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Jair Bolsonaro diz que “vírus acabou” até o final do ano

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No momento mais duro da pandemia da Covid-19 no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a minimizar a doença, criticou medidas de isolamento social e disse que até o final do ano “acabou o vírus”.

“Falei para esse ano ter o encontrão lá, não tem esse negócio de vírus, não. Até o final do ano acabou vírus já, com toda certeza”, declarou o presidente a um grupo de apoiadores, na entrada do Palácio da Alvorada.

As falas de Bolsonaro foram transmitidas por um site bolsonarista.

Em 12 de abril de 2020, porém, Bolsonaro já tinha dito que a pandemia parecia estar chegando ao fim, durante videoconferência com líderes religiosos em comemoração à Páscoa. “Parece que está começando a ir embora essa questão do vírus, mas está chegando e batendo forte a questão do desemprego.”

O Brasil registrou, na sexta-feira (5), 1.760 mortes pela Covid-19, completando sete dias seguidos de recordes na média móvel de óbitos pela doença. O novo maior valor da média agora é de 1.423. O recorde anterior era de 1.361. Dessa forma, o país completa 44 dias com média móvel de mortes acima de 1.000.

Além disso, o número de óbitos registrados nesta sexta-feira é o terceiro maior valor diário de toda a pandemia.

O quadro de crise no Brasil se agrava com a falta de vagas em UTIs em diversos estados do país e a circulação de uma nova variante do vírus, considerada por especialistas mais transmissível.

Bolsonaro criticou novamente as medidas de isolamento social que prefeitos e governadores tentam estabelecer no país.

“Se tivesse o PT no comando do Brasil pode ter certeza que estava todo ele fechado”, disse. “Até a desacreditada OMS [Organização Mundial da Saúde] diz que lockdown não funciona, e só serve para quase uma coisa só: transformar os pobres em mais pobres.”

A afirmação do mandatário, porém, é incorreta. A entidade considera que políticas de isolamento social e de redução da circulação de pessoas são eficazes para conter a disseminação do vírus.

Nesta sexta, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que “o Brasil tem que levar a sério” a pandemia, não só em benefício de sua própria população mas porque está prejudicando os países vizinhos.

Ghebreyesus disse que o Brasil precisa adotar “medidas de agressivas de saúde pública e sociais” que contenham a transmissão do coronavírus, ao lado de uma campanha intensiva de vacinação.

O avanço da Covid-19 no Brasil gera preocupação em diversos países do mundo, principalmente pela mutação originada em Manaus e já identificada nos Estados Unidos e Reino Unido.

Com um histórico de críticas e questionamentos às vacinas, Bolsonaro afirmou nesta sexta que o Brasil deve ter disponibilizados 20 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 em março e outros 40 milhões no mês que vem. Também voltou a dizer que o Brasil é um dos países que “mais vacina”.

Na verdade, o país terminou o mês de fevereiro não só atrás dos americanos –que haviam admnistrado 75 milhões, quase nove vezes o nosso total–, como também depois dos chineses (40 milhões), ingleses (21 milhões), indianos (14 milhões) e turcos (8,5 milhões).

Considerando a taxa por habitantes, então, nosso ranking despenca. O país ficou na 47ª posição, com 39,7 doses aplicadas a cada mil habitantes, segundo dados do projeto Our World in Data, ligado à Universidade de Oxford.

O campeão foi Israel, com índice de 935, bem à frente de Emirados Árabes Unidos, Reino Unido e Estados Unidos.

“O que é a vacina, não é o vírus morto? Eu já tive o vírus vivo, então estou imunizado. Deixa o outro tomar a vacina no meu lugar. Lá na frente, lá na frente, depois que todo mundo tomar, se eu resolver tomar –porque no que depender de mim é voluntario, não pode obrigar ninguém a tomar vacina– eu tomarei.”

Novamente, a fala de Bolsonaro vai na contramão do que dizem especialistas.

Especialistas dizem que a proteção conferida pela vacina parece superior à da infecção natural e têm afirmado que um dos perigos das novas variantes do vírus é justamente a possibilidade de reinfecção de pessoas que tiveram Covid, como é o caso do presidente.

Bolsonaro também afirmou mais uma vez que “lamenta as mortes”, mas que é preciso “enfrentar o problema”.

“A gente lamenta as mortes, mas tem que enfrentar o problema. Repito, lamento as mortes, mas tem que enfrentar o problema. Não tem como fugir dele, o vírus esta aí”, declarou.

 

Da Folhapress – Brasília

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