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Neri não aceita ser “bode expiatório” e nega torcer por queda de Fávaro

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Neri Geller está no centro da polêmica envolvendo a denúncia de fraude no leilão de arroz realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). No cargo desde dezembro do ano passado, foi exonerado após a informação de que Robson Luiz Almeida França, responsável por arrematar nove dos 15 lotes de arroz do leilão ocorrido na semana passada, já atuou como seu assessor parlamentar e é sócio do seu filho, Marcelo Geller.

Além disso, Neri Geller confirma a ligação com Robson, mas afirma que o vínculo é de quatro anos atrás e que não tem como proibi-lo de exercer a corretagem. Além disso, o ex-secretário disse que só agora soube que o seu ex-assessor já havia participado de outros leilões. Ele contesta o fato de só o leilão do arroz ter tomado essa proporção, que segundo ele foi motivado por questões políticas.

“Eu conversei com o Robson na sexta-feira a noite e realmente fiquei chateado porque é muito triste para quem tem um histórico como eu que tenho 30 anos de trabalho. A agricultura e agropecuária brasileira tem uma relação de confiança comigo pelo meu trabalho, tanto quanto líder classista, como secretário de Política Agrícola, como ministro e como deputado federal. Isso não vai ser jogado no lixo. Se lá atrás não teve problema nenhum, nesse edital, [agora] porque ele é politizado eu vou servir para sair como bode expiatório nessa questão? Não vou aceitar de forma nenhuma. Que a Polícia Federal, que a Justiça averigue se tem qualquer irregularidade”, disparou Neri Geller, em entrevista à Band News, nesta quarta-feira (12).

O anúncio da exoneração foi feito por Fávaro no final da manhã dessa terça-feira (11). O ministro afirmou que o próprio Neri Geller havia entregado o cargo e que a motivação seria a sociedade do filho de Neri, Marcelo Geller, com Robson na empresa que concorreu ao leilão. No entanto, a informação que foi contestada pelo demissionário que afirma não ter pedidopara deixar o cargo.

Conversas de bastidores afirmam que o pedido para que Fávaro exonerasse Neri Geller partiu diretamente do presidente da República Lula. O ultimato foi feito em reunião no Palácio do Planalto.

Neri Geller ainda afirma ter sido contrário ao leilão desde o início, exatamente por a questão ter sido politizada e que o certame acabou acontecendo sem seguir as orientações técnicas discutidas em reuniões.

“Sem dúvidas que o leilão foi desorganizado. Primeiro que se politizou muito o assunto por parte da oposição em um momento difícil do Rio Grande do Sul. Faltou organização, faltou orientação. Se você buscar nos anais das nossas reuniões, as posições técnicas não foram seguidas. Ela foi de forma muito açodada para fazer com que o arroz chegasse nas periferias dos grandes centros, o que é louvável, mas não da forma como foi feita […] acho que foi um equívoco esse leilão. Não é posição de agora, é posição desde o início e o setor sabe disso. A Esplanada dos Ministérios sabe disso também”, completou.

Apesar de dizer que não será “bode expiatório”, Neri Geller preferiu não entrar em detalhes sobre quem o teria “prejudicado” e resultado na sua exoneração em decorrência do erro político cometido na condução do leilão e afirma estar tranquilo quanto a elucidação do caso.

“Eu não sei o culpado por esse equívoco que foi cometido. Eu não posso ser penalizado por um erro político que foi cometido na condução desse leilão. Estou muito tranquilo e vamos deixar as coisas aconteceram que no decorrer do desenrolar das coisas a gente vai conversando e deixando as posições muito claras […] saio com a cabeça erguida, com a confiança do setor e a certeza que o presidente Lula vai continuar fazendo um bom trabalho no sentido de viabilizar quem produz. A gente precisa passar dessas crises olhando para a frente”, pontuou.

Sobre a possível pressão da oposição pela queda do ministro Fávaro, Neri Geller disse que não irá defender a saída do ministro, até porque, segundo ele, isso seria antiético. Neste sentido, afirma torcer para que Fávaro tenha um diálogo melhor com a Frente Parlamentar da Agropecuária e com o Congresso Nacional.

“Eu não posso sair atirando no Fávaro. Não vou fazer isso, até pela minha condição de ética e de respeito ao cargo que ele exerce hoje, mas que a relação do Congresso Nacional precisa ser melhorada e no nosso entendimento com certeza a bancada mais forte hoje no Congresso Nacional é a Frente Parlamentar da Agropecuária. Seria antiético da minha parte, eu não faço isso. Não estou torcendo pela queda do ministro. Falo isso com toda a tranquilidade. Estou torcendo para que ele pacifique, que dialogue mais, que converse e não centralize tanto as ações, que confie mais na equipe técnica para que ele possa ter o suporte necessário e gerar essa pasta que é tão importante para o país”, concluiu.

Entenda o caso

O Governo Federal, por meio da Conab, havia adquirido, na semana passada, 263 mil toneladas de arroz importado em um leilão público – o que corresponde a 88% do pedido inicial, que era de 300 mil toneladas. As negociações ocorreram após as enchentes no Rio Grande do Sul, mesmo o Governo tendo anunciado que teria arroz suficiente em estoque, a fim de garantir a regulação do mercado.

O produto foi adquirido por R$ 25, o pacote de 5 kg, e deveria chegar na mesa do consumidor final por R$ 20 (ou seja, R$ 4 por 1 kg).

Acontece que, nesta terça-feira, o Governo voltou atrás e anulou o leilão, sob justificativa de que há indícios de incapacidade técnica e financeira de algumas empresas vencedoras. No entanto, o Governo Federal pretende fazer um novo leilão, agora conduzido pela Conab.

Thaís Fávaro/RD News

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