As investigações da Operação Suzerano, deflagrada pela Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor) apontaram que Alessandro do Nascimento, proprietário da empresa de uniforme Tubarão Sports, teria superfaturado ferramentas para os kits agrícolas adquiridos com emendas parlamentares em até 80% do valor de referência.
Conforme as investigações, os utensílios eram comprados na empresa Tupã Comércio e Representações, da qual Alessandro é sócio-oculto, por mais que o dobro do preço de mercado. Alguns itens adquiridos foram carrinho de mão, machado, foice, enxada e pá.
O preço superfaturado de alguns itens passa do dobro. Por exemplo, um machado com cabo, cujo preço de mercado era R$ 69,90, foi vendido a R$ 159. Já um balde de plástico de 10 litros de capacidade com alça foi vendido a R$ 17,57 enquanto o valor de referência era de R$ R$ 49,96. Com o sobrepreço dos 16 produtos listados, o total embolsado no esquema foi de R$ 10,2 milhões. Veja todos os itens no quadro abaixo.
A nova fase operação foi deflagrada nessa segunda-feira (24), em Cuiabá, tendo como principal alvo o ex-secretário de Estado de Agricultura Familiar Luluca Ribeiro (MDB). O suposto esquema de corrupção compreendia a execução de emendas parlamentares, que eram utilizadas para o pagamento de kit agrícolas, com ferramentas e itens relacionados.
O “sócio-laranja” de Alessadro seria Euzenildo Ferreira da Silva, segundo o relatório. Euzenildo não possui bens ou imóveis em seu nome, tendo declarado sua ocupação profissional como “chapeiro”. A ligação de Alessandro com a empresa Tupã Comércio e Representações seria pelo fato dele ser o procurador constituído, tendo amplos e gerais poderes.
A filha de Alessandro, a digital influencer Ana Caroline Sobreira Ormond do Nascimento, também teria sido utilizada como laranja. Segundo a investigação, a jovem de 22 anos teria mais de R$ 5 milhões em bens móveis e imóveis em seu nome, como três veículos e oito imóveis. Alessandro mantinha o poder sobre os bens através de duas procurações datadas de 17 de novembro de 2023 e 18 de março de 2024.
Além de Alessandro, Ana Caroline e Ezenildo, outros seis nomes estão envolvidos. São eles: Leonardo da Silva Ribeiro, Rita de Cássia Pereira do Nascimento, Wilker Weslley Arruda Silva, Yhuri Rayan Arruda de Almeida, Matheus Caique Couto dos Santos e Diego Ribeiro de Souza.
Conforme a decisão da Justiça, todos os envolvidos tiveram que entregar os passaportes e estão proibidos de manter contato entre si, com testemunhas e outros servidores da secretaria, além de não poderem acessar as dependências da Secretaria de Estado de Agricultura Familiar (Seaf). Empresas envolvidas foram proibidas de contratar com o Executivo Estadual.
Fonte: Geovanna Torquato e Jacques Gosch/RD News