O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Normando Corral, disse, na segunda-feira (31) que a instituição vê com “certa tranquilidade” a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e que a eleição de novos políticos que formarão o Congresso traz “esperança” ao setor.
Lula foi eleito neste domingo (30) com 50,90% (60,3 milhões de votos). Bolsonaro teve 49,10% (58,2 milhões de votos). Desde que as eleições presidenciais livres foram retomadas, em 1989, essa é a menor diferença tanto em termos percentuais quanto em números absolutos (2,1 milhões de votos a mais para o ganhador). Ao superar a marca de 60 milhões de votos, Lula tornou-se o presidente eleito mais votado da história.
Segundo Corral, a vitória do petista não abala o otimismo da federação com os próximos anos.
“Pessoalmente, vejo a vitória de Lula com uma certa tranquilidade, porque, na eleição do primeiro turno, a resposta do eleitor foi uma resposta à centro-direita, e não radical. Então, tenho muita esperança no novo Congresso e nos novos governadores eleitos. Tem uma leva nova vindo aí. São políticos jovens. Então, sou otimista, mesmo com o resultado das eleições, que não foi aquilo que eu esperava para presidente da República”, afirmou.
Corral destacou que a relação das associações do agronegócio com o governo se dará pelo diálogo, mas com ressalvas.
“Eu tenho receio que algumas coisas possam acontecer e impeçam um bom diálogo. Uma delas, que sempre nos preocupou, é a insegurança jurídica quanto a esses movimentos ditos sociais, mas que não são, como MST [Movimento Sem Terra]. O mercado é soberano sobre o que acontece com a produção da pecuária. Se radicalizar nesse ponto, obviamente vai ter uma radicalização do contrário. Para toda ação, existe uma reação”, contou.
Manifestações
Em relação aos protestos nas rodovias federais e estaduais desde a noite de domingo (30), desencadeada por manifestantes bolsonaristas contrários à vitória de Lula, o presidente da Famato disse que ainda é cedo para avaliar impactos no escoamento de grãos e ressaltou que o mais preocupante é a interrupção no trânsito de pessoas.
“O que estamos vendo em todos os lugares são manifestações espontâneas de desapontamento com o resultado da eleição, mas é natural isso. Uns ganham e ficam felizes, outros perdem e ficam tristes. O problema com manifestações deste tipo é com o radicalismo de ambos os lados, tanto esquerda quanto direita. Proibir o direito de ir e vir das pessoas não se deve fazer”, disse.
G1-MT