Dono de uma fortuna estimada em R$ 72 bilhões, o empresário Jorge Paulo Lemann voltou a ser considerado o brasileiro mais rico no ranking dos bilionários da revista Forbes, desbancando o cofundador do Facebook, Eduardo Saverin, que acumula R$ 52,8 bilhões.
Essa não é a primeira vez que o magnata aparece no topo da lista da revista Forbes, que incluiu neste ano 290 nomes brasileiros com fortuna bilionária – 26 a menos em relação ao último ranking.
Filho de imigrantes suíços, Lemann é carioca e formado em Economia na Universidade de Harvard, onde chegou a ser suspenso após jogar bombas no campus. Hoje dono de um império no Brasil que inclui grandes marcas do ramo de varejo e alimentação, o empresário também já enfrentou a falência logo no primeiro negócio.
‘REBELDE’ EM HARVARD
Atualmente com 83 anos, Lemann é visto no mercado como um empresário discreto. A visão sobre a sua personalidade não lembra em nada o período de universitário em Harvard. Em entrevista concedida em 2020, o empresário diz que “não tinha um perfil muito acadêmico”.
“Gostava mesmo era de surfar e jogar tênis. Não gostava no início, tinha que estudar muito, era frio”, contou ao canal Constellation, gestora de investimentos da qual é sócio.
O empresário revelou ao canal que chegou a ser suspenso do curso por um tempo em Harvard. Mas não porque gostava do surfe. “Soltei umas bombas lá. Bombas de São João, brasileiras”.
DA FALÊNCIA AO IMPÉRIO
Depois de se formar em Harvard, Lemann se mudou para Suíça, onde trabalhou no Credit Suisse, e depois retornou ao Brasil, nos anos 1970.
No país, ele virou sócio da corretora de valores Invesco, mas a empresa faliu quatro anos depois. Décadas depois, o empresário avalia que escolheu “as pessoas erradas” para o empreendimento e não sabia emprestar dinheiro.
“Todo mundo queria vender coisas e ninguém queria administrar. Ninguém sabia dar crédito. Falimos basicamente porque a empresa emprestou dinheiro muito mal”, disse em 2020.
Em outra entrevista, em 2013, o empresário descreveu falência como “traumática”.
“O fracasso foi um choque e me traumatizou. Eu acredito que era o bom, formado em Harvard. Mas, com 25 ou 26 anos eu estava sem dinheiro. Foi traumático à época”.
A virada na vida de Lemann aconteceu quando o empresário ingressou na corretora Libra, que posteriormente foi adquirida por ele. A empresa mudou para Garantia, que posteriormente, em 1976, virou um banco de mesmo nome. Foi neste empreendimento, aliás, que iniciou a parceria de longa data com Marcel Hermman Telles e Carlos Alberto Sicupira, que também figuram atualmente na lista de bilionários da Forbes, ocupando a terceira e quarta posição, respectivamente.
Os anos 1980 foram os mais representativos em termos de aquisição empresarial para Lemann aumentar seu império.Em 1982, o Grupo Garantia comprou o controle acionário das Lojas Americanas na Bolsa da Valores, o que mantém até hoje.
Dois anos depois, em 1984, adquiriu o da cervejaria Brahma, que mais tarde deu origem à Ambev após a fusão com a Antárctica, em 1999. A companhia hoje é considerada a maior cervejaria da América Latina e teve lucro líquido de R$ 3 bilhões no segundo trimestre de 2022.
Além do ramo de bebidas, Lemann -ao lado de Telles e Sicupira- fundou em 2004 o 3G Capital, fundo de investimentos e dono das marcas Burger King e Heinz no Brasil.
TENTATIVA DE SEQUESTRO FEZ LEMANN MUDAR PARA SUÍÇA
Arrojado nos negócios, Lemann vive uma vida pacata e sem ostentação às margens no Lago Zurique, segundo reportagem da revista Veja. A casa fica em uma área arborizada e isolada da rua por um muro, o que contrasta com o resto do vilarejo que não possui proteção em volta das residências.
A publicação diz que o empresário mudou para a Suíça em 1999 após os três filhos sofrerem uma tentativa de sequestro em São Paulo.
Reportagem da época, da Folha de S.Paulo, detalha que os filhos de Lemann viraram vítima do crime enquanto eram levados à escola, no Morumbi, por volta das 8h. O sequestro teria sido evitado pela habilidade do motorista, que chegou a ser atingido no braço direito por um dos 12 tiros disparados.
Além dos motoristas estavam no carro os filhos Marc (7), Lara (6) e Kim (3). Hoje, os irmãos seguiram o caminho do pai e também viraram investidores.
Folha de São Paulo/ALBINOAN SANTIAGO