Depois de críticas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) usou sua conta no Twitter neste sábado (22.abr.2023) para se desculpar por uma declaração sobre indivíduos com transtornos mentais. Na 3ª feira (18.abr), o petista disse que essas pessoas “têm problema de parafuso” e as relacionou com os casos de violência.
“Quatro anjos foram vítimas de uma pessoa que na minha opinião, a ministra da Saúde está aqui, mas eu sempre ouvi dizer que a Organização Mundial da Saúde sempre afirmou que na humanidade deve ter pelo menos 15% de pessoas com algum problema de deficiência mental. Se esse número é verdadeiro, e você pega o Brasil com 220 milhões de habitantes, você pegar 15% disso, significa que temos quase 30 milhões de pessoas com problema de desequilíbrio, [problema] de parafuso. Isso pode uma hora acontecer uma desgraça. Então nós temos que pensar e analisar, a saúde mental começa dentro da escola”, afirmou o petista em 18 de abril.
“Não devemos relacionar qualquer tipo de violência a pessoas com deficiência ou pessoas que tenham questões de saúde mental. Não vamos mais reproduzir esse estereótipo”, declarou o presidente na retratação publicada neste sábado (22.abr). Também disse que ele e o governo estão abertos ao diálogo.
Concluiu ao dizer que está disposto a aprender: “Como presidente de um país com uma grande parcela da população de PCDs, estou disposto a aprender e fazer o possível para que todos se sintam incluídos e respeitados. É assim que avançamos enquanto pessoas, país e sociedade”
A fala original foi feita durante reunião com integrantes dos Três Poderes para tratar o aumento de casos de violência nas escolas.
Lula se referia ao ataque que matou 4 crianças em uma creche em Blumenau (SC), em 5 de abril. No episódio, um homem, de 25 anos, invadiu o local e matou as crianças. O ataque ocorreu poucos dias depois de um adolescente, de 13 anos, matar a professora a facadas em uma escola estadual de São Paulo.
Como o Poder360 mostrou, o Brasil teve 5 ataques com mortes em escolas nos últimos 7 meses.
Depois da fala, diversas organizações e personalidades ligadas à proteção das pessoas com deficiência fizeram críticas e classificaram a atitude do presidente como “capacitista”.
O apresentador da TV Globo Marcos Mion, que tem um filho com autismo, publicou na 5ª feira (20.abr.2023) um vídeo nas redes sociais em que disse que a fala do petista atinge não só as pessoas PCD’s, mas também famílias e organizações que trabalham pela inclusão. Mion ainda chamou a atenção para a dificuldade de levar informações sobre o tema para a população e o impacto na vida das pessoas com deficiência:
“Sem contar a enorme quantidade de brasileiros que não têm acesso à informação, daí chega o presidente e fala isso. A gente aqui lutando pela aceitação, conscientização, normatização de todas essas condições, noite e dia. Essa pessoa sem informação pode olhar para seu filho com deficiência intelectual e perder as esperanças, porque se o presidente diz que ele tem um parafuso desequilibrado, para que ela vai continuar lutando?”, declarou.
Depois do pedido de desculpas, a Associação Brasileira de Psiquiatria convidou Lula a participar da Campanha contra a psicofobia –neologismo usado para descrever o estigma que pessoas com deficiências e transtornos mentais vivem.
Poder 360