada. Além disso, foram detectados “pelos indefinidos” e pontos de sujeira dentro de embalagens. A Justiça ainda não autorizou a divulgação das marcas.

Foram presos o químico, o sócio-proprietário da indústria e dois gerentes. A ação ocorre quase 12 anos depois da primeira fase da operação e pouco mais de sete anos após a 12ª etapa. O “alquimista” já havia sido alvo da quinta fase da operação, em 2014, quando foi descoberta a sua participação na adição de soda cáustica, bicarbonato de sódio e água oxigenada nos produtos de uma indústria no município de Imigrante, no Vale do Taquari.

Ele foi absolvido de uma condenação de 2005 por fato semelhante e teve imposta medida cautelar contra ele pela Justiça, além de estar aguardando há dois anos para colocar tornozeleira eletrônica e ainda há mais tempo pelo desfecho do processo judicial da Leite Compen$ado 5.

Em parceria com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Receita Estadual, Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), Ministério Público de São Paulo (MPSP) e a Delegacia do Consumidor da Polícia Civil (Decon), o MPRS comprovou a participação do “alquimista” – que está impedido pela Justiça de trabalhar em laticínios – em uma fábrica na cidade de Taquara.

Com isso, 110 agentes cumpriram quatro mandados de prisão preventiva e 16 de busca e apreensão em empresas e residências nos municípios gaúchos de Taquara, Parobé, Três Coroas, Imbé e também em São Paulo. O laticínio, conforme a apuração, o contratou para assessorar na produção. A ofensiva contou também com o apoio da Brigada Militar.

O promotor de Justiça Mauro Rockenbach, da Promotoria de Justiça Especializada Criminal de Porto Alegre, afirma que, depois de 2017, após a Leite Compen$ado 12, houve apenas duas denúncias sobre a adulteração no leite, mas ambas envolvendo pouca quantidade de adição de água ao produto, o que não rendeu uma nova fase da operação. No entanto, foram sugeridos e fiscalizados pequenos ajustes na cadeia produtiva.

“Mas agora, a situação é outra. Com a denúncia de 2024 se confirmou um novo risco e, para nossa surpresa, lá estava o alquimista – ou mago do leite. Era para ele estar usando tornozeleira eletrônica, era para sair a condenação dele da Leite 5. Mas, enquanto essas questões básicas não ocorrem, o que ele faz? Adultera leite e pior, aprimora seus mecanismos de ação, já que tem a fórmula exata da quantidade de soda cáustica para uma quantidade exata de litros de leite, fazendo com que os ajustes não sejam detectados nos exames”, ressalta Rockenbach.

Já o promotor de Justiça Alcindo Luz Bastos da Silva Filho, da Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor, explica que a soda cáustica é usada para ajustar o PH do leite e diminuir a sua acidez e, ainda por cima, volatiza ou desaparece rapidamente, não sendo detectada nas análises. “Além de aprimorarem as fórmulas para adulteração, também aprimoraram as práticas criminosas. Eles utilizam alguns códigos – ‘vitamina’ e ‘receita’ – para tentar despistar qualquer tentativa de investigação”, afirma.

O promotor destaca que as irregularidades não foram detectadas apenas no leite UHT, mas no leite em pó, em compostos lácteos para fazer bebidas derivadas do produto e no soro de leite. “Por exemplo, sobre o composto lácteo, eles chegam a reprocessar o produto vencido para reutilizá-lo novamente. Já a água oxigenada ou peróxido de hidrogênio, serve para matar micro-organismos e recuperar produto em deterioração. Isso, sem falar da soda cáustica que é cancerígena”, destaca Alcindo Bastos.

Os promotores ressaltam que os produtos da indústria de Taquara são distribuídos não só para todo Rio Grande do Sul, mas para todo o Brasil e até para a Venezuela. Além disso, a fábrica já venceu e participa de várias licitações em muitas partes do país para fornecimento de laticínios. Recentemente, a empresa foi vencedora de um certame para distribuir produtos derivados do leite para escolas de uma cidade paulista.

Em relação às marcas, a Justiça não autorizou, por enquanto, a divulgação. Sobre os lotes, o MPRS informa que, apesar de análises iniciais terem detectado substâncias nocivas à saúde humana e demais sujeiras ou pelos indefinidos, com o aprimoramento da fórmula, são aguardados exames mais detalhados para determinar exatamente os que estão contaminados.

Fonte: Globo Rural

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