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Morre Cacique Joaquim Munduruku, Importante Liderança Indígena de Juara e de Mato Grosso

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Joaquim Munduruku

No sábado, dia 24 de agosto, os povos indígenas de Mato Grosso, em especial da região de Juara, sofreram uma grande perda com o falecimento do Cacique Joaquim Crixi, conhecido como “Joaquim Munduruku”. Ele morreu aos 86 anos devido a complicações causadas por um câncer no fígado, deixando um legado de luta e liderança. O cacique deixa sete filhos e mais de 80 netos e bisnetos. Seu sepultamento foi na aldeia Nova Munduruku, onde o Cacique sempre viveu.

A notícia de sua morte foi divulgada por Saulo Augusto de Moraes, pesquisador indigenista, através de suas redes sociais e confirmada ao Porto Notícias por Marcelo Manhuari Munduruku, chefe da Funai na região Noroeste de Mato Grosso.

Em sua homenagem, Saulo Augusto descreveu Joaquim Munduruku como “um homem sábio que nunca temeu a luta na defesa dos povos originários e seus direitos”. Ele relembrou com carinho as visitas à aldeia do cacique, onde eles compartilhavam conversas, tomavam café em homenagem e honra a saudosa Madalena Manhuari, esposa falecida de Joaquim, e fumavam um palheiro.

Uma Vida de Luta e Liderança

Nascido em 15 de agosto de 1938, no rio Cururu, afluente do Tapajós, no estado do Pará, Joaquim Crixi era filho de Solano Kirixi e Maria Lídia Krixi, da aldeia Caroçal. Desde muito jovem, foi conduzido por seus pais à formação religiosa na missão Cururu, onde aprendeu a ler, escrever e teve uma educação voltada ao catolicismo sob a orientação dos franciscanos.

Casou-se com Maria Madalena Manhuari e, ainda jovem, migrou para a região de Juara-MT na década de 1980, via rio Juruena, em busca de novas oportunidades, inicialmente relacionadas à coleta de látex e ao comércio de peles de animais silvestres.

Com o objetivo de demarcar terras indígenas em parceria com o povo Apiaká, Joaquim Munduruku e sua comunidade estabeleceram-se em Juara, ocupando a localidade que viria a ser a Terra Indígena Apiaká/Kayabi, cuja demarcação foi concluída em 1991.

Na década de 1980, sob sua liderança, foi fundada a Aldeia Nova Munduruku. Joaquim foi um dos principais responsáveis pela busca de melhorias para a aldeia, principalmente nos setores de saúde e educação, sendo ele o primeiro professor da comunidade.

Legado e Despedida

Líder indígena morreu aos 86 anos

Apesar de ser um homem de poucas palavras, Joaquim Munduruku era uma presença constante e decisiva nas principais tomadas de decisão da comunidade.

“Uma pessoa de poucas palavras, sempre estava presente nas principais tomada de decisão, e desde a criação da aldeia sempre se manteve no papel de cacique, mesmo com outros membros da comunidade assumindo temporariamente esse papel, mas sempre ele foi a referência de nossa comunidade. Podemos dizer que sua história se confunde com a da comunidade Munduruku, e que agora com sua partida o povo Munduruku de Mato Grosso sente muito essa perda, com sua presença conciliativa, e a mansidão de suas palavras”, relatou a reportagem Marcelo Manhuari Munduruku.

O falecimento do Cacique Joaquim Munduruku marca o fim de uma era de liderança e resiliência para o povo Munduruku, mas seu legado continuará vivo na memória e nas ações daqueles que ele inspirou ao longo de sua vida.

Fonte: Porto Noticias

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