Médicos e as autoridades públicas de todo país têm demonstrado preocupação com a possível chegada da variante B.1617, originada na Índia e que teria capacidade de transmissão maior do que a cepa original do novo coronavírus.
Em Mato Grosso, não é diferente, especialmente, em um momento que se registra crescimento de novos casos e da taxa de ocupação nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) exclusivas para Covid-19.
Na terça-feira (25), o governador Mauro Mendes (DEM) disse que, provavelmente, a variante já circula pelo país.
“Foi um descuido gigante. Nós deveríamos ter isolado as pessoas de origem da Índia para evitar que entrasse no nosso país, o que pode fazer um estrago gigantesco na súde, na vida e na economia deste país”, afirmou Mendes, em entrevista ao programa “Manhã Bandeirantes”, com Jose Luiz Datena”.
“Quando mais o vírus circula, quanto mais as pessoas se contaminam, essa transmissão em alta escala gera essa probabilidade de mutação e de surgirem novas cepas. E algumas, podem vir com efeitos a nível de contaminação e até de letalidade maior que essas que já vivenciamos”, completou.
No país, pelo menos três estados já têm casos suspeitos da cepa indiana: Pará, Ceará e Maranhão.
Como saída dessa crise sanitária, Mendes lembrou que a vacinação da população em massa é o caminho apontado pela ciência.
Por isso, ainda não desistiu de adquirir a vacina russa Sputnik V, que foi vetada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
“Ajudaria muito o Brasil e o nosso Estado. E, a partir do momento em que recebêssemos (a Sputnik), iria liberar doses (do PNI) para outros estados”, disse.
“Eu não desisti. Nós não vamos desistir. Como você diz, tem alguma coisa errada naquela Anvisa. Não é possível que a burocracia é mais importante do que salvar vidas. Acho que a Anvisa tinha que cair para dentro, ao invés de exigir papel aqui, papel acolá, volta lá (na Rússia) e faz a inspeção. Agora, não dá para colocar burocracia em primeiro lugar e deixar milhões de brasileiros sofrendo e morrendo todo dia”, completou.
Segundo Mendes, os lotes do imunizante previstos para o Estado viriam direto da Rússia e atenderiam 1,2 milhão de mato-grossenses.
Ao todo, foram adquiridas 37 milhões de doses pelo Consórcio da Amazônia e do Nordeste.
“Se vai ou ter uma terceira onda, é ruim até falar sobre isso, mas contra dados não há argumentos e o nível de contaminação está crescendo no país inteiro. No nosso Estado, voltou a crescer. A taxa de ocupação das UTIs, que ficou por um tempo acima de 90% e começou a cair nas últimas semanas, atingido algo em torno de 74% e 73%, agora voltou a crescer e está acima de 80% novamente. Mas, é fato que a contaminação está crescendo no nosso Estado e, pelos números divulgados, está crescendo no país. Então, tem algo de diferente voltando a acontecer”, disse o governador.
No Estado, já foram detectadas oito variantes do coronavírus.
O levantamento é resultado da análise de 52 amostras de 23 municípios de diferentes regiões, de casos notificados no IndicaSUS e de pacientes em UTIs.
Do total analisado, 24 pacientes morreram. As análises apontam a existência das variantes B.1.1, B.1.1.28, B.1.1.332, B.1.206, B.6.7, N.9, P.1 e P.2.
As mutações foram detectadas em Aripuanã, Barra do Garças, Cáceres, Campo Novo dos Parecis, Chapada dos Guimarães, Comodoro, Cuiabá, Curvelândia, Feliz Natal, Indiavaí, Jangada, Marcelândia, Nossa Senhora do Livramento, Nobres, Nova Lacerda, Nova Olímpia, Pontes e Lacerda, Poconé, São José Quatro Marcos, Tangará da Serra, Tapurah, Várzea Grande e Vila Bela da Santíssima Trindade.
A Secretaria de Estado de Saúde notificou, até a tarde desta terça-feira (25), 397.614 casos confirmados da Covid-19 em Mato Grosso.
Dentre os dez municípios com maior número de casos estão: Cuiabá (84.210), Rondonópolis (28.751), Várzea Grande (27.744), Sinop (20.263), Sorriso (13.539), Tangará da Serra (13.376), Lucas do Rio Verde (12.209), Primavera do Leste (10.487), Cáceres (8.449) e Alta Floresta (7.596).
Diário de Cuiabá/JOANICE DE DEUS