Marrocos e Israel assinaram na quarta-feira (24) um acordo-marco de cooperação sobre segurança “sem precedentes”, durante uma histórica visita a Rabat do ministro da Defesa israelense, Benny Gantz, em um contexto de tensões entre o reino alauita e a vizinha Argélia.
Gantz, ex-comandante-chefe do exército israelense, foi recebido de manhã cedo pelo ministro delegado encarregado da administração da Defesa Nacional marroquina, Abdellatif Ludiyi.
Ambos assinaram um protocolo de acordo, que inicia formalmente a cooperação em questões de segurança “sob todos seus aspectos” (planejamento operacional, compras, pesquisa e desenvolvimento etc.) entre os dois países, um ano depois de terem normalizado suas relações, diante de “ameaças e desafios na região”, de acordo com Israel.
“Trata-se de algo muito importante, que também nos permitirá trocar opiniões, concretizar projetos conjuntos e favorecer as exportações israelenses” para Marrocos, destacou Gantz.
Marrocos depositou anteriormente uma oferenda de flores no mausoléu de Mohamed V, local do enterro do pai da independência marroquina, onde também jaz seu filho Hasan II.
“Pedimos sua bênção e olharemos para nosso futuro comum, em um momento em que os vínculos entre nossos povos se aprofundam e nossas nações se unem para oferecer uma abordagem compartilhada da paz”, escreveu o ministro israelense no livro de ouro das visitas.
Antes de partir de Tel Aviv, na terça-feira à noite, destacou que se tratava de “uma viagem importante a Marrocos que tem uma nuance histórica porque se trata da primeira visita formal de um ministro da Defesa (israelense) a esse país”.
Nesta viagem, cuja duração será de 48 horas, Gantz também conversará nesta quarta-feira com o ministro das Relações Exteriores marroquino Naser Burita.
Marrocos e Israel estabeleceram relações diplomáticas no início da década de 1990, mas o primeiro as encerrou no início da Segunda Intifada, levante palestino que ocorreu no final de 2000 e início de 2005.
Hoje aliados em um contexto de tensões regionais, retomaram suas relações em dezembro de 2020 no marco dos “Acordos de Abraão”, processo de normalização das relações entre o estado hebreu e alguns países árabes, intermediado pelo governo do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Naquela oportunidade, Washington reconheceu a “absoluta soberania” de Marrocos sobre o Saara Ocidental, território disputado com os separatistas saharauis do Frente Polisário, que contam com o apoio da Argélia.
Essa visita de Benny Gantz acontece depois que Argel rompeu relações com Rabat em agosto passado, por causa de “atos hostis” do reino alauí, enquanto o Frente Polisário decidia “intensificar” a luta armada contra Marrocos.
Em reunião com seu homólogo marroquino Buurita na segunda-feira em Washington, o chefe da diplomacia americana Antony Blinken reafirmou o grande apoio de seu país ao Marrocos na questão do Saara Ocidental.
AFP