Militares anunciaram nesta segunda-feira (24) a tomada do poder em Burkina Fasso, país da África Ocidental com um longo histórico de instabilidade e golpes de Estado.
Um oficial leu na TV estatal um comunicado assinado pelo tenente coronel Paul-Henri Sandaogo Damiba, anunciando a suspensão da Constituição, a dissolução do governo e o fechamento das fronteiras a partir de meia-noite de terça (25).
Já o presidente de Burkina Fasso, o civil Roch Marc Christian Kaboré, foi preso em um acampamento militar por soldados amotinados que o acusam de fracassar no combate a insurgentes islâmicos.
De acordo com os militares golpistas, um novo grupo chamado Movimento Patriótico para Preservação e Restauração vai restabelecer a “ordem constitucional em um prazo razoável”.
Enquanto isso, países africanos condenaram o levante, e a União Europeia e os Estados Unidos cobraram a imediata libertação de Kaboré. “É uma situação extremamente preocupante”, afirmou o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell.
Já o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, divulgou um comunicado em que diz condenar “fortemente qualquer tentativa de derrubar um governo pelas forças das armas”.
Kaboré estava no poder desde 2015 e havia sido reeleito em 2020, mas enfrentava uma crescente insatisfação popular devido à incapacidade de conter a insurgência islâmica no país.
A guerra contra os jihadistas já custou as vidas de cerca de 2 mil pessoas, segundo a agência AFP, e gerou 1,5 milhão de deslocados internos, aproximadamente 7% da população nacional.
Uma mensagem publicada no perfil de Kaboré no Twitter diz que o país “vive momentos difíceis” e que é preciso proteger “as conquistas democráticas”. “Convido aqueles que pegaram em armas a depô-las no interesse superior da nação. É através do diálogo que vamos resolver nossas contradições”, afirma o texto.
(ANSA)