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Galvan é suspeito de financiar ato antidemocrático planejado por caminhoneiro conhecido como ‘Zé Trovão’

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Antônio Galvan, da Associação Brasileira dos Produtores de Soja, é acusado de financiar atos contra a democracia planejados para o dia sete de setembro. Conforme despacho do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente da associação é acusado de injetar dinheiro na paralisação encabeçada por Marcos Antônio Pereira Gomes, mais conhecido pelo apelido “Zé Trovão”.

Procuradoria Geral da República (PGR) sustenta que postagens e vídeos publicados nos últimos dias demonstram que Zé Trovão, o cantor Sérgio Reis, Eduardo Oliveira Araújo, Wellington Macedo de Souza, Antônio Galvan, Alexandre Urbano Raitz Petersen, Turíbio Torres, Juliano da Silva Martins, Bruno Henrique Semczeszm e o deputado federal Otoni Moura de Paulo Júnior têm convocado a população, através de redes sociais, a praticar atos criminosos e violentos de protesto às vésperas do feriado de 7 de setembro, durante uma suposta manifestação e greve de “caminhoneiros”.

A divulgação dos atos antidemocráticos começou em julho de 2021, durante a transmissão de uma live denominada “Vamos fechar Brasília”, na qual o caminhoneiro Zé Trovão incitou seguidores, a pretexto de fazer um pronunciamento sobre uma suposta greve dos caminhoneiros, a invadir o STF e o Congresso Nacional e a “partir pra cima” do Presidente e do Relator da CPI da Pandemia de modo a “resolver o problema [do aumento] dos combustíveis no Brasil”.

Segundo a PGR, empolgado com a repercussão de sua transmissão, Zé Trovão, no dia seguinte, postou um vídeo em seu perfil no Instagram, convocando mais um vez “todos os brasileiros, sem exceção” a irem a Brasília “para fazer um grande acampamento” e exigir “a exoneração dos onze ministros do STF” e o “julgamento” pelo Superior Tribunal Militar, por conta dos “crimes que eles cometeram”.

Na ocasião, o caminhoneiro disse ter feito um contato com “o agronegócio”, que irá “apoiar sua causa”, que pretende “levantar empresários” para “custear a viagem” de populares até a capital federal e que tem a pretensão de “salvar o país dessa carniça podre chamada ministros podres do STF”. Afirma que só volta para casa com “tudo resolvido”.

Segundo a PGR, no dia 11/7/2021, também no Instagram, Zé Trovão pediu aos seus seguidores que compartilhassem a mensagem de que a manifestação à qual havia se referido três dias antes ocorreria no dia 7 de setembro e que os organizadores do “evento” chegariam no dia 5 antecedente. O caminhoneiro falou em “fechar o Brasil” e que teria “uma grande equipe” por “todas as rodovias, paralisando os caminhões”.

A mobilização, conforme afirma o Ministério Público, começou a tomar forma em uma reunião realizada no dia 25/7/2021, no hotel no Blue Tree Premium Faria Lima, sob os auspícios do “Movimento Pro Brasil”. A Procuradoria-Geral da República aponta que aproximadamente 20 pessoas participaram do referido encontro, entre as quais o próprio Zé Trovão, Sérgio Reis, Eduardo Oliveira Araújo, Alexandre Urbano Raiz Petersen, Turíbio Torres, Juliano da Silva Martins e Bruno Henrique Semczeszm.

Sérgio Reis também aparece em vídeo divulgado por Wellington Macedo, que se apresenta como “coordenador nacional da Marcha da Família”, cujo perfil no Instagram também convida cidadãos para o ato violento e antidemocrático a ser realizado no dia 7 de setembro. As imagens mostram Sérgio Reis discursando, no dia 13 de agosto 2021, ao lado de Zé Trovão, Eduardo Araújo e Antônio Galvan, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja, para aproximadamente 23 empresários do agronegócio na sede da entidade, em Brasília.

Conforme os autos, entidade denominada Coalização Pro-Civilização tem recebido transferência bancárias com uma chave PIX na qual figura o domínio do site Brasil Livre. “São doações de particulares para financiar a paralisação planejada por Zé Trovão, possivelmente patrocinada por Antonio Galvan e amplamente divulgada por Wellington Macedo e por sua Marcha para a Família”.

Segundo o ministro Alexandre de Moraes, direitos e garantias fundamentais “não podem ser utilizados como um verdadeiro escudo protetivo da prática de atividades ilícitas e criminosas, tampouco como argumento para afastamento ou diminuição da responsabilidade civil ou penal por atos contrários ao direito, sob pena de desrespeito, corrosão e destruição do Estado Democrático de Direito”.

A Polícia Federal cumpriu nesta sexta-feira (20) mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal. Antonio Galvan foi um dos alvos.

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Arthur Santos da Silva/Olhar Direto

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